O jacaré Alfredo, mascote de Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, assustou os moradores da cidade nos últimos dias. No dia 5 de agosto, o Corpo de Bombeiros (CBMMG) resgatou o animal, que estava com dois arpões de pesca cravados no corpo. Depois de recuperado, imagens desta quarta-feira (13/8) mostravam o animal estático, o que preocupou os lagoa-santenses. 

Na tarde de ontem (12), o Grupo de Resgate Animal procurou por Alfredo na Lagoa Central, no Bairro Várzea, para monitorar a recuperação do réptil, que no início de agosto recebeu cuidados médicos dos bombeiros por causa dos arpões. A equipe não obteve sucesso e o mascote estava desaparecido.

Mas hoje, um vídeo feito por drone e que mostra o jacaré imóvel começou a circular nas redes. Johnny Patrick Moreira já tem o hábito de registrar a cidade e, sabendo do sumiço de Alfredo, resolveu investigar. 

O jacaré estava parado, o que dividiu a opinião dos internautas e rumores de que o mascote, muito querido pelos moradores, poderia estar morto. “Achei ele nesse brejo próximo ao Bairro Recanto da Lagoa. Até então, achei que ele estivesse morto. Aproximei o drone cerca de um metro de altura dele e ele não se moveu. Além disso, não percebi a movimentação da respiração”, conta Johnny.

Com a polêmica, o Grupo de Resgate Animal foi ao local e provocou uma leve movimentação para ver se o animal reagia. E ele reagiu. A equipe garante que, apesar de  ter passado por um resgate delicado, mostrou sinais vitais e comportamento normal.

A Prefeitura de Lagoa Santa informou que ações da Diretoria de Meio Ambiente estão em andamento. “As ações são voltadas para um plano de manejo que busca estruturar o cadastramento da fauna lacustre às políticas públicas de preservação do ecossistema e suporte à vida, bem como ampla identificação das espécies”, disse o governo em comunicado.

Em relação ao Alfredo, a gestão disse que o réptil está em constante monitoramento.

Esse comportamento é normal? 

Depois de momentos tão estressantes, como a ferida com os arpões e o próprio resgate, o jacaré precisa de repouso, é o que explica o biólogo especialista em ecologia e conservação de jacarés, André Yves. “Principalmente, porque a produção de energia desse bicho depende muito das fontes de calor, além da alimentação. Então, o bicho precisa ficar parado no sol para estar absorvendo calor pela pele durante longos períodos de tempo”, explica.

O inverno é outro fator que contribui para a necessidade de ficar “tomando um sol”. Então, sim, o comportamento do Alfredo é completamente normal, segundo André. 

“Uma questão importante de salientar é que o sistema imunológico dos crocodilianos, dos jacarés e aves é muito, muito forte. Esses bichos evoluíram há muito, muito tempo. Eles estão no mundo há milhões de ano. Não é uma simples infecção ou sangramento que tira esses bichos de jogo”, afirma André.

Símbolo da cidade

Alfredo habita há pelo menos cinco anos na lagoa. Ele é da espécie jacaré-de-papo-amarelo e, até o momento, não há registros de ataques a seres humanos. Além dele, outros dois jacarés, da mesma espécie, já foram vistos no mesmo lago.

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Em entrevista ao Estado de Minas, André fez um apelo às autoridades e ao grupo de resgate. “O pessoal podia fazer um monitoramento, acompanhando o Alfredo por alguns dias ou uma semana para ver se ele continua bem. Só esse vídeo não é suficiente. É importante manter os olhos atentos para saber se está tudo bem mesmo”, finaliza. 

*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice

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