O Barreiro celebrou 170 anos de história com uma festa que reuniu moradores e autoridades, neste domingo (3/8), em uma das principais avenidas da região: a Sinfrônio Brochado. Com barracas de comida e artesanato, brinquedos para a criançada, oficinas e shows, a programação especial do BH+Feliz ainda teve o tradicional parabéns e um bolo de 1,70 metro para reverenciar a região que é 43 anos mais velha que a própria capital mineira.

A extensão do Barreiro também diz muito sobre a importância da região: são 54 bairros e 18 vilas, que abrigam mais de 300 mil moradores, conforme a prefeitura. Se a localidade fosse um município, ficaria entre os mais populosos do estado.

E, para celebrar o aniversário, a festa neste domingo tem diversas atrações, com a presença do prefeito Álvaro Damião e dos vereadores Pedro Rousseff, Janaína Cardoso, Helinho da Farmácia e Helton Junior. O BH+Feliz promove uma edição especial, que começou às 9h e vai até 17h. 

"Brinco que o Barreiro é a capital de Belo Horizonte. Se fosse uma cidade, estaria entre as dez maiores do estado, o que dá a ideia da dimensão do Barreiro. O Barreiro, que era apenas o Barreiro do CEM, agora é o Barreiro do Tirol, é o Barreiro do Marilândia, é o Barreiro do Jatobá, é o Barreiro de Cima, o Barreiro de Baixo. São vários Barreiros dentro de um Barreiro só", disse o prefeito, enaltecendo os 170 anos de uma região à qual Belo Horizonte agradece de ter nascido junto, em suas palavras.

 Uma região que conta tantas histórias, declarou Álvaro Damião, que tem uma relação especial com o Barreiro. "Sou praticamente daqui. Conheço o Barreiro do Vale do Jatobá, da Avenida Serrinha. Comecei minha carreira profissional na Sinfrônio Brochado. O Barreiro tem história com cada um de nós, e tem história com o prefeito".

Ele lembra do ano de 1994, quando desceu do ônibus 1144 na avenida  para pedir a um senhor que o ouvisse. Era Celso Alcides Martinelli, da rádio Capital. "Ele me ouviu e falou: 'você tem futuro'. Naquele mesmo dia comecei a trabalhar. Estive com ele às 7h da noite, às 8h  ele me apresentou como novo funcionário da rádio Capital. Sou eternamente agradecido ao Barreiro. Está na minha história e na história de todos nós", relatou.

A bancada de vereadores do Barreiro é a maior na Câmara Municipal, com 41 representantes, e para o prefeito essa é um bom relacionamento. "Fomos eleitos com o mesmo objetivo, de melhorar a vida das pessoas. Uma boa relação com todos os outros vereadores também".

Entre os planos da prefeitura para o Barreiro, Álvaro Damião citou as conversas sobre a região industrial do Jatobá. "É preciso industrializar ainda mais, porque espaço para isso tem, e o Barreiro já abraçou essa ideia. O mesmo Barreiro das indústrias, da família, da história, é o Barreiro que vai receber uma universidade", revelou o prefeito, pontuando a intenção de que a região abrigue um centro universitário, uma conquista ainda durante a gestão de Fuad Noman. "O Barreiro ganhou isso porque é unido, elege mais vereadores e vereadoras porque é unido. O Barreiro sabe o que quer para ele. E a Prefeitura de Belo Horizonte agradece eternamente por ter o Barreiro conosco". O prefeito caminhou pelo evento, cumprimentou os moradores, cantou parabéns para o Barreiro, cortou o primeiro pedaço do bolo de 170 centímetros e até jogou capoeira.

"Hoje é um dia muito importante para o Barreiro, a maior região de Belo Horizonte. Fiz questão de vir. O Barreiro é tão grande, tão poderoso, de pessoas trabalhadoras, é basicamente a fundação de BH. Esse evento mostra um pouco de carinho que Belo Horizonte tem com a região", disse o vereador Pedro Rousseff.

Assessor da regional do Barreiro da PBH, Helton Damasceno lembra a importância histórica da região para a cidade. "É o berço. Foi fonte de alimento para a edificação da cidade. Também tem a questão da industrialização. Sempre foi um polo de fornecimento de mão de obra, uma contribuição importante na construção da nova capital. A população do Barreiro foi se especializando, desde a chegada da Mannesmann, e também atraiu muita gente do interior", disse.

Para toda a família

O jornalista Helton Gonzaga, de 40 anos, veio de Palmas, no Tocantins, para Belo Horizonte, há quase dois anos. Com a esposa Edilaine, de 36, os filhos Luiza, de sete, e Augusto, de quatro, mora no Barreiro desde que chegou a Minas Gerais, e aprecia a vida por ali. Eles escolheram a região por indicação de amigos e estão satisfeitos com a opção.

