Paróquia de N.S do Carmo mais antiga de Minas será elevada a santuário
A paróquia de Betim terá missa às 9h da manhã presidida pelo arcebispo dom Walmor. Programação especial comemora a conquista
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Siga noBetim, na Grande BH, se prepara para um marco histórico e de fé nesta quarta-feira (16/7): a Paróquia Nossa Senhora do Carmo será elevada a Santuário Arquidiocesano. Fiéis e peregrinos são esperados para a solenidade, que acontece às 9h, com uma missa especial celebrada pelo arcebispo metropolitano, dom Walmor de Oliveira Azevedo. A data é aguardada com grande expectativa pela comunidade católica, que vê reconhecida a profunda devoção e a rica história que envolve o local, que remonta ao século 18.
Fundada oficialmente em 1851, mas com raízes que remontam a 1750, a Paróquia Nossa Senhora do Carmo é a mais antiga do estado em devoção à padroeira. “Em 1750, quando comunidade da região, na demonstração de fé, solicitou a construção de uma Capela, conhecida como Capela Nova do Betim, ela foi erguida onde hoje é a Praça Milton Campos. Em 1957, se tronou a Igreja Matriz e foi demolida em 1969, quando um monumento foi instalado no local. Mas antes de se tornar a Paróquia Nossa Senhora do Carmo, a comunidade pertencia à Paróquia de Santa Quitéria, em Esmeraldas, na Região Metropolitana da capital. Em 1851, a lei Mineira nº 522 criou a Paróquia de Nossa Senhora do Carmo de Capela Nova de Betim, com a construção da Igreja Matriz entre 1856 e 1867”, conta o pároco, padre Hélio Parreiras de Paula.
A devoção à Virgem do Monte Carmelo, tem sua origem ligada na Ordem Carmelitas no século XII, no Monte Carmelo, na Palestina, onde o grupo de eremitas inspirados no exemplo do profeta Elias, estabeleceram um estilo de vida marcado pela contemplação, austeridade e pobreza.
“Em 16 de julho de 1251, frei Simão Stock rezava a oração à Virgem Maria e ela apareceu para ele e lhe entregou o escapulário dizendo que este símbolo era sinal da proteção para os carmelitas e para quem a partir de então usasse. O escapulário se tornou um sinal de proteção para os devotos. Foi dito assim para ele: O escapulário será para ti um privilégio e quem morrer piedosamente revestido com ele será preservado do fim eterno,” explica o pároco.
A história da paróquia é marcada por desafios, mas sempre sendo superado. “A paróquia veio crescendo com a devoção à Nossa Senhora do Carmo, passando por desafios sociais e econômicos, mas as pessoas sempre foram marcadas pela devoção. A paróquia é uma verdadeira superação de desafios. A igreja antiga foi demolida, mas construiu uma igreja nova e hoje, como reparação histórica, nós temos a ermida Nossa Senhora do Carmo na praça. Então, os desafios que foram sendo os impostos, foram sendo superados”, relata o padre.
Desde 2017, a ideia de transformar a paróquia em santuário foi amadurecendo com o crescimento da peregrinação e das atividades. Era um sonho que aos poucos foi ganhando força com o envolvimento da comunidade e o olhar da arquidiocese.
Em 16 de julho de 2024, o arcebispo metropolitano, dom Walmor ligou para o padre Hélio e avisou que em 2025 a paróquia seria elevada ao santuário. “Desde então começamos uma contagem regressiva e nessa contagem, os fiéis se envolvendo numa expectativa de chegar a esse dia com muita alegria no coração”, relata o pároco.
A transformação em santuário marca uma nova fase. “Esse reconhecimento tem impacto espiritual, social e até econômico. Um santuário atrai peregrinos, movimenta o comércio local e reacende a esperança em tempos difíceis”, afirma o padre. A nova condição também impulsiona o turismo religioso no estado.
Para o padre Hélio, o momento é de bênçãos e de profunda renovação espiritual. “O santuário será um lugar onde a vida espiritual será alimentada. Convido todos a virem, conhecerem, rezarem, se alegrarem com Nossa Senhora do Carmo. Em um mundo tão agitado, o santuário será um refúgio de paz e sentido.”
