Mineira de nascimento e com uma trajetória repleta de reviravoltas, Juliana Sanches encontrou no crochê, mais especificamente no amigurumi - nome de origem japonesa, resultado da combinação de duas palavras: "ami", que significa "crochê", e "nuigurumi", que se refere a um bicho de pelúcia - a chave para transformar sua vida e sua realidade financeira. Natural do município de Rio Paranaíba, no Triângulo Mineiro, a artesã já faturou mais de R$ 5 milhões e é referência no mercado, não apenas por sua habilidade, como por sua missão de ajudar outras mulheres a conquistarem independência financeira por meio da arte.
A jornada de Juliana começou em um momento de crise pessoal e profissional, que parecia não ter saída. Mãe de um filho pequeno, que na época tinha apenas 2 anos, e em processo de transição de carreira, ela estava deprimida e sem uma direção clara. A depressão a deixou paralisada por um tempo, mas também a empurrou para uma descoberta inesperada.
Virada de chave: da crise ao empreendedorismo
A virada de chave aconteceu em 2018, quando, em meio ao turbilhão emocional e à falta de dinheiro, viu uma oportunidade nas redes sociais. Buscando algo terapêutico para sua mente, e ao mesmo tempo acessível financeiramente, ela se deparou com o universo dos amigurumis. Decidiu então fazer um presente de aniversário para seu filho autista: uma raposa de crochê.
"Quando meu filho ia fazer 2 anos, eu estava sem trabalho e ficava basicamente por conta da casa. Nesse tempo, busquei algo que pudesse fazer com as mãos, pensando em algo que poderia criar para presenteá-lo em um momento em que eu não tinha tanto dinheiro", relembra Juliana.
Com um investimento de apenas R$ 20 em material, fez a raposa e decidiu vender o primeiro boneco em um grupo de desapego no Facebook. Para sua surpresa, o bichinho foi vendido por R$ 100. Foi ali que surgiu o estalo de que o artesanato poderia se transformar em uma fonte de renda. "Ali, percebi que o amigurumi poderia ser algo lucrativo. Gastei apenas R$ 20 e vendi por R$ 100. Isso me deu uma perspectiva completamente nova", conta.
Nos dois anos seguintes, ela começou a faturar R$ 3 mil mensais. Mas isso era apenas o começo. A empreendedora não parou por aí e apostou suas fichas nas redes sociais. As vendas aumentaram, e, mais do que isso, as seguidoras começaram a pedir dicas e até cursos para aprender a fazer suas próprias criações.
A jornada de Juliana começou em um momento de crise pessoal e profissional, que parecia não ter saída
"O que mais gosto no amigurumi são as possibilidades. É uma arte quase ilimitada: você pode fazer personalizações, personagens, famosos, carrinhos, objetos etc (...) E além dessa versatilidade, o amigurumi me traz a liberdade de trabalhar em qualquer lugar, me fazendo conciliar a profissão com a maternidade: eu posso produzir em casa, em um hospital, em um parque, etc", descreve.
Ensino e crescimento: multiplicando o sucesso
Foi então que Juliana percebeu que poderia ensinar outras mulheres a seguir o mesmo caminho. Em 2021, ela lançou seu primeiro curso online. O resultado foi impressionante: em menos de uma semana, faturou R$ 160 mil. "Meu maior medo era não conseguir levar as pessoas ao mesmo resultado que eu, mas percebi que elas conseguiram faturar uma renda muito positiva logo no primeiro mês", confessa.
Com isso, Juliana se tornou um dos maiores nomes do nicho, alcançando mais de 8 mil alunos. Para 2025, a meta dela é ainda mais audaciosa: ultrapassar a marca de R$ 10 milhões de faturamento.
A transição de uma artesã apaixonada por amigurumis para uma empresária de sucesso foi construída com uma dose de coragem, estratégia e, claro, dedicação. Hoje, além de vender seus próprios produtos, gera uma grande rede de ensino e apoio a outras mulheres que buscam transformar o artesanato em sua principal fonte de renda.
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Apesar do sucesso, ela confessa que nem sempre foi vista com bons olhos. "Sempre que falo que trabalho com artesanato, as pessoas têm aquela cara de pena. Elas não imaginam que os lucros podem ser tão altos", conta.
"Já meu filho achou o máximo: ele pensou que eu tinha o poder de criar todos os brinquedos do mundo. Assim como meu marido, que sempre me apoiou bastante, porque ele viu que isso poderia me trazer uma certa liberdade financeira e me faria bem emocionalmente", explica.
Hoje, a artista é uma mulher realizada e orgulhosa de sua jornada: "Faça o que precisa ser feito, mesmo sem acreditar que você pode. Se esperar acreditar em si mesma, talvez nunca consiga dar o primeiro passo".
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O futuro do negócio
Para o futuro, Juliana tem grandes planos. "Há muito mais a ser explorado no mercado de amigurumis. Eu ainda não vejo necessidade de expandir para outros tipos de artesanato, mas a criação de novos cursos e conteúdos para as minhas alunas é uma meta constante", explica.
Ela também pensa em aumentar a gama de materiais didáticos e projetos para seus alunos. A missão agora é capacitar ainda mais mulheres, ajudando-as a alcançar a liberdade financeira e emocional através do artesanato, assim como ela fez.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata