A revitalização do Metrô de Belo Horizonte entra em nova etapa a partir desta sexta-feira (27/6). As obras vão ocorrer entre as estações Santa Efigênia e Horto e vão interferir diretamente na rotina dos usuários.
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“O objetivo dessa atividade é impactar nossos usuários o menos possível, no qual ele vai precisar fazer, no máximo, duas baldeações no sistema. A gente trabalhou com a perspectiva de que aqueles que embarcam em Eldorado e vão até Santa Efigênia não vão sentir o impacto no horário de pico”, declara o gerente de operações da Metrô BH, Frank Ferreira.
Ele explica que a escolha da data também visa diminuir os impactos negativos da intervenção. Segundo o gerente de operações, com as férias escolares em julho, o movimento do mês diminui cerca de 20% em relação aos outros meses do ano.
Ajuste na rotina
Apesar de necessárias, as mudanças nos horários e nos trajetos causam transtorno para quem utiliza o metrô diariamente. Ao ficar sabendo da nova intervenção, o farmacêutico Washington Theodoro das Graças Moraes, de 27 anos, disse que vai buscar outro meio de ir para o trabalho.
Em outras etapas das obras, ele já chegou atrasado no trabalho e pretende fugir dos imprevistos na próxima semana. “As obras atrapalham, principalmente na volta para casa no horário de pico. Já vi gente pegando o metrô no sentido errado no meio das baldeações. É muito transtorno. Vou procurar outro meio para voltar para casa”, disse Washington.
Sonia Francisca de Castro do Carmo contou ao Estado de Minas que nem arrisca pegar o metrô durante as obras: "Fiquei com medo de chegar atrasada ao dentista e peguei um Uber”.
Para aqueles que ainda optam pelo metrô, a estratégia é sair mais cedo de casa para não atrasar. É o caso de Guilherme Oliveira de Miranda, auxiliar de farmácia na Unimed que pega o metrô todos os dias para ir trabalhar
“Um caminho que dura 20 minutos estava demorando 35 a 40 minutos. A gente tem que se preparar para sair mais cedo de casa. Teve um momento que estava bem ruim, o trem chegava a ficar 20 minutos parado em uma única estação, e precisei avisar meu chefe que eu ia atrasar”, conta Miranda.
Mudança na operação
Entre os dias 27 de junho e 7 de julho, nos dias úteis, no horário de pico, o sistema funcionará no esquema de “carrosséis”:
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Trajeto 1: Partida da Estação Vilarinho com baldeação na Estação Horto e intervalo de 15 minutos entre os trens.
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Trajeto 2: Partida da Estação Eldorado com retorno na Estação Santa Efigênia e intervalo de 7,5 minutos.
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Trajeto 3: Partida da Estação Eldorado com retorno na Estação Horto e intervalo de 7,5 minutos.
Segundo divulgado pela Metrô BH, a solução para aqueles que partem da Estação Eldorado e desejam ir além da estação Santa Efigênia é pegar o metrô com destino à Estação Horto e ali fazer a baldeação para seguir viagem.
A escolha da Estação Santa Efigênia como ponto de retorno de um dos trajetos se deu pelo alto volume de passageiros que transitam pelo local diariamente. Depois das estações finais, Vilarinho e Eldorado, ela é a que registra maior movimento.
A Metrô BH recomenda que os passageiros observem o letreiro antes de embarcar. A comunicação será reforçada com avisos sonoros e colaboradores que vão orientar em qual composição os usuários deverão embarcar. Além disso, uma sala de crise será aberta no Centro de Controle Operacional às 5h para acompanhar o fluxo de passageiros e fazer alterações caso seja necessário.
“Vamos ter pessoal em campo, nas estações Eldorado, Vilarinho, Santa Efigênia, Santa Tereza e Horto, para orientar nossos usuários e mitigar qualquer dificuldade que o usuário tenha de embarcar e desembarcar no nosso sistema”, disse Frank Ferreira.
Obras de revitalização
A revitalização da linha 1, que vai da Estação Vilarinho até a Eldorado, deve ser concluída em 2026. As obras, ao longo dos 28 km de extensão da linha, foram divididas em quatro etapas e, segundo a Metrô BH, seguem dentro do prazo previsto.
A atual intervenção faz parte da Fase Três das obras de revitalização da Linha 1. Ela terá duração de dez dias e ocorrerá em três etapas. A primeira é a remoção completa da da brita, dormentes e lastro da via existente e terá duração de três dias.
A segunda etapa é a construção da nova via com instalação dos novos componentes, que leva três dias, e, por fim, a terceira é a calibragem da via para que esteja dentro dos parâmetros de segurança e operação, que demora dois dias.
Para que as obras sejam realizadas no menor prazo possível, as intervenções acontecem durante 24 horas.
Linha 2
Além da revitalização e modernização da Linha 1, a Metrô BH também trabalha na implantação da Linha 2, que unirá a via já existente, na altura do Bairro Nova Suíça, na Região Oeste, até o Barreiro. Ela terá 10,5 km de extensão e incluirá sete estações: Nova Suíça, Amazonas, Nova Gameleira, Nova Cintra, Vista Alegre, Ferrugem e Barreiro.
Para realização da obra, o trajeto previsto passará por um processo de desocupação e demolição de imóveis. Em maio deste ano, foi estabelecido, por meio de acordo, que as famílias impactadas receberão indenização e quatro meses de aluguel social: o valor será creditado diretamente aos beneficiários, que poderão escolher o imóvel em que desejam residir durante o período de transição. Os moradores também receberão valores referentes ao custeio da mudança para local temporário e, posteriormente, o imóvel definitivo.
Além da concessionária e dos moradores, o Ministério Público (MPMG), o Governo de Minas e parlamentares das esferas municipal e estadual participaram das negociações.
As obras de revitalização e ampliação do metrô de Belo Horizonte têm custo total estimado de R$ 3,2 bilhões, sendo R$ 2,8 bilhões financiados pelo governo federal, e os demais, R$ 400 milhões, pelo Estado, por meio das medidas reparatórias pelo rompimento da Barragem de Brumadinho, na Grande BH.