Impacto para a sociedade
Desde a sua fundação a paróquia não é apenas um local de oração, também se tornou um pilar de acolhimento e serviço à comunidade. O projeto RAC (Resgatar, Acolher e Cuidar) realiza diversos trabalhos e o padre relata que muitas pessoas a saírem da depressão graças aos grupos de convivência.
No projeto Banho de Esperança, voltado para as pessoas em situação de rua, além de tomar banho, eles cortam o cabelo, fazem a barba, ganham uma roupa nova e recebem alimentação. “Esse projeto tem esse nome por causa do ano jubilar que nós estamos vivendo, o Jubileu da Esperança”, conta o padre.
O grupo de 60+ pela pastoral familiar, é realizado todos os meses reunindo os idosos como uma forma de compartilhar e trocar experiências juntos. A paróquia também realiza distribuição de cestas básicas, apoio à famílias em situação de vulnerabilidade e acolhimento espiritual para orientação e confissões.
Símbolo de proteção
A devoção à Nossa Senhora do Carmo é marcada pelo uso do escapulário, símbolo de proteção e entrega. O escapulário é uma peça de vestuário bastante comum na idade média. Tratava-se de duas longas tiras de pano, uma que prendia sobre peito, outra que caía às costas, ligadas por duas largas alças colocadas sobre o ombro. Daí procede o seu nome, escapulário que vem da palavra latim escápula, que quer dizer ombros. "Seria uma espécie de avental a ser vestido sobre a túnica para protegê-la durante o trabalho, para não sujá-la ou estragá-la”, explica o padre.
Nossa Senhora deu o escapulário para São Simão Stock, que simboliza a proteção que exerceria sobre todos os membros da ordem. Os carmelitas também viram no uso do escapulário uma maneira externa de manifestar a razão principal de suas vidas. “Ele representa o serviço, a entrega, o revestir-se das virtudes de Maria”, afirma o padre.
Novos projetos
O espaço do santuário também está sendo ampliado com novos ambientes, como o velário. “No batismo, nós recebemos uma vela e dizemos: ‘Eis a luz de Cristo, ele se torna luz de Cristo no mundo'. Sendo que Cristo é a luz maior e verdadeira. Então, ele é luz na luz que é Jesus", conta o pároco.
Parte do Espaço Irmã Maria Nieves, vai se transformar em um memorial com peças históricas da antiga igreja. "Temos muitas peças antigas, por exemplo, o retábulo da igreja antiga, confessionários antigos e a pia batismal. Algumas peças estão na casa de algumas pessoas, por exemplo, o tacho que fazia as primeiras velas para a Capela do Santíssimo da igreja antiga. Tudo isso será recolhido e será colocado no memorial ao lado da Ermida”, afirma o pároco.
Entre os novos projetos está a criação da “Via das Sete Alegrias de Maria”, um trajeto interativo e meditativo que ligará o santuário à ermida, ao longo de 800 metros na Avenida Governador Valadares. “É um convite à alegria num tempo marcado pela dor. O caminho das sete alegrias vai despertar no coração das pessoas uma busca e uma vivência pela alegria. Porque a nossa vida, ela é mais marcada pela alegria do que pela tristeza”, afirma o padre. A expectativa é que tudo esteja pronto até dezembro.
Além disso, o novo santuário passará a celebrar festas de santos carmelitas, como Santa Terezinha, Santa Teresa d’Ávila e São João da Cruz, fortalecendo a espiritualidade carmelita na cidade.
Celebração do novo Santuário
Para celebrar primeiro santuário católico do município, a paróquia preparou uma programação especial aberta ao público. As comemorações começaram à 5h da manhã com a primeira missa. Outras serão celebradas às 7h, 9h, 12h, 16h e 19h. Em especial, a missa das 9h será presidida pelo arcebispo metropolitano, dom Walmor de Oliveira Azevedo que fará a elevação da paróquia a Santuário. Após a missa de 12h será realizado um almoço festivo.
Às 18 horas os fiéis e peregrinos irão descer da eremida rumo ao santuário, fazendo uma procissão carregando um escapulário de 150 metros.
Durante todo o dia, barraquinhas de comidas, artigos religiosos e artesanatos desenvolvidos pelos projetos sociais vão funcionar no local. Todo valor arrecadado do almoço e das vendas das barraquinhas serão destinados para desenvolver os projetos do santuário.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Humberto Santos