Filho suspeito de matar professora postou homenagem para ela após homicídio
Matteos França, de 32 anos, foi preso pela Polícia Civil de Minas Gerais suspeito de matar a mãe Soraya Tatiana Bonfim França
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Siga no“Hoje meu mundo está mais triste, mais vazio, sufocante. Mas dentro de mim, mãe, você continua viva, na minha voz, nas minhas escolhas, no que eu fui, sou e sempre serei. Tudo o que aprendi de mais bonito veio de você”, escreveu Matteos França, de 32 anos. Ele foi preso pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) suspeito de matar a mãe Soraya Tatiana Bonfim França, de 56.
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O corpo da professora de história foi encontrado debaixo de um viaduto em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, no último domingo (20/7).
Matteos foi preso na casa do pai, mas a PCMG ainda não divulgou detalhes sobre o caso e possível motivação. A causa da morte de Soraya foi esganadura.
O suspeito escreveu um texto no Instagram em homenagem à mãe. “Você foi mais do que apenas mãe. Foi minha amiga, minha parceira, minha maior encorajadora, incentivadora, minha inspiração, meu amor”, escreveu.
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No post, ele continuou: "Mas eu tive o privilégio de ter você todos os dias, aprender sobre a vida com você, viver você. (...) Vai em paz minha baianinha, com meu amor eterno e a certeza de que sua luz nunca vai se apagar. Você fez, é e sempre será uma linda história! Te amo para sempre”.
Entrevista
Na última terça-feira (22/7), em entrevista ao Estado de Minas, Matteos França Campos, de 32 anos, chorou ao contar da relação que tinha com a mãe. Ele chegou a qualificá-la como uma pessoa amorosa e que não tinha desavenças com ninguém. O homem chegou a afirmar que a família não tinha ideia do que pode ter acontecido com a mulher.
Matteos teria sido a última pessoa a vê-la, ainda na noite da última sexta-feira (18/7), quando saía para uma viagem à Serra do Cipó, Distrito de Santana do Riacho, na Região Central do estado. Desde o primeiro momento, pessoas próximas da professora procuraram imagens de segurança que pudessem responder a alguma pergunta sobre onde ela estaria e como saiu de casa.
À Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), durante registro de pessoa desaparecida, na noite de sábado (19/7), Matteos afirmou que chegou a olhar as câmeras do prédio em que Tati morava e não havia sinais de que ela teria saído do prédio, de carro ou a pé. De acordo com ele, as gravações mostraram que, entre a noite de sexta-feira e a manhã de sábado, dois veículos ficaram parados próximo ao portão social. No entanto, conforme relato do filho, não foi possível identificar a placa e se alguma pessoa entrou ou saiu dos carros.
“Estamos esperando alguma resposta. Não consigo expressar o que estamos sentido de outro jeito que não seja perdidos e devastados. Queremos respostas e conseguir que ela descanse em paz”, disse o filho, à reportagem.
Vazio
Soraya Tatiana era vista por pais e alunos como uma mulher destemida, forte e guerreira, embora sensível e bondosa na mesma intensidade. Desde seu desaparecimento, nas redes sociais do colégio em que trabalhava, alguns estudantes a compararam com nomes de mulheres históricas como: Joana D’arc, Marie Curie, Anita Garibaldi e Clarice Lispector. O carinho e apoio de quem convivia diariamente com Tati emocionou sua família.
Na manhã de terça-feira, Nilton França, pai de Soraya, classificou a mulher como “amor em pessoa”. Ele creditou as homenagens como obra da filha, que, para ele, era uma pessoa especial. “Eu sabia que ela era boa, uma pessoa especial, mas não sabia o alcance do trabalho dela em tantos anos cuidando de tantas gerações de pessoas boas.”
Emeline Mate trabalhou com Soraya e via na colega uma referência profissional. A também professora de história conta que a amiga era uma educadora nata e uma pessoa “extremamente doce”. Para ela, o crime se trata de feminicídio. “Está doendo muito. É incompreensível e revoltante. Ela morreu por ter nascido mulher, não importa a circunstância. É isso que está engasgado e é muito pesado para a gente.”
O desaparecimento de Soraya foi evidenciado pelo próprio colégio onde ela trabalhava. Na manhã de domingo, antes de seu corpo ser encontrado, a instituição de ensino publicou a informação em uma rede social, pedindo para que quem tivesse informações sobre seu paradeiro procurasse a polícia. No mesmo dia, algumas horas depois, o Colégio Santa Marcelina comunicou a comunidade acadêmica sobre a morte da funcionária e lamentou a situação.
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Durante o velório, a irmã Roseli Hart, diretora da escola, afirmou que a instituição está estudando como vão tratar a ocorrência com os alunos na volta às aulas. "Soraya foi uma pessoa muito honrada por Deus nesse mundo, uma pessoa que só fez o bem. Com certeza cremos que ela está recebendo o prêmio pela semente boa que ela plantou e que nós, enquanto humanos, vamos fazer tudo que pudermos, no sentido da justiça."
*Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata