Mudança em vacina contra meningite não afeta BH
Nova orientação do Ministério da Saúde substitui dose de reforço da meningocócica C pela vacina ACWY, mas rotina segue inalterada na capital; entenda
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Siga noA decisão do Ministério da Saúde de modificar o reforço da vacina contra a meningite, anunciada na última sexta-feira (28/6), não traz qualquer mudança prática para a imunização de crianças em Belo Horizonte. Isso porque a capital mineira já utiliza, desde o ano passado, a vacina meningocócica ACWY em todas as etapas do esquema vacinal — inclusive no reforço, que antes era feito com a meningocócica C.
Com a alteração nacional, o governo federal passa a recomendar o uso da ACWY como dose de reforço aos 12 meses de idade, no lugar da meningocócica C, que protege apenas contra um dos sorogrupos da bactéria Neisseria meningitidis, o sorotipo C. A versão ACWY, como o nome indica, amplia a proteção para mais três sorogrupos: A, W e Y. Além de prevenir casos graves de meningite bacteriana, o imunizante também protege contra a meningococcemia, uma infecção generalizada no sangue com alto risco de morte.
Em resposta ao Estado de Minas, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que o esquema completo com a vacina ACWY já é prática rotineira nas unidades de saúde do município. Desde 2024, a rede municipal aplica a ACWY tanto nas duas primeiras doses — administradas aos 3 e 5 meses de idade — quanto no reforço, feito aos 12 meses.
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O imunizante está disponível nos 153 centros de saúde da cidade, cujos endereços podem ser consultados no site da PBH e também no Serviço de Atenção à Saúde do Viajante. Adolescentes entre 11 e 14 anos continuam recebendo a dose da ACWY como parte do esquema previsto pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).
Cobertura vacinal
A cobertura vacinal da meningocócica C em Belo Horizonte está em 91% para crianças de 1 ano de idade, segundo dados atualizados da prefeitura. A capital concentra 30% do total de casos de meningite registrados em Minas neste ano.
Até o momento, foram notificados 359 casos em todo o estado, dos quais 108 ocorreram em BH. A capital também já contabiliza 14 mortes causadas pela meningite neste ano.
Entre os grupos etários mais afetados pela doença em Minas, estão pessoas entre 35 e 49 anos, com 79 casos registrados. Na sequência aparecem os adultos de 50 a 64 anos. Já os adolescentes e jovens entre 15 e 19 anos apresentaram menor incidência, com apenas 9 casos.
O que muda no Brasil
A mudança promovida pelo Ministério da Saúde busca ampliar a proteção das crianças brasileiras contra diferentes variantes da meningite. Até então, o esquema vacinal incluía as duas doses da vacina meningocócica C, incluída em 2010 no calendário infantil do PNI, e um reforço com o mesmo imunizante aos 12 meses. A partir de agora, esse reforço passará a ser feito com a vacina ACWY em todo o território nacional.
Já a aplicação da ACWY em adolescentes continua inalterada. Para os bebês que já receberam três doses da meningocócica C, o ministério esclareceu que não será necessário tomar a ACWY imediatamente. No entanto, aqueles que tomaram a dose de reforço aos 12 meses poderão completar o esquema com a nova vacina até os 5 anos de idade.
Além da meningocócica, o Sistema Único de Saúde (SUS) também oferece vacinas contra outros agentes infecciosos que podem causar meningite, como o pneumococo (Streptococcus pneumoniae) e o Haemophilus influenzae tipo b. A diversificação do esquema vacinal é considerada essencial para ampliar a cobertura contra os principais agentes causadores da doença.
Situação da doença no Brasil
Dados atualizados do Ministério da Saúde mostram que o Brasil já registrou, em 2025, mais de 4,4 mil casos de meningite. Desses, 1.731 foram causados por bactérias — incluindo 361 casos de doença meningocócica. As meningites virais vêm logo atrás, com 1.584 registros. Até o momento, foram contabilizadas 61 mortes provocadas por meningococos no país.
A substituição da dose de reforço foi anunciada como parte da estratégia nacional para intensificar o combate às meningites, especialmente aquelas provocadas pelas bactérias Neisseria meningitidis e Streptococcus pneumoniae. Em nota, o ministério reforçou que a medida segue as diretrizes do roteiro global da Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda a ampliação da proteção vacinal contra sorogrupos mais agressivos da meningite.
A pasta diz que, apesar da redução da incidência da doença entre pessoas vacinadas e não vacinadas, as meningites bacterianas ainda são um fator de preocupação no Brasil, "especialmente as causadas pela Neisseria meningidis (meningococo) e pelo Streptococcus pneumoniae (pneumococo)".
Entenda a meningite
A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Pode ser provocada por diversos agentes infecciosos — bactérias, vírus, fungos e até parasitas — além de processos inflamatórios não infecciosos. Entre as formas mais preocupantes estão a meningite viral e a bacteriana, que possuem maior potencial de surtos e elevada letalidade.
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A transmissão ocorre, em geral, por meio de gotículas e secreções eliminadas pelo nariz e pela garganta de pessoas infectadas. Os principais sintomas da doença incluem febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez na nuca, náuseas, vômitos, sensibilidade à luz e confusão mental. Nos casos mais graves, pode levar à morte em poucas horas ou deixar sequelas permanentes, como surdez e problemas neurológicos.