Empreendedores do setor turístico e lideranças políticas do Norte de Minas comemoram a conquista do título de Patrimônio Natural Mundial ao conjunto de sítios arqueológicos do Vale do Peruaçu, situado na mesma região, entre os municípios de Januária (MG), Itacarambi (MG) e São João das Missões. A expectativa é que o selo internacional transforme a região do acervo de sítios arqueológicos, cavernas, grutas e pinturas rupestres com geração de emprego e renda, a partir do aguardado incremento das visitas de turistas do Brasil e do mundo.
Para Leônidas Oliveira, secretário de Cultura e Turismo de Minas, em outros lugares onde o título foi recebido houve um incremento de 100% do turismo. No caso do Vale do Peruaçu, por se tratar de passeios especializados e ser focado nas riquezas naturais, o governo estadual espera que haja um aumento “ainda maior” na demanda turística internacional.
“Acredito que o título concedido pela Unesco é um divisor histórico para a região, que passa a ter visibilidade mundial. Turistas do mundo inteiro vão querer conhecer o Peruaçu. Isso fomentará a melhor de todas as indústrias: a do turismo. Além disso, investimentos privados e governamentais acontecerão rapidamente, o que gerará empregos e melhorias na qualidade de vida da população”, afirma Leonardo Giunco, integrante do Conselho Consultivo do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu.
Ele também acredita que um novo olhar ambiental será implementado na região. “Haverá uma cobrança muito grande por parte da Unesco, uma vez que o Brasil, ao conquistar a candidatura, assume obrigações de conservação”.
A mesma opinião é compartilhada por Cláudia Seixas, ex-presidente do Circuito Turístico Velho Chico. “Ambientalmente, o reconhecimento pela Unesco fortalece a preservação da biodiversidade, dos sítios arqueológicos e do bioma local. No turismo, aumenta a visibilidade internacional, atrai mais visitantes e incentiva o turismo sustentável”, frisa Cláudia, ex-secretária municipal de Turismo de Itacarambi.
Leonardo Giunco e Cláudia Seixas, juntamente com outros ambientalistas, secretários municipais de Turismo, integrantes dos circuitos turísticos do Norte de Minas e lideranças participaram de evento sobre as potencialidades do Vale do Peruaçu para atração de visitante, sábado (12/07), em espaço no estande do Sebrae Minas na 51ª Exposição Agropecuária Regional de Montes Claros (Expomontes), no Parque de Exposições da cidade-polo do Norte do estado. O encontro contou com a participação da subsecretária Estadual de Turismo, Patrícia Moreira.
“O reconhecimento do Vale do Peruaçu como Patrimônio Natural Mundial pela Unesco coloca nossa região em destaque no cenário internacional e valoriza tudo aquilo que temos de mais precioso: nossa natureza exuberante, nossa história milenar e nosso povo acolhedor”, disse o prefeito de Januária, Maurício Almeida (Podemos).
Mudança de paradigma
Dona de um receptivo turístico em Januária, a empresária Solange Aparecida Mota acredita que, ao incrementar o turismo e dinamizar a economia, a titulação internacional vai provocar uma mudança no perfil da região do Norte de Minas, que sempre sofreu com a seca e a carência.
“A partir do selo da Unesco, muda-se completamente o cenário da nossa região. Nós saímos do estado de miséria, de como nós sempre fomos vistos, de pobreza, de seca, de onde tudo é muito difícil, de onde as pessoas têm que ir embora para buscar uma melhor qualidade de vida. A gente passa para uma condição de ofertar novos rumos, novas possibilidades que se abrirão para toda uma região”, disse Solange.
Proprietária de uma pousada a dois quilômetros da entrada do Parque do Peruaçu, no município de Itacarambi, a empresária Kescia Madureira também espera novos ventos favoráveis com a certificação da Unesco ao patrimônio natural.
“Eu espero o desenvolvimento chegando, de fato, na nossa região. O Norte de Minas sempre foi uma região que não se via falar em turismo, vinham algumas visitas esporádicas. Mas, agora, (o turismo) é muito forte”, disse Kescia.
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“Com o reconhecimento do Cânion do Peruaçu pela Unesco vai ter maior visibilidade e conservação do patrimônio espeleológico e arqueológico da área e a geração de renda com turismo de base comunitária e espeleoturismo, que já acontece no Parque cavernas do Peruaçu”, afirma Adailton José de Oliveira, que mora na região e atua como condutor na área de sítios arqueológicos.
A secretária estadual de Meio Ambiente, Marília Melo, também prevê que o reconhecimento irá provocar melhorias na região. “Nós já temos a nossa equipe do IEF (Instituto Estadual de Florestas), equipe do Ibama (Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) e toda a estrutura de recepcionar os turistas, mas a gente espera que isso traga uma nova onda de desenvolvimento como preservação”, declarou Marília. (Com Clara Mariz).