UFMG firma parceria para aumentar adesão dos mineiros à vacinação
Trabalho visa ampliar a cobertura vacinal em Minas Gerais, que caiu ao longo dos últimos anos
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Siga noUm estudo realizado pelo Observatório de Pesquisa e Estudos em Vacinação (Opesv) da Escola de Enfermagem da UFMG, entre os anos de 2015 e 2020, revelou um resultado preocupante: a cobertura vacinal para crianças menores de um ano foi caindo ao longo desse período. Durante esse os anos analisados, o menor nível foi atingido justamente em 2020. No entanto, a própria instituição aponta um rumo para reverter essa tendência.
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Com o objetivo de aumentar a cobertura vacinal no estado, o Opesv firmou uma parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG). O acordo resultará em uma pesquisa-intervenção mais ampla, que permitirá implementar e avaliar estratégias nos diferentes ciclos de vida da população mineira. Assim, o estudo, que começou com crianças, trará benefícios também a adultos e idosos.
A iniciativa será efetivada por meio de oficinas com gestores da Atenção Primária à Saúde (APS), vigilância epidemiológica, controle social, sociedade civil, comunidade escolar e comunidade acadêmica de todos os municípios mineiros. A oficina-piloto está prevista para a Gerência Regional de Saúde do município de Pedra Azul, na região do vale do Rio Jequitinhonha, nos dias 1° e 2 de setembro.
A professora Fernanda Penido Matozinhos, do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública, é a coordenadora do projeto. Ela alerta para o perigo da falta de imunização e confia na parceria para proteger a população.
"Em relação à classificação de risco para a transmissão de doenças preveníveis por ações de imunizações, cerca de 80,9% dos 853 municípios mineiros estavam classificados como de alto risco", explica. A pesquisadora pondera que, de 2020 até agora, esse percentual já diminuiu para cerca de 60%, mas tal índice ainda preocupa.
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De acordo com a docente, serão desenvolvidos planos de ação focados na realidade das diferentes cidades, com a implementação de estratégias que considerem fatores individuais, ambientais, hesitação vacinal e fatores inerentes aos programas de cuidado. "Cada município de Minas Gerais criará seu próprio plano, por meio de uma reorganização dos processos de trabalho de imunização", elucida.
Em busca de melhor desempenho e do aumento das coberturas vacinais, após a implementação dos planos, as unidades de saúde serão monitoradas trimestralmente para o acompanhamento dos indicadores de processo de trabalho em imunização.
Pessoas com vacinas em atraso serão identificadas, receberão esclarecimentos sobre os imunizantes e, claro, uma oportunidade para recebê-los. De acordo com Fernanda, os agentes comunitários de saúde são figuras fundamentais nesse trabalho, assim como enfermeiros e médicos. "Na própria sala de vacinação chegam muitas dúvidas", relata.
Combate à desinformação
Fernanda adverte que a queda na vacinação é um fenômeno observado não apenas em Minas Gerais, mas em todo o país. "Esse cenário começou em 2016 e piorou após a pandemia de Covid-19, quando houve muita desinformação", relata. Por isso, os pesquisadores pretendem agir de maneira integrada com as escolas e utilizar diferentes meios de comunicação para esclarecer a população.
A docente destaca que é essencial identificar os motivos que levam os indivíduos a recusar os imunizantes e esclarecer percepções equivocadas. "Muitas vezes, as pessoas não se vacinam porque desconhecem os efeitos da doença; as pessoas não têm uma percepção de risco", opina.
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Em parte, a pesquisadora atribui esse fenômeno à eficiência dos próprios imunizantes, que eliminou certas doenças e fez com que gerações não convivessem com parentes ou amigos portadores de sequelas. Porém, ela lembra que algumas enfermidades consideradas controladas, como o sarampo, estão voltando devido à baixa cobertura vacinal.
"Precisamos reestabelecer a confiança nas vacinas e nos profissionais de saúde", afirma Fernanda. "Quando a pessoa se vacina, não protege somente a si; ela protege todos que estão no entorno", complementa.
Vacinas gratuitas
O Sistema Único de Saúde disponibiliza atualmente, de maneira gratuita, vacinas para mais de 20 doenças em todos os estados brasileiros. Confira quais são os imunizantes:
- BCG
- Hepatite B
- Penta
- Pólio inativada
- Pólio oral
- Rotavírus
- Pneumo 10
- Meningo C
- Febre amarela
- Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
- Tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela)
- DTP
- Hepatite A
- Varicela
- Difteria e tétano adulto (dT)
- Meningocócica ACWY
- HPV quadrivalente
- dTpa
- Influenza (ofertada durante Campanha anual)
- Pneumocócica 23-valente (Pneumo 23)
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