Durante visita técnica realizada nas obras da Estação Nova Suíça, na região Oeste de Belo Horizonte, na manhã desta terça-feira (15/07), foi anunciado pelo Metrô BH que a Linha 2 do metrô entrará em operação parcialmente em 2026. A previsão é que as estações Nova Suíça e Amazonas sejam abertas em julho do ano que vem.
“Entendemos que este é um movimento muito importante para mostrar para a população que a Linha 2 vai acontecer. As outras estações tem previsão de terminar sua construção em 2027 e entrar em operação, já com os novos trens, em 2028”, afirmou o presidente do Metrô BH, Cláudio Andrade.
De acordo com o Metrô BH, a Linha 1 (Eldorado-Vilarinho) vai se integrar à Linha 2 na estação Nova Suíça. O trecho da Linha 2 entre as estações Nova Suíça e Amazonas que vai entrar em funcionamento em julho do ano que vem. A expectativa é que apenas esse trecho tenha cerca de 4 mil passageiros por dia. Quando estiver em pleno funcionamento, os 10,5km da Linha 2 devem atrair cerca de 50 mil passageiros por dia. As outras cinco estações têm previsão de entrega em 2027 e entrada em operação no ano seguinte.
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O metrô passará por locais estratégicos como Nova Gameleira, Nova Cintra, Vista Alegre e Ferrugem, ampliando a malha ferroviária da capital mineira de 28,15 km para 41,1 km.
Para janeiro de 2026 também está prevista a entrega da Estação Novo Eldorado, uma extensão de 1,6km da Linha 1. A estação Novo Eldorado será construída 'antes' da estação Eldorado, ou seja, com isso ela será o ponto de partida do metrô de Contagem para BH. No momento, está em andamento a montagem da estrutura da cobertura e os preparativos para execução da alvenaria. Segundo o Metrô BH, a montagem da linha férrea entre até a nova estação e o estacionamento de trens segue conforme planejado.
Novos trens
Como parte das melhorias para o metrô de Belo Horizonte, está prevista a compra de 24 novos trens que estão sendo produzidos na China. Segundo a concessionária, o primeiro trem já está pronto e se encontra em fase de testes na fábrica. Ele deve embarcar para o Brasil entre setembro e outubro deste ano e chegar ao Porto de Santos em dezembro. Antes de entrar em operação, o trem deve passar por testes também nas linhas locais.
As novas aquisições irão substituir os trens adquiridos na década de 1980 e se juntarão a outros de adquiridos entre 2010 e 2013 que seguirão em operação, totalizando uma frota de 34. A expectativa é receber duas composições por mês, de modo que dez deles entrem em operação até o fim de 2026. A capacidade de transporte, de mil passageiros por trem, seguirá a mesma.
“Os trens já atendem ao mais alto padrão de conforto em relação a conforto, ar condicionado, ruído e eficiência energética. Eles geram energia na frenagem que pode ser reaproveitada dentro do sistema e terão sistema de controle super modernos”, explica Andrade.
Conflito com moradores
No decorrer da visita técnica, um grupo de moradores dos bairros Nova Gameleira e Nova Cintra, que tem suas residências no trajeto da Linha 2, invadiu o terreno de obras da Estação Nova Suíça exigindo respostas e um tratamento mais digno. Eles alegam que moram no local há décadas, mas não tiveram a posse das casas reconhecida, ficando de fora do acordo de desapropriação firmado em maio deste ano.
Além da concessionária e dos moradores, o Ministério Público (MPMG), o governo de Minas e parlamentares das esferas municipal e estadual participaram das negociações. Em maio, 341 famílias foram contempladas pelo acordo, mas 16 seguem morando à beira da linha férrea e sofrendo com os impactos das obras.
“Disseram que todas as famílias seriam incluídas e todas elas levaram documentos e até agora a única resposta é que não são passíveis de indenização”, disse Poliana, líder comunitária do Nova Gameleira. Segundo ela, todos chegaram antes da selagem e tem comprovante de endereço.
Os manifestantes ainda alegam que tiveram o abastecimento de água e energia interrompido, além de relatar transtornos gerados pelos entulhos da obra que são deixados para trás. Amanda Lelis conta que sua filha, de seis meses, sofreu com bronquiolite devido à poeira da obra.
Jessica Gomes da Silva e sua mãe Natalice Gomes da Silva, que moram no bairro Nova Cintra às margens da linha férrea, estavam na manifestação. Natalice tentava atravessar a ferrovia quando foi surpreendida por um trem da MRS e teve sua perna amputada em junho deste ano: “está muito difícil”, conta.
Moradores do Nova Gameleira e Nova Cintra protestam contra Metro BH
Segundo Jéssica, a VLI, a MRS e o Metrô BH ofereceram R$ 15 mil para sua mãe assumir a culpa pelo ocorrido. “Eles acham que é muito fácil pagar R$ 15 mil. É porque não é a mãe deles. Ainda tem a minha casa que está lá no meio e não fui indenizada”, afirma.
Ela e a mãe tiveram que sair da casa onde moram devido a danos estruturais e estão vivendo de favor. Desde o acidente, ela deixou o emprego para cuidar de Natalice. Uma audiência junto às empresas está marcada para a tarde desta terça-feira (15).
“Eu quero que eles vejam minha situação. O dinheiro que a gente tinha já está acabando e eu não sei o que fazer. Tenho que levar minha mãe para os lugares e ela está sem medicamento porque não tenho dinheiro para comprar”, declarou Jéssica.
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O presidente do Metrô BH afirmou que, na época do acordo, foi feita uma avaliação completa de todas as famílias que se encontravam no local e que existe um posto de assistência social onde recebem novas solicitações e avaliam caso a caso.
“Somos solidários e sentimos muito o ocorrido com a senhora Natalice. Nós acompanhamos o fato e estamos procedendo com a remoção das ocupações e dos entulhos, que são descartados corretamente. Não verificamos nenhuma relação entre essa atividade e o acidente em si, não era um serviço do Metro BH que estava em operação. Estamos abertos a qualquer esclarecimento que seja necessário”, disse Andrade.