COMPETIÇÃO INTERNACIONAL

Rumo aos EUA, carro produzido pela UFMG já conquistou 3 títulos nacionais

Equipe Baja UFMG embarca com o protótipo FW25 para competir na Baja SAE Internacional de 2 a 5 de outubro na Carolina do Sul (EUA)

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Um contêiner especial vai deixar o campus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte e seguirá viagem nesta quinta-feira (21/8) rumo aos Estados Unidos. O veículo FW25, desenvolvido por estudantes da engenharia, vai embarcar para representar o Brasil na competição internacional Baja SAE, de 2 a 5 de outubro, na Carolina do Sul (EUA).

Criado pelo projeto Baja UFMG, o FW25 é um protótipo off-road desenvolvido e construído por 43 estudantes de vários cursos de engenharia da universidade, que trabalham para projetar veículos que vençam qualquer terreno e suporte qualquer condição climática para participar das competições organizadas pelo programa BAJA SAE (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade).

Após vencerem três campeonatos nacionais com o protótipo, a equipe mineira vai embarcar no dia 24 de Setembro, para representar o país no mais alto nível da competição internacional Baja SAE Carolina em busca de conquistar o primeiro título mundial da categoria para Minas Gerais. Entre os dias 2 e 5 de outubro, o torneio vai reunir na Carolina do Sul (EUA) equipes de diversos países.

“É uma oportunidade única. Representar o Brasil em uma competição desse nível é uma honra e, ao mesmo tempo, uma enorme responsabilidade”, resume Tiago da Costa, de 19 anos, estudante de Engenharia Mecânica e presidente da equipe.

Apesar da pressão, a equipe está muito bem preparada. “Tivemos problemas com os nossos freios nas competições anteriores, mas conseguimos resolver lá mesmo. A nossa equipe é muito madura, uma equipe que consegue trabalhar sobre pressão. A gente quer muito buscar o título para consagrar as várias gerações do Baja UMFG. Temos muita confiança nesse carro, ele é muito bom”, relata Pedro Oliveira Lopes, de 21 anos, estudante de Engenharia Elétrica e vice-presidente da equipe.

Projetado para rodar em terrenos irregulares, sem a necessidade de asfalto, o FW25 exigiu mais do que conhecimento técnico: demandou disciplina, organização e muito tempo.

“Os veículos off-road são projetados para qualquer tipo de terreno: lama, cascalho, subidas íngremes, obstáculos naturais. O FW25 foi pensado para resistir a tudo isso e ainda entregar velocidade e estabilidade”, explica Pedro.

O protótipo mineiro não é apenas resistente. Ele carrega inovações para o cenário nacional, como um sistema de tração 4x4 único no Brasil e a direção nas rodas traseiras, que permite curvas mais rápidas e precisas.

“Ele consegue ser é muito mais leve que os nossos carros antigos. O FW25 pesa em torno de 190 kg, sem o piloto. Os outros carros pesavam de 10 a 20% a mais. E tem sistemas únicos que fazem com que ele seja muito mais rápido. O sistema 4x4 é único no Brasil, ele é muito diferente de qualquer outro. Consegue ser muito leve e mais eficiente”, explica Tiago.

A equipe levou cerca de seis meses para projetar, fabricar e montar o veículo. O chassi, considerado a espinha dorsal do protótipo, demorou aproximadamente dois meses para ser construído. Outras peças, algumas novas, outras reaproveitadas de modelos anteriores, levaram mais três meses para ficarem prontas.

“O reaproveitamento é fundamental. Nossas peças são pensadas para durar mais de uma temporada, e isso ajuda a reduzir custos e otimizar recursos”, explica Pedro.

O investimento total girou em torno de R$ 30 mil, mas para os estudantes esse não é o maior custo. Tiago ressalta que o maior investimento é o tempo. “O tempo é o nosso principal investimento. São horas de estudo, planejamento, erros e acertos, muitas vezes conciliando o projeto com as provas da faculdade, estágios e vida pessoal".

Para a estudante de engenharia mecânica, Bárbara Virgínia Santos Silva, de 20 anos, ver o carro que ajudou a construir vencendo títulos nacionais e agora rumo à consagração global é indescritível. “Assim que a minha geração entrou começamos a fabricar o chassi do FW25. Ver o carro que ajudamos a construir vencer dois títulos consecutivos foi uma experiência indescritível, como se todo o esforço de muitas gerações anteriores à minha tivesse sido recompensado”, relata a estudante.