O jornalista Helton Gonzaga e a filha Luiza, na festa. A menina adorou a pintura em gesso

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

"É de fácil acesso ao Anel Rodoviário, o que é bom, já que meus familiares são do interior. Uma região também muito tranquila, com estrutura de comércio, tudo pode ser feito dentro da regional", disse Helton. A família estava indo para outro evento, quando encontrou a festa. "Muito boa a iniciativa. Atividades diferentes, brincadeiras, programação cultural, de saúde. Parabenizo a organização", completou o jornalista. As crianças adoraram a barraquinha de pintura, os brinquedos infláveis e o slackline.

A dona de casa Cristina Melo, de 62 anos, sua filha Tábata, de 38, e os netos Eduarda, 11, Saulo, nove, e Valentina, seis, aproveitavam a diversão. A garotada curtiu principalmente os brinquedos. Moradora do Tirol, Cristina vive no Barreiro há 20 anos. Mãe de quatro filhos, ela fala sobre o acesso fácil a tudo o que precisa fazer no dia a dia, assim como as amizades construídas ao longo dos anos. "Também gosto muito dos eventos que sempre acontecem por aqui".

Tábata vive com o marido e as crianças, todas nascidas no Barreiro, no Diamante. Conta sobre como percebeu o desenvolvimento da região com o tempo. "Não saio daqui nunca. O Barreiro está se valorizando, com muitas melhorias. Antes, precisava sair daqui para conseguir comprar alguma coisa. Hoje não precisamos ir longe. Não tenho vontade de sair. Vou criar meus filhos aqui".

A dona de casa Cristina Melo, sua filha Tábata e os netos Eduarda, Saulo e Valentina aproveitavam a diversão

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

O técnico de edificações aposentado José Geraldo da Silva, de 69 anos, mudou-se da cidade natal, São Domingos do Prata, para BH, em 1975. A primeira residência na cidade foi no Nova Suíça, antes de, em 1995, se estabelecer no Barreiro, no Bonsucesso. Ele mora sozinho e tem uma filha que também está na região, no Bairro Cardoso. "É um lugar excelente para morar, principalmente sem a poluição que tinha antes. Um lugar tranquilo, melhor do que estar no Centro, com aquela barulhada", relata.

A professora Ana Cristina Amaral, de 39 anos, e o psicólogo Jerônimo de Souza, de 36, são pais de José Amaral, de 10 meses. Eles estavam com o pequeno participando do evento. São naturais do interior de Minas. Ana Cristina vive no Barreiro há seis anos, e com o companheiro já são dois anos na região. Gostam tanto, contam, que planejam adquirir um imóvel na localidade.

"Eu adoro morar no Barreiro. Tudo é muito acessível. Tem centros de saúde, muito comércio, boas escolas. O José está adorando a festa. Esses movimentos de domingo, para a família, são muito gostosos", conta a professora. Para Jerônimo, uma vantagem de morar no Barreiro é não precisar se deslocar para fazer nada. "É uma regional muito bem equipada, com hospitais, posto de saúde, agência bancária, um centro comercial potente".

História para contar

Uma história antiga, que remonta desde o tempo das fazendas, que, ao longo do caminho, formou em quem nasce ali um sentimento de pertencimento singular, uma força que fica evidente na participação ativa dos moradores em assuntos que interessam, com a presença de lideranças comunitárias ou políticas.

O início dessa trajetória remonta ao século 19, a partir do episódio de um assassinato. Em 1855, são registradas as terras da fazenda Barreiro, cujo último proprietário era Cândido Brochado. Um escravizador, que não admite a liberdade ao escravo Matias e o vende, sem levar em conta seu benefício com a Lei dos Sexagenários. Revoltado, Matias jura sua morte e assim o faz.

O técnico de edificações aposentado José Geraldo da Silva diz que o Barreiro é um lugar tranquilo, melhor do que a barulhada do Centro

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

A família do fazendeiro, então, vende a propriedade, que passa às mãos do governo do Estado. É quando começam a surgir as primeiras colônias de terra. O negro foi preso e depois achado morto em uma prisão em Ouro Preto. Tornou-se um dos primeiros barreirenses e hoje é lembrado como o Alforriado Matias.

Desde essa época, os campos que agora constituem o Barreiro serviam para guarnecer o arraial Curral Del Rey, que viria a formar a capital. O cultivo era feito também por colonos imigrantes, que chegavam de países como Alemanha, Portugal e Itália. O Barreiro passou ainda a se construir por brasileiros originários de outros estados do Sudeste e do Nordeste, caracterizando a personalidade que a região preserva hoje.

Com o tempo, o Barreiro se transformou em uma cidade-satélite de BH, quando a identidade rural deu lugar ao perfil industrial e comercial. Eram momentos de transformação. A abertura da Mannesmann deu impulso às indústrias e atraiu novos moradores. Ali perto, em Contagem, a criada Cidade Industrial se desenvolvia ao mesmo passo.

Atualmente, os setores produtivos, comércio e industrial se destacam por lá, com oferta diversificada de serviços. Sem falar nos parques públicos, que são referência para a cidade, e um importante hospital, o Célio de Castro, que se sobressai na área da saúde. Manifestações artísticas e culturais também fazem parte da rotina da região.

Ana Cristina e Jerônimo estavam com o pequeno José participando do evento

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press

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