Por trás de uma aparência de cuidado e carinho, o assassinato da auxiliar administrativa Priscila Azevedo Mundim, de 46 anos, revelou a agressividade e a postura possessiva do policial penal Rodrigo Caldas, de 45 anos, suspeito de a ter matado. Um desfecho que surpreendeu vários parentes e amigos presentes no velório dela, neste domingo (17/08), no Cemitério Parque da Colina, bairro Nova Cintra, Região Oeste de BH.

"Não parecia que tinha qualquer coisa errada (com Rodrigo). Ele era muito carinhoso com ela. Ele não dizia que estava afastado (do serviço como policial penal). Dizia que estava de férias premium. Tudo foi uma surpresa gigante. Esse monstro dilacerou a nossa alma. Não pode sair impune. Queremos justiça", disse a prima-irmã de Priscila, Thais Angélica Azevedo Mundim, muito abalada e amparada pelo marido.  

"A gente não sabia de questões de que ele (Rodrigo) estava afastado por problemas psicológicos. Não temos informação de histórico de agressão (contra mulheres)", afirma o cunhado da vítima, Leonardo Alves de Souza. "Na sexta-feira, quando esteve na minha residência, ele disse que estava atendendo à ocorrência da morte do gari, no Ceresp Gameleira", conta, expondo mais uma mentira, uma vez que ele está suspenso por questões psicológicas desde janeiro de 2024.

O principal suspeito é o policial penal Rodrigo Caldas, de 45 anos, namorado de Priscila. Ela foi vista pela última vez com vida quando os dois deixaram juntos a casa da irmã de Priscila, onde estavam se confraternizando.

Priscila Azevedo Mundim foi morta a facadas no Bairro Padre Eustáquio, na região Noroeste de BH

Reprodução
 

O casal namorava há cerca de cinco meses. Priscila tem dois filhos, um jovem de 22 anos e uma menina de 11 anos.

Como foi o crime?

Os desentendimentos mais visíveis de Priscila e Rodrigo, que podem ter sido o início da situação que culminou no crime começaram na confraternização de setxa-feira (15/08), na casa da irmã dela, Fabíola Mundim.

"Ele mostrou ela fazendo uma selfie e reclamou que ele não estava na foto. Eu disse a ele para ver no perfil dela. O que mais tinha eram fotos dele com ela. Ele ficou incomodado. estava muito ciumento naquele dia. A gente é atleticano e ele cruzeirense. Aí ele não gostou de uma brincadeira dela. A gente precisou pedir para ele ter equilíbrio, que era só brincadeira. Eram situações em que a gente ainda conseguia contornar", lembra o cunhado da vítima, Leonardo Alves de Souza.

Fabíola Mundim, irmã da vítima, conta que a irmã disse que estava se sentindo sufocada pelo namorado. Ao lado Leonardo, o seu marido

Leandro Couri/EM/.A.Press

"Senti um ciúmes extremo por parte dele. Ela me disse: 'não estou aguentando, ele está me sufocando'. Disse que ela não precisava mais disso. Ela me deu um abraço como nunca me deu antes e disse: 'irmã eu te amo'. Quando ela foi embora, senti uma angústia tão grande", lembra a irmã de Priscila, Fabíola Mundim. 

Na manhã seguinte, a irmã da vítima e o marido dela tentaram contato por telefone, mas não conseguiram falar nem com a auxiliar administrativa nem com o policial penal.

"Uma vez ele mostrou qual era o prédio em que morava e falou que era no segundo andar. A gente então foi para lá. Ninguém nos atendeu no interfone. Então saímos tocando em outros apartamentos até que abriram para a agente", lembra Fabíola.  

"Liguei para ele e ele atendeu e disse exatamente essas palavras: 'irmão, chama o 190, porque eu fiz merda' e o resultado está aí", disse Leonardo.

Prima de priscila, Thais, passou mal durante o velório. "Não imaginava. Ele era tão carinhoso com ela", disse.

Leandro Couri/EM/.A.Press

A polícia arrombou a porta e encontrou o casal no quarto, na mesma cama. "Ela foi estrangulada e estava morta ao lado dele. Ele estava com a blusa suja de sangue e com uma faca na mão, dizendo que iria se suicidar", conta o cunhado da vítima.

Depois do crime, o policial penal Rodrigo Caldas tentou se matar com uma facada na barriga. Ele foi encaminhado por policiais militares ao Hospital João XXIII, onde permanecia internado e sob custódia.

No fim da manhã, poucos parentes e amigos chegaram ao velório, assim como algumas coroas de flor para homenagear Prisicla. Aos poucos o ritmo de demonstrações de respeito aumentaram e muitos vieram se despedir. O corpo será sepultado às 15h.

Central de Atendimento à Mulher contra as agressões

  • Serviço funciona 24 horas, todos os dias da semana pelo telefone 180
  • Presta orientação sobre leis, direitos das mulheres e serviços
  • Esclarece sobre a rede de atendimento, como Casa da Mulher Brasileira e Centros de Referências
  • Orienta o encaminhamento a delegacias de atendimento à mulher, defensorias públicas, núcleos integrados de atendimento, entre outros
  • Informa sobre a localidade dos serviços especializados
  • Registra e encaminha denúncias aos órgãos competentes
  • Encaminha reclamações e elogios sobre os atendimentos prestados à mulher

A mãe dela, de nome Mércia, chegou muito abalada, demonstrando momentos de força ao lidar com o momento, mas também amparada em seu choro pelos mais queridos. Ela disse que não falaria ainda sobre a morte da filha.

O corpo chegou ao velório às 10h50, mesmo horário em que a mãe e alguns parentes.

De acordo com informações apuradas pela reportagem, o policial penal está afastado por questões psicológicas desde janeiro de 2024.

Parentes da vítima especulam que, por ter sido na mesma época em que se divorciou, o suspeito possa ter desenvolvido um quadro de depressão.

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