Casal que comeu torta contaminada continua com problemas sérios de saúde
Padeiro e dono da padaria onde a torta foi vendida foram indiciados por lesão corporal culposa e homicídio culposo
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Siga noFernanda Isabella de Morais Nogueira, de 23 anos, e José Vitor Carrillo Reis, de 24, ainda sofrem com as sequelas do botulismo, intoxicação pela toxina botulínica produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Segundo informações divulgadas pela Polícia Civil nesta quarta-feira (27/08), ambos apresentam perda parcial da visão, coordenação motora comprometida e dificuldade para caminhar e desempenhar as atividades diárias.
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Eles compraram uma torta de frango contaminada em uma padaria no bairro Serrano, Região da Pampulha, no dia 21 de abril deste ano e apresentaram os primeiros sintomas na manhã do dia seguinte. O casal foi internado na UTI do Hospital Municipal Monsenhor Flávio Donato, em Sete Lagoas, cidade onde moram e, uma semana depois, foi transferido para um hospital particular de Belo Horizonte. Fernanda e José Vitor receberam alta três meses depois.
A torta também foi consumida pela tia de Fernanda, de 75 anos. Ela faleceu poucos dias depois. Segundo a delegada Elyenni Celida da Silva, da Delegacia de Defesa do Consumidor, a idosa teria ingerido mais alimento que o casal e, por isso, sofrido maiores danos.
O padeiro e o dono da padaria foram indiciados por lesão corporal culposa, homicídio culposo e comercialização de alimentos impróprios para consumo.
O que aconteceu?
No dia 21 de abril Fernanda Isabella de Morais Nogueira e José Vitor Carrillo Reis, que moram em Sete Lagoas, visitaram a tia de Fernanda, Cleuza Maria de Jesus, em Belo Horizonte. Eles foram até a padaria, compraram uma torta de frango e a levaram para a casa da idosa.
Cleuza foi a primeira a comer a torta. Em seguida o casal experimentou o alimento, momento em que perceberam sabor e cheiro de azedo. Fernanda e José Vitor devolveram a torta na padaria, onde foi descartada, e voltaram para Sete Lagoas no mesmo dia.
Às 5h do dia seguinte, Cleuza chamou o filho e disse que estava com dificuldade de respirar. O Samu foi acionado, mas a idosa chegou ao hospital já em coma nível três. Às 8h, o casal foi internado na UTI no Hospital Municipal Monsenhor Flávio Damato, em Sete Lagoas, e, uma semana depois, foi transferido para um hospital particular de Belo Horizonte.
A notificação da suspeita de intoxicação por substância botulínica à Anvisa é obrigatória, de modo que rapidamente a Polícia Civil passou a investigar o caso. Foi constatado que a torta em questão foi fabricada no dia 19 de abril e vendida no dia 21.
Segundo depoimentos, as tortas eram fabricadas em lotes de 30 unidades individuais. Em sua defesa, o padeiro alegou que levou uma unidade para casa, comeu-a com a família, e nada sofreu. Entretanto, a delegada Elyenni explica que o fato não exclui a possibilidade de contaminação da torta que matou a idosa.
“Não quer dizer que uma torta estava contaminada, que a outra também estaria, porque elas eram em unidades. Acontece também o que a gente chama de contaminação cruzada. Se o alimento estiver contaminado, essa bactéria, ou qualquer outro microrganismo, contamina o próximo alimento”, explica a delegada responsável pelo caso.
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A investigação também apontou que a torta contaminada ficou cerca de vinte minutos na casa da idosa, tornando impossível que a contaminação tenha acontecido ali.