SECA EM MINAS

Baixa umidade do ar em MG já liga o alerta para temporada de incêndios

Umidade relativa do ar que já é considerada baixa no estado pode piorar nos próximos meses, contribuindo para incêndios florestais e piora na qualidade do ar

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O inverno em Minas Gerais é marcado por chuvas escassas e, consequentemente, diminuição da umidade relativa do ar, que tem sido mais sentida nos últimos dias. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os índices em torno de 30% são comuns para a estação, mas pouco adequados para a saúde humana.

A situação é agravada por incêndios florestais, que produzem fumaça e também são típicos do período. Embora as ocorrências do tipo ainda estejam dentro do padrão, especialistas alertam para os próximos meses, que não devem registrar chuvas significativas para melhorar a qualidade do ar, configurando uma estiagem prolongada.

Segundo o meteorologista Lizandro Gemiacki, o momento atual é o auge da estação seca no estado, com previsão de chuvas consideráveis apenas em meados de setembro. A partir do mês de julho, portanto, tem início a queda dos índices de umidade que se intensifica nos próximos meses, principalmente nas regiões Norte e Jequitinhonha.

“A tendência é que o clima fique muito seco até meados de setembro. Já no mês de agosto, o comportamento climatológico implica no mês mais seco, com índices de umidade relativa críticos, abaixo dos 20% em grande parte do estado”, explica o meteorologista.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a umidade relativa do ar abaixo de 30% já é considerado estado de alerta. A médica pneumologista Michele Anderata explica que a condição climática causa ressecamento da pele e das mucosas, facilitando a ocorrência de alergias e problemas respiratórios, principalmente em crianças, idosos e pessoas com problemas respiratórios preexistentes.

“O índice de 30% não é muito baixo, mas já é um alerta. Quando chega em 20%, ou menos, é muito próximo do clima de deserto”, diz a especialista, que também reforça a importância de redobrar a hidratação e os cuidados com a umidificação de ambientes, além de evitar atividades físicas externas no período de maior exposição ao sol. A diversidade na alimentação é outra aliada da hidratação e da melhora da imunidade. Segundo Andreata, os cuidados são preventivos e evitam a necessidade de atendimento hospitalar  

A médica orienta, no entanto, que o atendimento em unidades de saúde deve ser procurado quando os sintomas de desidratação persistem por mais de três dias. Em idosos, os sinais de alerta são confusão mental, perda de apetite e apatia. Em crianças pequenas, de até 2 anos, os sintomas são irritabilidade, alterações no sono, choro excessivo, febre persistente e diminuição na frequência de micção. 

Queimadas pioram a qualidade do ar

A estação seca e o sistema característico associado a ela, como a área de alta pressão em que Minas Gerais se encontra, favorecem os incêndios florestais que frequentemente ocorrem nessa época. O sistema de alta pressão também favorece a concentração de poluentes na baixa atmosfera provocando uma piora na qualidade do ar.

De acordo com o sargento do Corpo de Bombeiros Militar (CBMMG) Allan Azevedo, a fuligem e a fumaça das queimadas, que possuem poluentes, podem ser agravantes para os problemas respiratórios. O militar orienta que população acione os bombeiros e denuncie os casos de incêndios criminosos, que crescem principalmente entre o final do mês de agosto e início de outubro.

A conscientização e empenho de todos pode contribuir para a permanência da queda no número de ocorrências. Em 2025, o número de incêndios em vegetação registrados em Minas no primeiro semestre reduziu 41,8% se comparado ao período do ano anterior. Até junho deste ano, o Corpo de Bombeiros registrou 5.598 ocorrências, contra 9.611 em 2024. 

Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a diminuição também é notável. Enquanto no primeiro semestre de 2024 foram registrados 2.002 incêndios do tipo, em 2025 foram 1.331 ocorrências. Na capital, a queda foi de 445 para 328. Apesar de 2024 ter sido um ano atípico, com alto número de incêndios, 2025 é o ano de menor incidência desde 2021, segundo balanço do Corpo de Bombeiros. 

“Existem dois principais fatores: o trabalho preventivo do Corpo de Bombeiros Militar e o fato de, no ano passado, essa área verde, ter tido um número muito grande de queimadas. Então a vegetação ainda está crescendo ali”, explica o sargento.

Prevenção

Militares do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais atuam em unidades de conservação e locais com grande concentração de área verde, empenhados em ações preventivas contra os incêndios. O projeto "alerta verde" promove a fiscalização e notificação de proprietários de áreas com vegetação para que façam a manutenção adequada.

A corporação também mapeia locais com histórico de incêndios, além de realizar treinamentos com brigadistas para que haja um trabalho conjunto. Outra estratégia é aumento do efetivo durante os períodos críticos. Nesses casos, militares de áreas administrativas são designados para auxiliar nos combates a incêndios que muitas vezes duram dias.

Para evitar estatísticas como as de 2024, o Corpo de Bombeiros planeja intensificar ações já testadas e que deram bom resultado. Entre elas, a implantação de bases operacionais avançadas em Unidades de Conservação (UCs) durante o período crítico. Segundo a corporação, as cinco instaladas no ano passado viabilizaram redução de cerca de 60% da área queimada em pelo menos seis UCs. O destaque ficou para a base na Área de Proteção Ambiental Estadual Cochá e Gibão, no Norte de Minas, recordista de incêndios nos últimos 11 anos. Segundo o CBMMG, o percentual de queda de registros no último ano foi de 83,5%.

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Este ano, uma nova base será criada na Floresta Estadual do Uaimii, em São Bartolomeu, distrito de Ouro Preto, para atender a região da cidade histórica, além do Santuário do Caraça, em Caeté, da Serra do Gandarela, em Rio Acima, e da Área de Proteção Ambiental Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte (APA Sul RMBH), que é cortada por mananciais de duas grandes bacias hidrográficas, a do Rio São Francisco e a do Rio Doce. A área é responsável pelo abastecimento de aproximadamente 70% da população da capital mineira e 50% dos habitantes da região metropolitana.

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