Parte da história está contada e documentada nas salas do Museu da FEB, que abrigam armas, uniformes, bandeiras e registros das conquistas que se tornaram famosas, como a de Monte Castello crédito: Túlio Santos/EM/D.A Press
Quando setembro chegar, mais exatamente no dia 2, serão lembrados os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial(1939-1945) – o conflito mais letal da história da humanidade envolveu a maioria das nações, mobilizou cerca de 100 milhões de militares e deixou em torno de 70 milhões de mortos. Na época, as grandes potências estavam organizadas em duas frentes opostas: os Aliados (Estados Unidos, França, Inglaterra, a antiga União Soviética e outros) e o Eixo (Alemanha, Itália e Japão).
O 2 de setembro marca o término da guerra na região do Oceano Pacífico com a rendição oficial do Japão. Era a pá de cal em seis anos de horrores, período em que também nosso país se envolveu. Em 22 de agosto de 1942, o Brasil declarou guerra às forças do Eixo, ficando ao lado dos Aliados. No ano seguinte, foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), e, em 1944, enviados 25,3 mil militares para lutar na Itália.
Em Belo Horizonte, parte da história está bem contada e documentada no Museu da FEB/Espaço Cultural da 4ª Região Militar. Nas salas, os visitantes podem ver uma série de armas (metralhadoras, fuzis e pistolas) usadas pelos combatentes brasileiros, os pracinhas, em conquistas que se tornaram famosas, como a do Monte Castello e da cidade de Montese, dentre várias outras. Em Fornovo di Taro, os pracinhas cercaram e aprisionaram a 148ª Divisão de Infantaria Alemã, com quase 15 mil homens.
Os ambientes expositivos exibem cartazes daqueles tempos, com o slogan “A Cobra Fumou!”, que se tornou símbolo da FEB, e “Senta a Pua!”, grito de guerra do 1º Grupo de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira. Inaugurado na década de 1950, o Museu da FEB funcionou na Rua São Paulo, nas avenidas Augusto de Lima e Francisco Sales e, a partir de 2019, na Rua Tupis.
“Este espaço é patrimônio do povo brasileiro. O acervo preserva a memória de pessoas comuns, cidadãos brasileiros que foram para os campos de batalha com coragem, patriotismo e o sentimento de respeito pelo Brasil. A lição maior é que precisamos evitar que, um dia, tudo isso possa acontecer de novo. Daí a importância para as novas e futuras gerações”, afirma Marcos Renault, curador do museu, estudioso do conflito e, sempre presente como co-organizador das cerimônias do Dia da Libertação da Itália, que ocorrem a cada 25 de abril na cidade de Montese, na Itália.
Também presidente da Associação Nacional dos Veteranos da FEB de Belo Horizonte, Renault adianta que, no final de outubro (em data a ser anunciada), haverá uma atividade noturna específica no Museu da FEB. E destaca os 81 anos da entrada efetiva do Brasil na guerra, “o batismo de fogo dos pracinhas na Itália” e o Dia D, quando os Aliados desembarcaram na Normandia para retomar a Europa da mão dos nazistas liderados por Adolf Hitler (1889-1945). Os combates vêm à tona diante de armamento, fardas, documentos, medalhas, equipamentos, quadros e outras peças de peso histórico e físico expostas, a exemplo do obuseiro de 155 milímetros e da estátua em bronze de um expedicionário em combate.
Além do 2 de setembro de 1945, há mais duas datas importantes no desfecho da Segunda Guerra Mundial: 8 de maio, Dia da Vitória na Europa, com a rendição das forças alemãs aos Aliados, e 6 e 9 de agosto, quando bombas atômicas despejadas pelos Estados Unidos arrasaram, respectivamente, Hiroshima e Nagasaki, no Japão.
SERVIÇO
Museu da FEB/ Espaço Cultural da 4ª Região Militar
Endereço: Rua Tupis, 723, no Centro de BH
Horário: Aberto de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h. Aos sábados e domingos, visita com agendamento.
Informações: (031) 98428-2885 (falar com Míriam)
Valor: Entrada gratuita. Em caso de grupo de visitantes, é cobrada taxa de R$ 10 por pessoa
LEÃO XIV CONCEDE COROAÇÃO PONTIFÍCIA...
Testemunha de grandes momentos da história de Minas, a exemplo da Guerra dos Emboabas (1707-1709) e Sedição de Vila Rica (1720), a tricentenária Matriz Nossa Senhora de Nazaré, no distrito de Cachoeira do Campo, em Ouro Preto, terá mais um destaque. Desta vez, por uma concessão papal. No próximo dia 8, às 19h, durante missa festiva, haverá a Coroação Pontifícia em honra à padroeira local. A cerimônia será presidida pelo arcebispo metropolitano de Mariana, dom Airton José dos Santos, que colocará a coroa sobre a imagem. O gesto simboliza o reconhecimento oficial da Igreja à devoção da comunidade católica de Cachoeira do Campo. O pedido para concessão da honraria foi feito pelo pároco, padre Harley Carlos de Carvalho Lima. Ao longo do processo, foram reunidos documentos, testemunhos e registros históricos (enviados ao Vaticano) que comprovam a intensa fé e o carinho que, há gerações, os fiéis dedicam à “Mãe de Nazaré”.
