A mineira Carolina Arruda Leite, de 28 anos, portadora de neuralgia do trigêmeo, considerada a pior dor do mundo pela medicina, anunciou que vai entrar em coma induzido no próximo mês, em um tratamento paliativo para tentar dar uma pausa no sofrimento provocado pela doença.

Segundo Carolina, sua “única esperança” é a de que o coma induzido faça seu cérebro “reiniciar” e voltar a responder aos remédios - a doença chegou a um estágio tão avançado que nem os medicamentos mais fortes conseguem fazer efeito para controlar a dor.

“Nem os médicos sabem se isso vai acontecer. Nem eles têm certeza se vou conseguir melhorar, pelo menos um pouquinho. Chegar a este ponto é desesperador", explicou Carolina em um vídeo publicado em sua rede social.

A neuralgia do trigêmeo é uma doença raríssima, que atinge menos de 0,4% da população mundial e não tem cura. A condição afeta o nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade da face, e provoca uma sensação de dor constante no rosto. O caso de Carolina é do tipo bilateral, atingindo os dois lados da face.

Desde que os primeiros sintomas da doença surgiram, aos 16 anos de idade, Carolina passou por seis cirurgias no rosto. As intervenções serviram para controlar os efeitos da neuralgia do trigêmeo e dar qualidade de vida, mas a progressão da doença fez com que as dores se tornassem cada vez mais intensas.

Em fevereiro deste ano, Carolina descobriu que também sofre de espondiloartrite axial, ou espondilite anquilosante, doença que afeta principalmente o esqueleto axial, formado pela cabeça, caixa torácica e coluna vertebral. Acredita-se que esta doença autoimune pode ter contribuído para o avanço dos sintomas da neuralgia do trigêmeo.

A esperança agora é pela internação, marcada para dia 13 de agosto, na Santa Casa de Alfenas, no Sul de Minas, próximo a Bambuí, onde Carolina mora. Ela explica que ficará entubada e presa por aparelhos.

O tratamento pode durar até cinco dias. Durante esse período, será a primeira vez que Carolina, inconsciente, ficará sem sentir os efeitos da doença, que, de tão agressiva, provoca dores constantes a todo momento, inclusive enquanto dorme.

"Eu só queria ter um pouco de paz, nem que fosse apagando tudo, por pelo menos alguns dias, só para tentar escapar desse pesadelo que não tem fim", desabafou no vídeo.

Entenda a doença

A condição de Carolina ganhou repercussão nacional quando ela decidiu abrir uma vaquinha on-line com o objetivo de arrecadar valores para realizar morte assistida na Suíça, pois, no Brasil, a eutanásia é proibida.

Em entrevista ao Estado de Minas no começo do ano, Carolina explicou que a decisão foi tomada porque as dores, cada vez mais intensas, haviam tirado sua paz e sua dignidade. A repercussão fez com que médicos recomendassem outros tratamentos que reduziram as dores por um breve momento.

“(A morte assistida) ainda é uma opção para mim. Infelizmente, não queria fazer isso. Ninguém quer tirar a própria vida. Não quero tirar minha vida, quero tirar minha dor, mas, infelizmente, a vida anda junto. Ainda não desisti e acho que vou deixar essa opção em stand-by até ter a certeza de que cheguei no fim do tratamento”, disse Carolina na época.

Questionada por um seguidor sobre o risco de não sair com vida do coma induzido, Carolina explicou que, caso aconteça, será um alívio e que sua família tem se preparado para lidar com um eventual luto.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

“Sei que isso é uma polêmica, complicado discutir, conversar sobre isso, mas às vezes é necessário entender o que a dor causa na mente e no corpo da pessoa. Só eu sei o que ela causa em mim. Só sei o que passei nesses 12 anos de dor física, de dor psicológica, de dor espiritual, de exaustão”, afirmou.

compartilhe