O processo criminal contra a mulher acusada de matar os dois filhos, de 12 e 18 anos, em novembro de 2024, foi suspenso na última terça-feira (29/7) pela 2ª Vara Sumariante do Tribunal do Júri de Belo Horizonte. A decisão foi assinada pelo juiz Roberto Oliveira Araújo Silva após pedido da defesa da ré para instauração de incidente de insanidade mental. A denunciada, de 38 anos, é julgada por homicídio qualificado. Ela está presa desde 27 de novembro. 

Em uma audiência de instrução em 23 de julho, os advogados da ré, após o depoimento de testemunhas, de defesa e acusação, pediram a abertura do processo para que a cliente passe por uma perícia psiquiátrica. O pedido foi acordado com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Apesar da abertura do novo processo, ainda não há informações sobre quando o procedimento será feito. 

Moisés de Oliveira, de 12 anos, e Isadora dos Santos Oliveira, de 18 anos, morreram em decorrência de complicações da ingestão de chumbinho. A substância foi consumida pelos irmãos a partir de uma refeição servida pela mãe.

De acordo com relato da suspeita em registro policial, no dia em que os filhos deram entrada na Upa, o almoço foi arroz, feijão, chuchu e frango feito em casa por ela. As vítimas teriam almoçado, mas a mãe conta não ter se alimentado por estar sem apetite. Na janta, a mãe relatou que teria comido a mesma comida que os filhos.

Perto das 21h30, o menino começou a sentir dor de cabeça e suor. A mãe relata ter colocado o garoto no chuveiro quando a criança começou a ficar pálida. Diante da situação, a mulher gritou para a filha mais velha ligar para o pai e pedir ajuda. O pai, que morava na casa vizinha, junto com o tio das vítimas, levou a criança para UPA Venda Nova.

A menina, de 18 anos, ficou em casa, começou a passar mal perto das 22h e também foi para a Unidade de Pronto Atendimento. Quando a jovem chegou à unidade, o irmão já havia sido reanimado com sintomas de envenenamento por meio de medicamentos. Os médicos constataram os mesmos sintomas na menina e as duas vítimas foram transferidas para o Hospital de Pronto Socorro João XXIII. A jovem morreu no dia 24 de novembro. Já o menino morreu em 3 de dezembro. 

Vingança 

Durante as investigações, ainda segundo o delegado responsável pelo caso, policiais descobriram que, dois meses antes do crime, a suspeita havia tentado matar, servindo café envenenado, seu então companheiro Geraldo, no sítio deles, em Jaboticatubas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Na época, o homem começou a passar mal e suspeitou que o café estava estragado, como a companheira havia dito. 

Outro ponto levantado pela equipe do DHPP é que em 21 de outubro o casal teve uma discussão e o companheiro da ré teria atirado um objeto em sua direção. No dia ela foi até uma delegacia, registrou a ocorrência e conseguiu uma medida protetiva contra o homem. 

Em depoimento, o pai das vítimas informou que se separou da autora do crime há cerca de cinco meses devido a desentendimentos entre o casal. A delegada Alessandra Wilkie, chefe do DHPP, entende que a motivação maior para o crime seja uma vingança contra Geraldo, o pai das crianças. “Ela tinha raiva do marido e queria puni-lo”.

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Ao ser questionada pelos policiais sobre a causa do envenenamento dos filhos, a mãe disse “nada saber”. Os policiais também a questionaram sobre uso de medicamentos psiquiátricos, ocasião em que ela afirmou que faz uso do medicamento Venlafaxina 37,5mg (antidepressivo) e Hemifumarato de Quetiapina (para esquizofrenia). Já o irmão da mulher informou que a irmã "não estava boa de cabeça".

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