Duplo homicídio qualificado seguido de suicídio. Essa é a conclusão das mortes da idosa Cristina Lúcia Teixeira, de 68 anos, sua filha Daniela Teixeira Antonini, de 42, e a neta Giovana Antonini Vasconcelos, de um ano e sete meses, encontradas em um quarto no apartamento em que viviam, no 13º andar do prédio da Rua Mato Grosso, no Bairro Barro Preto, Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O crime ocorreu em 9 de maio. Também foram encontrado, no mesmo cômodo, quatro cães mortos.
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A investigação foi feita por policiais da Delegacia de Homicídios Centro-Sul, comandada pela delegada Iara França. “Depois de ouvirmos testemunhas, vizinhos e parentes da família do pai da menina, chegamos à conclusão de que tudo foi planejado por Daniela, que tinha problemas mentais, um transtorno bipolar. Ela era acompanhada por um médico”.
Segundo a delegada, Daniela tinha quadro de depressão desde que era pequena e que já havia tentado suicídio uma vez, há alguns anos. “Ela teve, na vida, dois relacionamentos. Um, que foi a sua grande paixão, e o outro, com um amigo desse primeiro, que é o pai da menina Giovana.”
Iara acrescentou que Daniela alternava seu comportamento, mudando, bruscamente, de humor. “Foi ela quem terminou esse relacionamento e o ex-namorado se mudou para os Estados Unidos. Ela se arrependeu de ter terminado, principalmente depois que soube que o ex-namorado, de quem ela realmente gostava, tinha outra mulher”, conta.
Ela nunca quis ser mãe
Outro detalhe, segundo a delegada, é que Daniela nunca quis ser mãe. No entanto, acabou tendo um segundo relacionamento, com um amigo do primeiro. E ela engravidou desse namorado, que sempre sonhou em ser pai.
Depois que a criança nasceu, Daniela acabou se mudando, com o namorado, para Ipatinga. Sua mãe também foi para lá e as três - avó, mãe e filha - praticamente se isolaram.
Um detalhe chamou a atenção durante as investigações. “A Daniela registrou uma ocorrência, junto à PM, de violência doméstica, cometida pelo pai da menina Giovana. No entanto, isso não aconteceu. O que ela queria, na verdade, era se ver livre do relacionamento, pois não conseguia esquecer o primeiro namorado. Era ainda o começo da gravidez”, afirma a policial.
Os cães entram na história em Ipatinga
Em Ipatinga, os cães passam a fazer parte da história, pois Cristina e Daniela decidem retornar a Belo Horizonte e trazem, com elas, os cães.
Alugam o apartamento no Barro Preto, onde aconteceu a tragédia. “Além do mais, Giovana, a filha, tinha uma deficiência. A ligação do esôfago para o estômago. Por isso, precisava de cuidados especiais. Outro detalhe é que Daniela tinha medo do pai conseguir a guarda da menina”, conta a delegada Iara.
Daniela não trabalhava. Sua mãe, Cristina, que tinha uma imobiliária virtual, já não trabalhava, recebia uma aposentadoria. Por isso, segundo a delegada, a vida era difícil. Elas estavam constantemente em dificuldade financeira.
O problema de Giovana gerava um gasto alto, mas o pai, segundo a policial, sempre ajudou, pagando pensão. Parentes dele também ajudavam.
Cristina tinha problemas e precisava tomar remédio para dormir. Segundo a delegada, ela deixou uma carta, onde relata todos os problemas.
Os corpos foram encontrados no dia 9. Vizinhos sentiram um cheiro forte e chamaram o Corpo de Bombeiros. Eles estavam no mesmo cômodo. Os vizinhos contaram que o apartamento estava todo fechado, inclusive as janelas, e um deles relata ter sentido cheiro de gás.
A síndica conta, também, que as três - avô, mãe e crianças - não tinham o costume de receber qualquer pessoa no apartamento.
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Centro de Valorização da Vida (CVV)
A recomendação dos psiquiatras é de que a pessoa que pensa em suicídio busque um serviço médico disponível. O Centro de Valorização da Vida (CVV) dá apoio emocional e preventivo ao suicídio. Voluntários atendem ligações gratuitas 24h por dia no número 188, por chat, via e-mail ou diretamente em um posto de atendimento físico.