O Ministério da Saúde alterou o esquema de vacinação contra a meningite. A partir de 1º de julho, os bebês de 12 meses receberão a vacina meningocócica ACWY como dose de reforço para a meningocócica C. Isso significa que, além do meningococo C, eles ficarão protegidos contra outros três sorotipos da bactéria (A, W e Y), o que previnirá casos de meningite bacteriana e infecção generalizada no sangue, a meningococcemia.

Somente neste ano, o Brasil já registrou um total de 4.406 casos de meningite, sendo 361 causados por meningococos, dos quais 61 resultaram em óbito. Em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Saúde computa 359 casos, mas não discriminou os agentes etiológicos.


O Sistema Único de Saúde (SUS) já oferece a vacina ACWY nas unidades básicas de saúde, mas ela é aplicada apenas em crianças e adolescentes dos 11 aos 14 anos. Já os bebês recebem três doses da vacina meningocócica C. Essa é aplicada em duas doses – aos 3 e 6 meses de idade – com intervalo de 60 dias entre elas; e o reforço é feito aos 12 meses, observando o espaço de tempo do esquema básico. Agora, a dose de reforço será modificada.


Os bebês que receberem as três vacinas da meningo C, não precisam tomar a ACWY imediatamente. Mas, as que foram vacinadas aos 12 meses, podem completar o esquema com a nova vacina, antes de completar 5 anos. O SUS oferece também vacinas contra outros dois agentes infecciosos que podem causar meningite, o pneumococo e o Haemophilus influenzae.


"No Brasil, o sorogrupo que mais preocupa, além do C, é o W. A gente observou aumentos de incidência importantes, principalmente nos estados do Sul do país, recentemente. Então, essa mudança representa uma ampliação da proteção contra sorogrupos que são um risco, principalmente para as crianças", explica a diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Flávia Bravo.

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1.721
Casos de meningite bacteriana, dos quais 361 foram da doença meningocócica

1.584
Casos de meningite viral no país

359
Casos de meningite de todas as etiologias em Minas, dos quais 108 em BH, sengundo a SES-MG

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Sobre as mudanças na estratégia de vacinação, o Ministério da Saúde reforçou a efetividade e o impacto das vacinas no país, com a redução da incidência da doença meningocócica, em pessoas vacinadas e não vacinadas. No entanto, a pasta diz em nota que “a ocorrência das meningites bacterianas ainda é um fator de preocupação, especialmente as causadas pela Neisseria meningidis (meningococo) e pelo Streptococcus pneumoniae (pneumococo)”. Por isso, a alteração busca reforçar o enfrentamento das meningites, conforme as diretrizes propostas pelo Brasil dentro do roteiro global da Organização Mundial da Saúde.

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CASOS EM MINAS E BH

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou que em 2025, até o momento, foram registrados 359 casos de meningite em Minas Gerais. Do total, 108 foram em Belo Horizonte. Já no ano passado, e em 2023, o estado contabilizou 988 e 950 registros, respectivamente. No entanto, a pasta não especificou a quantidade de casos por cada agente etiológico (organismo, substância ou fator que causa uma doença).

Em relação à faixa etária, a maior incidência da doença foi registrada em pessoas de 35 a 49 anos (79 casos), em 2025. Logo atrás aparecem os indivíduos de 50 a 64. Já a menor foi em jovens de 15 a 19 (9 registros). Já a prefeitura de BH disse que, este ano, a capital mineira já teve 96 casos da doença confirmados e 14 mortes. Segundo o órgão municipal, esses dados incluem todos os tipos de meningite.


No país, a maior parte dos registros neste ano são de meningite bacteriana. Foram 1.731 casos, incluindo os 361 da doença meningocócica. A meningite viral vem em seguida, com 1.584 casos.


COBERTURA VACINAL NO ESTADO

Segundo a SES-MG, a cobertura vacinal da meningo C para menores de 12 meses, de janeiro a março deste ano, estava em 86,37%. A meta recomendada, conforme a pasta, é de 95%. A dose para maiores de 1 ano, por sua vez, já atinge a marca de 94,07%. No ano passado, Minas vacinou 92,43% dos bebês menores de 1 ano, e 95,54% da população de maior faixa etária.


Em Belo Horizonte, a cobertura da vacina contra a meningite meningocócica C está em 91% para as crianças de 1 ano de idade, segundo a prefeitura. As vacinas estão disponíveis nos 153 centros de saúde do município, informou a PBH em nota.


TRANSMISSÃO E SINTOMAS

A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Pode ser causada por bactérias, vírus, fungos e parasitas. As meningites virais e bacterianas são as de maior importância para a saúde pública, considerando a magnitude de sua ocorrência e o potencial de produzir surtos, informa o Ministério da Saúde, em seu site. A doença também pode ter origem em processos inflamatórios. A transmissão principal é de pessoa para pessoa, por por gotículas e secreções do nariz e da garganta. Os sintomas incluem febre, dor de cabeça e rigidez de nuca. (Com Agência Brasil) 

*Estagiária sob supervisão da subeditora Rachel Botelho

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