Para que o carro esteja 100%, cada sistema, como freios, suspensão, direção e transmissão precisa ser projetado de forma independente, mas, ao mesmo tempo, em compatibilidade com os demais.

“Se a suspensão não se comunica bem com os freios, por exemplo, o carro perde desempenho. Então, a integração é um trabalho minucioso, feito em reuniões semanais entre os líderes de cada área para garantir que tudo funcionasse junto”, conta Tiago.

Além das reuniões semanais, os estudantes encontram apoio nos históricos deixados pelas gerações que vieram antes deles. “Nesses 27 anos tem muita história, muita experiência que aconteceu no passado, que continua acontecendo com a gente. Buscamos tudo nas anotações que eles deixaram para ajudar a resolver nossos problemas. E documentamos tudo para auxiliar nas próximas gerações”, conta Tiago.

Desafio em dose dupla

Enquanto o FW25 viaja para os Estados Unidos, o mais novo protótipo FW26 permanece em Belo Horizonte para disputar a etapa regional na competição Baja Sudeste que acontecerá nos dias 25 e 26 de outubro em Piracicaba (SP). A estratégia é clara: levar o carro mais testado e premiado para a competição internacional e usar o novo protótipo como campo de experimentação no Brasil.

“O FW26 já traz melhorias em peças que apresentaram problemas antes. Ele é nosso laboratório para o futuro, enquanto o FW25 é o consolidado, pronto para competir lá fora”, detalha Tiago.

A divisão da equipe também foi pensada com cuidado. Dos 43 estudantes, 16 foram escolhidos para viajar  para os EUA, enquanto os demais se dedicam ao carro regional.

"A gente priorizou mandar para competição internacional os membros mais veteranos da equipe, que têm mais experiência. A Baja UFMG não compete fora do país tem 7 anos, estamos retornando agora. Então pensamos estrategicamente focados em trazer o título inédito para Minas", relata Tiago.

A expectativa pela vitória é grande, e os estudantes esperam ver seu esforço recompensado com mais dois troféus para coroar sua história.

A chance de fazer história

Se a vitória vier, será mais do que um troféu. Para os estudantes, significará visibilidade para o projeto, reconhecimento da engenharia mineira e inspiração para novas gerações.

“Queremos mostrar que a UFMG é um polo de excelência em engenharia. Um título mundial pode atrair novos talentos, mais patrocinadores e fortalecer ainda mais o projeto”, acredita Tiago.

Pedro completa: “O maior legado será o aprendizado e as conexões internacionais. Trocar experiências com equipes de outros países vai nos impulsionar a continuar crescendo.”

Muito além de um carro

O projeto Baja vai além da disputa por medalhas. Em quase três décadas de história, é uma extensão da sala de aula, onde conceitos de física, mecânica, elétrica e gestão se transformam em experiência real, além de desenvolver competências fundamentais para o mercado de trabalho, como gestão de equipes, liderança, resolução de problemas e inovação.

“É onde a teoria encontra a prática. Erramos, aprendemos e melhoramos. Isso nos torna profissionais mais preparados para a indústria”, avalia Tiago.

O projeto visa criar os melhores engenheiros do mercado. “Cada decisão tomada no carro impacta diretamente no resultado. É diferente de um exercício teórico: aqui, se errarmos em um cálculo, o veículo pode não funcionar. Isso nos torna engenheiros mais preparados”, afirma Pedro.

Um título que pode mudar o futuro

Para além do troféu, a expectativa da equipe é que a participação no torneio internacional traga novos aprendizados, contatos com equipes estrangeiras e maior visibilidade para a engenharia mineira e inspiração para novas gerações.

“Queremos mostrar que a UFMG é um polo de excelência em engenharia. Um título mundial pode atrair novos talentos, mais patrocinadores e fortalecer ainda mais o projeto”, acredita Tiago.

Pedro completa: “O maior legado será o aprendizado e as conexões internacionais. Trocar experiências com equipes de outros países vai nos impulsionar a continuar crescendo.”

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Investimento na educação

O projeto conta com apoio direto da UFMG e da Escola de Engenharia, que fornecem infraestrutura, oficinas e suporte financeiro. Além disso, parcerias com empresas privadas ajudam a custear peças, serviços especializados e a própria logística da viagem internacional.

“Esse tipo de apoio é essencial. Sem ele, seria impossível participar de uma competição desse porte”, reforça Pedro.

*Estagiária sob supervisão da subeditora Juliana Lima 

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