MG tem cidade entre as mais perigosas do país, aponta Anuário de Segurança
Minas Gerais aparece na lista com Teófilo Otoni, que ocupa a 16ª posição, com 58,2 mortes por 100 mil habitantes
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Siga noUm novo levantamento do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), revela quais são as 20 cidades mais perigosas do Brasil em 2024, com base nas maiores taxas de Mortes Violentas Intencionais (MVI) por 100 mil habitantes. Minas Gerais aparece na lista com Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, que ocupa a 16ª posição, com 58,2 mortes por 100 mil habitantes.
O estudo, publicado no último dia 24/7, considerou apenas municípios com mais de 100 mil moradores e escancara a crescente crise de violência, especialmente na Região Nordeste.
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Nordeste domina o topo do ranking
As dez cidades mais perigosas do Brasil estão todas localizadas no Nordeste. Bahia, Ceará e Pernambuco concentram os municípios com os maiores índices de homicídios, com destaque para a Bahia, que aparece cinco vezes no top 10.
A cidade mais violenta, segundo o anuário, em 2024 é Maranguape (CE), com 79,9 mortes por 100 mil habitantes, número que representa um aumento de 11,5% em relação a 2023. A cidade vive sob a tensão constante dos confrontos entre as facções Comando Vermelho (CV) e Guardiões do Estado (GDE).
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Em segundo lugar está Jequié (BA), com taxa de 77,6. Mesmo apresentando leve redução no número de mortes (-2,2%), a cidade preocupa pela alta letalidade policial: 34% dos homicídios registrados em 2024 foram causados por ações das polícias Militar e Civil.
Veja o ranking das 20 cidades mais perigosas do país:
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Maranguape (CE) – 79,9
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Jequié (BA) – 77,6
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Juazeiro (BA) – 76,2
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Camaçari (BA) – 74,8
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Cabo de Santo Agostinho (PE) – 73,3
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São Lourenço da Mata (PE) – 73,0
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Simões Filho (BA) – 71,4
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Caucaia (CE) – 68,7
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Maracanaú (CE) – 68,5
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Feira de Santana (BA) – 65,2
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Itapipoca (CE) – 63,8
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Sobral (CE) – 63,8
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Sorriso (MT) – 59,7
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Porto Seguro (BA) – 59,7
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Marituba (PA) – 58,8
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Teófilo Otoni (MG) – 58,2
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Santo Antônio de Jesus (BA) – 57,7
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Santana (AP) – 54,1
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Ilhéus (BA) – 54,0
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Salvador (BA) – 52,0
Essas cidades enfrentam forte atuação de organizações criminosas rivais, que transformam ruas e bairros em zonas de guerra pelo controle do tráfico de drogas.
Perfil das vítimas: jovens, negros e periféricos
O anuário reforça um padrão alarmante: a maior parte das vítimas são jovens negros moradores da periferia. No cenário nacional, 91,1% das vítimas de MVI em 2024 eram homens, 79% eram negros e quase metade (48,5%) tinha até 29 anos.
As estatísticas mostram que a violência no Brasil tem cor, idade, classe e território bem definidos.
Além das altas taxas de homicídio, algumas cidades apresentam índices significativos de letalidade policial. É o caso de Jequié (34%), Simões Filho (26%) e Juazeiro (22%), todas na Bahia. Em contraste, cidades como Maranguape (CE) e São Lourenço da Mata (PE) registraram índices abaixo de 3%.
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A Bahia, sozinha, aparece com sete cidades no ranking — mais do que qualquer outro estado —, consolidando-se como o estado com maior concentração de municípios violentos em 2024.
Nota
Em nota, o Governo de Minas informou que a taxa de 58,2 mortes violentas em Teófilo Otoni foi influenciada por 39 mortes decorrentes de um grande acidente rodoviário. Excluindo esse caso, a taxa real, segundo o governo, é cerca de 29,84 mortes por 100 mil habitantes, o que não justificaria a inclusão da cidade entre as mais violentas. Confira na íntegra:
O índice de 58,2 mortes violentas por 100 mil habitantes no município de Teófilo Otoni, em 2024, divulgado à imprensa pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, não reflete com precisão a dinâmica da criminalidade urbana do município. Esse número foi impactado diretamente pela inclusão das 39 vítimas fatais do acidente rodoviário, ocorrido em 21 de dezembro de 2024, na rodovia BR 116. O registro das vítimas foi enquadrado dentro de Homicídio Doloso – crime que faz parte do rol de Mortes Violentas Intencionais (MVI).
Considerando exclusivamente os registros de MVI ocorridas no contexto urbano do município ao longo de 2024, foram contabilizados 41 casos. Com base na população estimada de 137.418 habitantes, a taxa real é de aproximadamente 29,84 mortes por 100 mil habitantes – muito distante de um possível ranking dos 20 municípios mais violentos.
A diferença entre essa taxa e a apontada no ranking nacional (58,2) evidencia a importância de contextualizar os dados para que eles representem, de fato, a realidade da segurança pública local. A utilização de um evento isolado e de grande proporção, como o mencionado acidente, em um cálculo que deveria refletir a violência cotidiana, pode causar interpretações equivocadas, além de comprometer a percepção social sobre a efetividade das ações de segurança que vêm sendo implementadas no município.
O Governo de Minas reafirma seu compromisso com a transparência dos dados, com o enfrentamento qualificado à criminalidade e com o respeito à vida.