O pedido de bloqueio de bens de Renê da Silva Nogueira Júnior, suspeito do assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, também inclui a esposa e delegada Ana Paula Balbino Nogueira. O pedido feito pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) à Justiça, nesta terça-feira (19/8), envolve o valor de até R$ 3 milhões.

O MP entende que, por ser a proprietária da arma usada no crime, a delegada responde solidariamente pela indenização. Para o órgão, o padrão de vida que o casal expõe nas redes sociais e as trajetórias profissionais de ambos “fazem presumir a capacidade financeira para arcar com uma vultuosa quantia indenizatória”.

Segundo o MPMG, o objetivo do bloqueio é impedir que o casal desvie parte do patrimônio e não possa arcar com a indenização à família da vítima ao fim do processo, caso o empresário seja condenado. O pedido será analisado pelo juiz responsável pelo caso, que dará seu parecer.

 

“A gente confia tanto na investigação policial quanto na interpretação do Ministério Público para o caso. Esperamos que o inquérito e o processo transcorram sem nenhuma nulidade para que esse indivíduo seja, de fato, indiciado, denunciado, processado, ao final levado à júri popular e condenado”, afirmou Tiago Lenoir, advogado que representa a família de Laudemir.

Confissão 

Uma semana depois do crime, Renê confessou ter cometido o assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes no dia 11 de agosto. A confissão ocorreu nessa segunda-feira (18/8) durante interrogatório na sede do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ele está preso desde o dia do crime e aguarda a finalização do inquérito policial.

Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), o empresário alegou que efetuou o disparo devido a uma discussão de trânsito e que a sua esposa, delegada, não tinha conhecimento que ele havia se apoderado da sua arma particular, uma pistola calibre .380.

Renê confessou o crime depois da divulgação das imagens de uma câmera de segurança que mostram o empresário guardando a arma usada no crime. As gravações foram feitas pelo sistema interno do estacionamento do prédio em que ele morava, no Bairro Vila da Serra, em Nova Lima, na Grande BH.

Bruno Rodarte, advogado criminalista, analisa que a decisão de Renê de assumir a autoria do crime pode ter sido motivada pelo acúmulo de evidências que o incriminam. Além das filmagens, na sexta-feira (15/8), exames de microbalística confirmaram que o projétil que matou Laudemir saiu da arma de Ana Paula e o horário da câmera da empresa onde o suspeito trabalhava usado como álibi está errado.

“Nesse caso, pelo que nós temos informação, o que aconteceu foi o acúmulo de elementos probatórios contrários à tese que o Renê sustentou em um primeiro momento, negando a autoria. Consequentemente, a confissão acarreta na redução de uma eventual pena fixada ao final do processo”, explica Rodarte.

O especialista ainda frisa que, a partir do momento em que o indivíduo confessa, em qualquer hipótese, é imprescindível reduzir a pena.

O que acontece com a esposa do suspeito?

  • Logo após ser abordado por uma equipe da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) o suspeito afirmou que sua mulher é delegada

  • Desde os fatos, Ana Paula Balbino Nogueira, identificada como a esposa do suspeito de homicídio continua trabalhando

  • No dia 15 de agosto, a Polícia Civil confirmou que a arma utilizada no homicídio, uma pistola calibre .380, pertence à delegada

  • Ela  foi ouvida pela Corregedoria da corporação onde trabalha

  • As armas de serviço e pessoal foram apreendidas no mesmo dia do crime

  • A PCMG afirma que, até o momento, não há informações que incluem a delegada no homicídio do gari

  • A corporação acrescentou que o fato de a arma estar no nome da servidora do governo de Minas Gerais “não necessariamente” a coloca como coautora ou partícipe da ocorrência

  • A participação só será indicada caso fique constatado que a mulher entregou o armamento para o marido

*Estagiária sob a supervisão do subedito Humberto Santos

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