Gerais

Prefeito acusa cidades de transferir moradores de rua para Divinópolis

Gleidson Azevedo afirma que vai recusar atendimento às pessoas encaminhadas por outros municípios e que bandido deve ser combatido

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O prefeito de Divinópolis (MG), Centro-Oeste do estado, Gleidson Azevedo (Novo), endureceu o discurso sobre a população em situação de rua. Em vídeo publicado na noite dessa quarta-feira (3/9), ele acusou cidades vizinhas de enviarem pessoas em vulnerabilidade para o município e declarou que recusará atendimento àqueles que vierem encaminhados de outras cidades. "Estão colocando dentro do ônibus e mandando para cá", disse.

As falas do irmão do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) ocorreram ao lado do vereador Matheus Dias (Avante), da secretária de Assistência Social, Juliana Coelho, e do vereador Wellington Well (PP). Entre os municípios mineiros citados, estão Nova Serrana, Pedra do Indaiá, Lagoa da Prata, Pará de Minas e Carmo do Cajuru, todos localizados no Oeste do estado. 

"Mantendo o crime nas ruas"

O vídeo foi gravado no mesmo dia em que a Secretaria de Assistência Social realizou uma ação de acolhimento na Praça do Santuário, área de grande concentração de moradores em situação de rua. A iniciativa aconteceu depois de um homem ser preso com 25 pedras de crack e ter voltado às ruas em menos de 24 horas.

A secretária Juliana Coelho destacou a necessidade de diferenciar vulnerabilidade social e criminalidade."É importante dizer o que é a população de rua e o que são usuários de drogas. Ontem mesmo uma pessoa foi presa por tráfico de drogas aqui, e em menos de 24 horas essa pessoa foi solta e já está nas ruas. Então, até que ponto a gente está aí mantendo o crime nas ruas?" O prefeito completou: "É porque tem situação que são moradores de rua. Tem situação que é bandido. E bandido você tem que combater."

Denúncias

As primeiras denúncias  foram feitas pelo vereador Matheus Dias. "Recebemos duas notificações da cidade de Nova Serrana e Pedra do Indaiá que estão encaminhando pra cá moradores em situação de rua sem o devido processo legal. Inclusive o prefeito já gravou um vídeo aí de Pedra do Indaiá, nós estamos documentados e embasados, não adianta vir falar."

Citando outras cidades, o prefeito cutucou os gestores vizinhos. "Não é só essa cidade, eu acredito que os prefeitos não estão sabendo disso, eu acredito de coração. Porque eu sei que tem [moradores em situação de rua] de Lagoa da Prata, Nova Serrana, igual você falou."

Em nota publicada nesta quinta-feira (4/9), a prefeitura de Divinópolis afirmou que o "acolhimento institucional é um recurso emergencial, pensado para garantir proteção em momentos de vulnerabilidade extrema". Por isso, conforme o órgão, é  dever da cidade de origem acompanhar seus moradores, oferecer políticas sociais adequadas e buscar articulação com outros municípios, de modo a assegurar os direitos de cada cidadão.

A prefeitura ainda informou que todos os serviços voltados à população em situação de rua são mantidos exclusivamente com recursos do próprio município. "Essa realidade reforça que o atendimento deve ser direcionado, prioritariamente, às pessoas que já vivem nas ruas da cidade", enfatiza a nota.

Posição da Prefeitura de Nova Serrana

A Prefeitura de Nova Serrana negou a acusação e explicou um episódio recente. Segundo nota oficial, um idoso recebeu atendimento médico na cidade e, após a alta hospitalar, foi levado equivocadamente ao Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop). Lá, manifestou o desejo de ir para Divinópolis. O deslocamento ocorreu por meio do Centro de Acolhimento Frederico Ozanan (CAFO), entidade filantrópica independente da prefeitura.

A gestão ressaltou que "Nova Serrana é referência no acolhimento, assegurando seus direitos básicos, a dignidade e a liberdade de escolha de cada pessoa atendida."

Prefeito de Pedra do Indaiá pede retratação

O prefeito Mateus Santos (Solidariedade) rechaçou a declaração. Disse que encaminhará à câmara pedido de retratação do vereador de Divinópolis, Matheus Dias, o primeiro a denunciar o que chamou de "abandono". Ele ainda tratou as acusações como mentira.

"Isso é uma mentira, isso nunca existiu. Pedra do Indaiá nunca encaminhou nenhum morador de rua para Divinópolis ou para qualquer outra cidade. Isso seria uma falta de respeito e nós não fazemos."

Ele explicou que o município pratica a política do migrante, semelhante à de outras cidades, inclusive Divinópolis. No dia 29 de agosto, um homem que se identificou como vindo de Goiás pediu ajuda para retornar a Três Corações (MG), sul do estado. Depois de contatar a família, ele decidiu passar por Divinópolis.

Santos ainda criticou a fala do vereador: "A forma com que o vereador falou fica parecendo que Pedra do Indaiá está descartando pessoas em Divinópolis. Eu gostaria muito que o vereador pensasse antes de falar besteira na tribuna e realmente entrasse em contato com a gente antes de levantar esse tipo de acusação."

Passagem social

Em resposta, a Prefeitura de Carmo do Cajuru afirmou que segue protocolos da Política Nacional de Assistência Social no acolhimento de pessoas em situação de rua. Quando o cidadão manifesta desejo de se deslocar para outro município, a Secretaria de Promoção Social concede a chamada "passagem social", feita via cartão eletrônico, garantindo transparência.

Na nota, a administração destacou: "É absolutamente imprópria qualquer interpretação que reduza essas pessoas à condição de objetos passíveis de depósito ou transferência como mera mercadoria."

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A reportagem entrou em contato com as prefeituras de Pará de Minas e Lagoa da Prata, contudo, não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

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