Motoristas que trafegam pela Região Norte de Belo Horizonte tiveram uma novidade: na manhã desta segunda-feira (23/6), foi liberada a segunda alça do viaduto Sargento Roger Dias, na interseção das avenidas Waldomiro Lobo e Cristiano Machado, no Bairro Guarani. Com 400 metros de extensão e duas faixas, a nova estrutura conecta diretamente o Guarani ao Heliópolis, passando sobre a Cristiano Machado, e promete desafogar um dos pontos mais congestionados da região. 

Essa entrega complementa a primeira alça, liberada em novembro de 2024, que possui 253 metros e duas faixas, funcionando no sentido São Bernardo/Guarani. Ambas fazem parte do projeto da Prefeitura de BH (PBH) para desafogar um dos pontos mais congestionados da Região Norte, beneficiando também as regiões Pampulha e Venda Nova.

Segundo o prefeito Álvaro Damião (União Brasil), a obra é essencial para melhorar a mobilidade local, que antes sofria com congestionamentos que se estendiam até o Bairro Planalto nos horários de pico. Com a liberação das duas alças, os semáforos foram eliminados, e os motoristas devem economizar até 20 minutos em seus trajetos diários.

Apesar da liberação da alça, as obras continuam na parte inferior do viaduto, com acabamentos, jardinagem e urbanização, previstos para ser concluídos nos próximos meses. Também seguem os trabalhos na interseção da Cristiano Machado com a Avenida Saramenha e no Bairro Dona Clara, este último mais complexo devido à drenagem de um rio na região.

O que dizem os moradores

Quem vive e trabalha na região sente os impactos na rotina. Alessandra Freitas, síndica do Residencial Waldomiro Lobo e moradora do Guarani há 20 anos, aprovou a nova alça, mas lembrou os transtornos durante a obra: “Passamos por muito trânsito parado, poeira e barulho, porém agora espero que a obra traga melhorias reais”. Ela acredita que ainda são necessárias outras intervenções para resolver de vez os problemas viários.

Tatiane, de 47 anos, moradora do Bairro Jardim Felicidade há quatro décadas, também acompanha de perto as mudanças na região. Cadeirante, ela trabalha no Bairro São Bernardo e enfrenta diariamente os desafios do trânsito. “O trânsito aqui é muito confuso. A gente acredita que, com a inauguração do viaduto, vai desobstruir um pouco a passagem e ficar mais fácil pra nós, trabalhadores e moradores, que precisamos transitar aqui diariamente”, afirma.

Ela conta que, antes da liberação da nova alça, a rotina exigia mais esforço. “Era muito difícil. Eu tinha que sair mais cedo de casa, levantar mais cedo para conseguir chegar no trabalho. No horário de pico, ninguém passava, ficava tudo muito congestionado”, relata. O trajeto de casa até o trabalho, que é curto, chegava a levar quase 40 minutos. “O trecho mais complicado é aqui. Eu entro no serviço às oito da manhã e estava precisando sair de casa às sete pra conseguir chegar a tempo”, explica.

Sérgio Antônio Souza, morador do Bairro Primeiro de Maio, que antes gastava até 30 minutos para um trajeto de cinco minutos devido ao trânsito, acredita que a obra trará melhorias significativas para quem se desloca diariamente: “Sofremos bastante com o trânsito parado, mas agora deve melhorar”.

Alterações no trânsito e no transporte coletivo

Com a nova configuração, o tráfego será distribuído assim:

  • Sentido Guarani/Heliópolis: uso da nova alça com acesso direto sobre a Cristiano Machado.
    Sentido Guarani/Venda Nova: uso da lateral do viaduto com conversão à direita na Cristiano Machado, sentido Venda Nova.
  • Sentido Guarani/Centro: acesso pela nova alça, passagem sobre a Cristiano Machado, continuação pela Waldomiro Lobo e retorno à esquerda para acessar a Cristiano Machado no sentido Centro.
  • O acesso da Cristiano Machado (sentido Centro/bairro) para a Avenida Saramenha foi reaberto, e a Rua Siri voltou a ser mão dupla entre a Rua Cipó e a Avenida Saramenha.
  • As linhas de ônibus 705, 706, 707, 8550, S55 e S70 retornaram ao itinerário original, utilizando o novo viaduto no sentido Heliópolis, o que deve reduzir o tempo de viagem e melhorar o desempenho das linhas.

Durante a liberação, moradores da Vila Suzano, próxima à obra, denunciaram trincas e rachaduras em suas casas, algumas interditadas pela Defesa Civil. O prefeito reconheceu que a obra pode ter causado esses danos, ressaltando que impactos no solo são naturais em intervenções desse porte e que a qualidade das casas também influencia.

A prefeitura está oferecendo assistência social e acompanhamento técnico aos afetados. O prefeito prometeu se reunir pessoalmente com os moradores ainda esta semana para dialogar e buscar soluções.

Outras obras seguem na região

Além do viaduto, seguem as obras na interseção da Cristiano Machado com as avenidas Sebastião de Brito e Saramenha, além do alargamento da ciclovia no sentido Aeroporto e melhorias no entorno, como paisagismo, urbanização e acabamento.

As obras começaram no segundo semestre de 2022, com investimento total de R$ 104,8 milhões, financiados pela Corporação Andina de Fomento e pelo Tesouro Municipal. A previsão é que sejam concluídas até o final de 2025.

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Homenagem ao sargento Roger Dias

O viaduto recebeu o nome oficial de “Sargento Roger Dias”, em homenagem ao policial morto durante uma abordagem em janeiro de 2024.

A homenagem será oficializada para todo o complexo viário após a conclusão das obras. O prefeito destacou a importância da homenagem: “Quem atira contra a polícia atira contra o Estado. Ali não morreu apenas um policial, ali morreu o Estado”.

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