DIETA DOS ANIMAIS

Por que os animais do zoológico de BH são alimentados com coração de boi

Leões, onças, gatos-palheiro, jabutis e até peixes carnívoros se alimentam de coração bovino no Zoo da capital mineira

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Se você acha que coração de boi é uma iguaria pouco apreciada, saiba que no Zoológico de Belo Horizonte ele é quase uma estrela do cardápio. O alimento, considerado exótico por muitos humanos, é parte essencial da dieta de animais como leões, onças, gato-palheiro, jabutis e até peixes carnívoros como surubim, dourado, pirambeba e pacamã. Segundo Melina Nunes, zootecnista responsável pela nutrição animal no Zoo, o consumo semanal chega a quase 30 quilos.

"O coração é uma víscera muscular muito rica em nutrientes. Tem um bom percentual de proteínas, gorduras saudáveis, ferro, zinco, fósforo e vitamina B12", explica Melina. Apesar de nutritivo, não é muito consumido por humanos por ser mais fibroso e de sabor intenso - o que o torna, para o zoológico, uma alternativa com excelente custo-benefício.

Além do valor nutricional, o preço acessível pesa na decisão. "Como não é muito valorizado no mercado humano, conseguimos comprar por um custo bem menor do que outras carnes, o que facilita a formulação de dietas balanceadas para os nossos carnívoros", pontua a zootecnista.

Um cardápio personalizado

Ao contrário do que muitos pensam, os animais do zoológico não recebem sobras ou restos. Tudo é comprado por meio de licitação, com controle rigoroso de qualidade. "Se chega uma fruta que está começando a passar, eu devolvo. O fornecedor precisa trazer outra em boas condições", afirma Melina.

Cada dieta é feita individualmente, respeitando o peso, espécie e preferências alimentares de cada animal.

"Tenho onça que só come frango. Tem gato-palheiro que não aceita carne bovina. A dieta é montada considerando tudo isso", diz. Ela acompanha pessoalmente o estado corporal dos bichos, observando se estão magros, obesos ou rejeitando alimentos.

Quem come coração?

A lista de consumidores regulares do coração bovino no Zoo inclui os grandes felinos - como leões e onças -, os pequenos felinos - como o gato-palheiro -, répteis como jabutis e, no aquário da Bacia do Rio São Francisco, peixes como surubim, pacamã, pirambeba e dourado. Ao todo, são consumidos 27,450 kg por semana e cerca de 110 kg por mês.

Além disso, alguns animais recebem o coração não como parte da dieta fixa, mas como enriquecimento alimentar - uma atividade lúdica e estimulante. "O lobo-guará, por exemplo, é um canídeo onívoro. A dieta dele é baseada em ração, frutas e legumes, mas, de vez em quando, escondemos pedaços de coração dentro de uma abóbora para ele procurar. Isso ativa o instinto e melhora o bem-estar", conta Melina.

Muito além da comida

As dietas no zoológico vão além do ato de alimentar. Envolvem ciência, carinho e respeito. "Trabalhamos com vidas. Temos uma responsabilidade muito grande. Tudo é feito com muito cuidado", ressalta a zootecnista. Um exemplo é o chimpanzé diabético que vive no Zoo, que recebe uma dieta especialmente elaborada para o controle da glicemia.

Melina também destaca que o trabalho é coletivo. A equipe da nutrição trabalha em sintonia com os biólogos e os cuidadores para avaliar constantemente o comportamento e o estado físico dos animais. "Não é só uma fórmula. É observação constante, escuta da equipe e ajustes diários".

Um ingrediente curioso, um trabalho sério

O coração bovino, embora cause estranheza em muitos visitantes, é só uma pequena parte de uma engrenagem bem organizada, que preza pela saúde e bem-estar dos cerca de 3 mil animais do Jardim Zoológico de Belo Horizonte.

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"Outro dia, me perguntaram se a gente usa cavalo morto de carroceiro para alimentar os bichos. Pelo amor de Deus! Tudo aqui tem selo, é certificado, de excelente qualidade", finaliza Melina, com bom humor, mas reforçando a seriedade do trabalho.

Estagiária sob supervisão da subeditora Juliana Lima 

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