CRIME

Confira o que se sabe sobre o assassinato de professora em BH

Matteos França, de 32 anos, alega que surto o levou a enforcar a mãe durante discussão motivada por descontrole financeiro devido a empréstimos e gastos com apo

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Depois de cinco dias de comoção acerca da morte da professora Soraya Tatiana Bonfim França, de 56 anos, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) esclareceu parte do crime. Durante o início da tarde de ontem, Matteos França Campos, de 32, filho da vítima, foi preso temporariamente como suspeito de matá-la. Aos policiais, ele confessou o crime e afirmou que enforcou a mãe durante uma discussão na sexta-feira da semana passada (18/7).


O corpo de Soraya foi encontrado coberto por lençol sob um viaduto no Bairro Conjunto Caieiras, em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), na manhã de domingo (20/7). Ela estava seminua, apenas com a parte de cima da roupa.


Após a prisão, em depoimento à delegada Ana Paula Rodrigues de Oliveira, do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Matteos relatou que estava em colapso financeiro devido a diversos empréstimos e gastos com apostas online. Segundo a responsável pelas investigações, ele teria afirmado que a mãe estava “cansada” do descontrole econômico do filho, que atuava como assessor de comunicação na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (Sedese). Após a prisão, a pasta informou que ele foi exonerado do cargo.


“Essa prisão temporária é indispensável para a conclusão do inquérito policial. Ao final, poderão ser esclarecidas as circunstâncias desse crime de feminicídio”, disse a delegada.


O suspeito relatou que na sexta-feira da semana passada, os dois teriam começado a conversar sobre as dívidas e, em determinado momento, o diálogo evoluiu para discussão acalorada. Na sequência, ele teria surtado e enforcado a mãe. Apesar disso, o delegado Álvaro Homero Huertas dos Santos, também do DHPP, informou que durante oitivas com moradores do prédio em que a vítima e o suspeito moravam, ninguém relatou ter ouvido barulho vindo do apartamento.


Ainda segundo sua confissão, o homem relatou que decidiu levar o corpo de Soraya até o viaduto no Bairro Conjunto Caieiras, na Grande BH. Ele explicou que usou o carro da família para fazer o trajeto até o local de desova e voltar para casa, no Bairro Santa Amélia, na Região da Pampulha, onde pegou uma mala e viajou até a Serra do Cipó com um grupo de amigos.


“Até este momento não tem nenhuma outra pessoa envolvida no crime. Ele agiu sozinho e afirma que estava atordoado com tudo isso, participava de apostas na internet. Ele alega que teve um surto”, afirmou Ana Paula.


O advogado de Matteos, Gabriel Arruda, afirmou que a defesa ainda não teve acesso ao inquérito e ao seu depoimento. Por isso, irá se manifestar após tomar ciência dos fatos. “Tivemos uma conversa muito breve com ele, coisa de um minuto. Mas estamos aqui para resguardar todos os direitos dele”, disse.


O pai do suspeito, e ex-marido da vítima, esteve no DHPP na tarde de ontem. Porém, não quis falar com a imprensa.


Suposto sequestro

No dia seguinte ao homicídio, Matteos ligou para uma tia e passou a “vender” a história do desaparecimento de Soraya. Antes de ser detido, o homem procurou a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) para registrar uma ocorrência de pessoa desaparecida. Na ocasião, o suspeito afirmou que ficou preocupado ao tentar entrar em contato com a mãe por telefone e mensagens, mas não obter resposta.


Ainda segundo o registro de ocorrência, Matteos afirmou que chegou a olhar as câmeras do prédio em que morava com a mãe e não havia sinais de que ela teria saído do prédio, de carro ou a pé. Questionado, o delegado Adriano Ricardo Mattos, do DHPP, informou que as imagens não foram adulteradas, no entanto, filmagens de outros equipamentos de segurança apreendidos pela investigação podem ajudar a elucidar a sequência dos fatos.


Quando o corpo de Soraya foi encontrado, havia sinais semelhantes à de queimadura e sangue nas partes internas de suas coxas. Em um primeiro momento, houve a suspeita que ela teria sido abusada sexualmente, no entanto os investigadores não acreditam na hipótese. Mesmo assim, os policiais aguardam o resultado de laudos da necropsia para determinar a causa da morte e se houve violência sexual.


Homenagem

Na terça-feira (22/7), durante a tarde, após o enterro de Soraya, em entrevista ao Estado de Minas, Matteos, chorou ao contar da relação que tinha com a mãe. Ele chegou a dizer que ela era uma pessoa amorosa e que não tinha desavenças com ninguém. O suspeito chegou a afirmar que a família procurava apenas por “resposta” para que ela pudesse “descansar em paz”. “Não consigo expressar o que estamos sentido de outro jeito que não seja perdidos e devastados”, disse o filho, à reportagem.


Pelas redes sociais, o homem publicou um texto em homenagem à Soraya. Na dedicatória, afirmou que seu mundo estaria mais “triste”, “vazio” e “sufocante”. Em seguida, ele escreveu que a vítima era mais do que sua mãe, e sim sua “amiga”, “parceira” e “maior encorajadora”. “Dentro de mim, mãe, você continua viva, na minha voz, nas minhas escolhas, no que eu fui, sou e sempre serei (...) Você fez, é e sempre será uma linda história! Te amo para sempre.”


Em entrevista concedida após a missa de sétimo dia da professora, realizada na noite de ontem, após a prisão de Matteos, Caroline Dayrell, que atua como coordenadora no Colégio Santa Marcelina e foi colega e amiga de Soraya Tatiana, afirmou que a família não aparentava ter problemas financeiros. Caroline afirmou ainda que a professora também não relatava problemas familiares e ponderou que a resolução do crime não ameniza a dor da perda da educadora, apesar de trazer respostas.

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“O que a gente ouvia dela era de um amor incondicional pelo Matteos: ela era alucinada por ele. A vida dela era o Matteos, era um pelo outro há muitos anos”, contou. 

*Estagiárias sob supervisão do subeditor Paulo Galvão

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