IMAGEM DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ ARQUIDIOCESE DE MARIANA/DIVULGAÇÃO
...DA IMAGEM DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ
Padre Harley conta que a devoção a Nossa Senhora de Nazaré é singular na região, mostrando que o povo cachoeirense, juntamente com as comunidades vizinhas, “nutre um grande amor e veneração pela Virgem Santíssima, e compartilha, com alegria, a experiência de fé e devoção”. Diante de tantas histórias e belos gestos, surgiu a ideia de prestar a homenagem à padroeira por meio do papa Leão XIV. “Toda a comunidade abraçou com entusiasmo esse pedido, sendo grande a expectativa para momento tão aguardado.” Em 1963, o papa João XXIII concedeu a mesma honraria a Nossa Senhora do Pilar (o templo fica no Centro Histórico de Ouro Preto e, agora, mais de 60 anos depois, o gesto se repete em Cachoeira do Campo. “Tenho rezado e agradecido a Deus por tantas bênçãos”, diz o padre,
Rua da Bahia, no Centro de BH, apinhada de gente MUSEU DA FEB/ESPAÇO CULTURAL DA 4ª REGIÃO MILITAR/DIVULGAÇÃO
PAREDE DA MEMÓRIA
Se as fotos da página ao lado levam à reflexão, a desta Parede da Memória é para celebrar. Vejam a Rua da Bahia, no Centro de BH, apinhada de gente. Homens e mulheres de todas as gerações estavam lá para festejar o fim da Segunda Guerra Mundial. Vale lembrar que o povo da capital foi às ruas em outros momentos do conflito, como após o ataque a navios brasileiros pelos submarinos nazistas. A agressão desencadeou protestos, com milhares de pessoas, entre civis e militares, em manifestações na Praça da Liberdade e na Praça Sete, no Centro. Carregavam bandeiras e faixas contra a ação de Adolf Hitler, exigindo o envio de tropas ao front, na Europa. Segundo especialistas, o torpedeamento foi um tipo de sabotagem econômica, pois impediu que as mercadorias exportadas pelo Brasil chegassem aos seus destinos – os países aliados. A estimativa é de que, durante a Segunda Guerra, 40 navios tenham se tornado alvo dos alemães.
Será entregue amanhã, em BH, o Prêmio Guardião do Patrimônio Cultural, iniciativa do Ministério Público de Minas Gerais. O objetivo é agraciar pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que, por seus méritos e relevantes serviços prestados ao patrimônio cultural, mereçam especial distinção. Serão agraciados com o Prêmio Guardião do Patrimônio Cultural: Sebastião Ribeiro Salgado Júnior (post mortem), fotógrafo documental e fotojornalista, dom Miguel Ângelo Freitas Ribeiro, bispo da Diocese de Oliveira, Associação Sociocultural “Os Bem-Te-Vis" (voltada à promoção e defesa do patrimônio cultural sacro), Efigênia Maria da Conceição (“Mãe Efigênia”), líder quilombola do Quilombo Manzo Ngunzo Kaiango e Maria das Graças Lins Brandão, professora da UFMG e fundadora do Instituto Cayapiá.
GUARDIÃO DO PATRIMÔNIO 2
Haverá também homenagens especiais a Leônidas José de Oliveira, secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor/UFMG), Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, Patrimônio Mundial pela Unesco, Mosteiro Nossa Senhora da Conceição de Macaúbas, localizado em Santa Luzia uma das construções mais importantes da arquitetura mineira, e Miguel Ângelo Andrade, professor da PUC/MG, com atuação na defesa das Serras da Piedade e do Espinhaço. A solenidade será às 10h no Salão Vermelho da Procuradoria-Geral de Justiça (Avenida Álvares Cabral, nº 1690, 1º andar, Bairro Santo Agostinho), em Belo Horizonte.
“OS LEIGOS E O PODER”
Irmandades, confrarias e ordens terceiras, por muito tempo vistas apenas como expressões de religiosidade popular, assumem protagonismo formador da sociedade mineira na leitura histórica feita pelo professor Caio Boschi, da Academia Mineira de Letras. Ele acaba de lançar a segunda edição do livro “Os leigos e o poder: irmandades leigas e política colonizadora em Minas Gerais” (Hucitec). Um dos maiores estudiosos da história religiosa e das instituições sociais no Brasil colonial, Boschi foi professor titular da UFMG e PUC Minas. Além de escrever sobre o papel das associações leigas, ele desafia a ideia comum de que a profusão de igrejas e capelas no interior de Minas seja reflexo exclusivo da fé. O livro pode ser adquirido no site da editora e na recepção do Arquivo Público Mineiro (Avenida João Pinheiro, 372), em BH.