TRAGÉDIA EM BETIM

Homem que morreu soterrado na Grande BH estava de férias fazendo um 'bico'

João Bosco Damasceno, de 59 anos, era servidor público desde 2002 e conciliava há anos a carreira com serviços extras de topografia

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Pai de quatro filhos e apaixonado pela profissão de topógrafo, o servidor público João Bosco Damasceno, morreu na manhã desta terça-feira (2/9) ao ser soterrado quando estava fazendo bico em uma obra de um supermercado em Betim (MG), na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Prestes a completar 60 anos no dia 11 de setembro, João Bosco era conhecido pela dedicação ao trabalho e pelo carinho com a família. Nascido e criado no Bairro Angola, em Betim, ele conciliava há anos a carreira de servidor público com serviços extras de topografia.

O sobrinho da vítima, Júnior Damasceno, de 43 anos, esteve no local logo após a tragédia e relatou o impacto da perda. "Meu tio gostava muito de trabalhar com topografia. Não tinha feriado, férias, sábado e domingo. Há todo momento ele estava sempre trabalhando. Desde os 11 anos ajudava meu avô na roça. Nunca foi de ficar parado. E hoje infelizmente aconteceu essa fatalidade".

O acidente ocorreu quando João Bosco e mais um colega de trabalho estavam fazendo a instalação de um duto de drenagem e foram surpreendidos após a estrutura ceder. O servidor foi soterrado até a altura do pescoço e morreu no local. Segundo a Polícia Civil, o corpo de João foi encaminhado para o Instituto Médico Legal André Roquette, em Belo Horizonte, para exames.

O segundo trabalhador, de 46 anos, ficou soterrado até a cintura, socorrido consciente pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e encaminhado ao Hospital Regional de Betim com suspeita de fratura no fêmur e fortes dores na região da pelve.

"Ele entrou de férias no dia 1º de setembro e começou esse trabalho ontem. Hoje era apenas o segundo dia dele na obra", contou Júnior.

Segundo o sobrinho, as condições do local não eram ideais. "Estive no local e constatei que o terreno era muito úmido e argiloso, por isso que eles estavam realizando esse dreno, para secar o terreno. Eu já trabalhei com obra e esse tipo de terreno é muito instável, então pode ceder a qualquer momento. Nas valas acima de 1,25m é obrigado o escoramento. E lá não tinha escoramento. Eu acredito que a vala que meu tio estava tinha entre 1,50m, 1,60m de altura”, relatou Júnior.

A morte causou comoção entre familiares, amigos e moradores de Betim, onde João Bosco era conhecido por sua alegria e espírito trabalhador. "Ele era uma pessoa muito alegre, com muitos amigos, trabalhador, muito ligado à família e sempre rodeado de pessoas queridas. Vai deixar uma falta enorme", lamentou o sobrinho.

Em nota, a Prefeitura de Betim informou que o supermercado onde ocorreu o acidente possui alvará provisório válido até maio de 2026. Técnicos da Defesa Civil estiveram no local e determinaram a interdição da área até a conclusão dos laudos da perícia da Polícia Civil. O órgão também lamentou a morte de João Bosco, que integrava o quadro efetivo da prefeitura desde 2002.

"É com profundo pesar que a Prefeitura de Betim comunica o falecimento do servidor João Bosco Damasceno, de 59 anos, lotado no setor de Topografia da Empresa de Construção, Obras, Serviços, Projetos, Transportes e Trânsito (Ecos). O óbito ocorreu na manhã desta terça-feira (2), durante a execução de um serviço particular em uma obra de centro comercial. O servidor estava em período de férias desde segunda-feira (1º), com duração prevista de 30 dias corridos".

A Superintendência Regional do Trabalho de Minas Gerais, em nota, informou que tomará as providências necessárias para apurar as causas e as possíveis falhas de segurança no canteiro da obra. Todas as normas de segurança, bem como a utilização de equipamentos de proteção e as condições dos equipamentos serão verificados junto com a documentação das empresas envolvidas.

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O Superintendente do Trabalho, Carlos Calazans, lamentou a morte do trabalhador e renovou o apelo para que as normas de saúde e segurança do trabalho sejam devidamente observadas em todos os setores. "É com muita tristeza que a gente recebe mais uma informação de morte de trabalhador no desempenho de suas funções. Não podemos mais aceitar que pessoas saiam de suas casas para trabalhar e não retornem por falta de segurança. Nosso combate é diário, mas as medidas adequadas também passam pela conscientização, pelo investimento em segurança, em equipamentos e em treinamento, além, é claro, de profissionais de segurança capacitados para identificar os riscos antes dos acidentes".

Até a publicação dessa matéria não havia informações sobre o velório e sepultamento. Segundo a administração municipal, eles irão prestar todo o suporte necessário à família, incluindo o custeio do sepultamento e dos serviços funerários. 

*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice

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