Dengue em MG: ‘2026 pode ser um ano difícil’, diz secretário
Fábio Baccheretti, titular da pasta da saúde estadual, alerta para a circulação de três sorotipos da doença no próximo período sazonal
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Siga noO secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, acredita que o próximo ano pode ser muito difícil em relação à dengue, pela circulação de três sorotipos (1, 2 e 3) do vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.
“Queremos mitigar, ou seja, reduzir o risco de termos muitos casos, com as ações preventivas. Mas olhando a forma epidemiológica, temos indicativos de ser um ano difícil por ter três sorotipos ao mesmo tempo no estado. Comumente, nos outros anos, tínhamos somente um sorotipo circulando. Com três, a chance de contaminar alguém que nunca teve aquele tipo e vai desenvolver a doença é muito maior”, afirmou.
A declaração do secretário foi dada em evento para tratar das ações de enfrentamento às arboviroses, nesta quinta-feira (4/9), na Cidade Administrativa, no Bairro Serra Verde, Região de Venda Nova. O governo do estado anunciou um pacote de R$ 203 milhões para implementar essas ações.
O secretário destacou que 2024, por diversos motivos, foi o pior ano da história de Minas, do Brasil, das Américas e do mundo por vários fatores em relação às arboviroses, em especial por causa do aquecimento global.
“Temos uma mudança climática muito importante que veio para ficar, infelizmente. Esse ciclo está ficando cada vez mais curto. Então, temos que nos adaptar. Por isso, é super importante começarmos (o combate) desde setembro”, afirmou.
No ano passado, todas as regiões do estado bateram recordes de casos de dengue. Neste ano, segundo Baccheretti, apenas a região do Triângulo registrou aumento de casos da doença.
“São Paulo teve um ano de dengue muito difícil e o Triângulo Mineiro tem uma circulação de pessoas muito próxima com o interior de São Paulo, onde estavam circulando os tipos de dengue 2 e 3. Então, o Triângulo, este ano, foi a única região que de fato chamou a atenção em número de casos, enquanto houve uma queda geral nas demais regiões”, ressaltou.
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Para o secretário, esses dois sorotipos que circularam no Triângulo vão permanecer no estado e isso é motivo de preocupação. “Temos mais vírus circulando ao mesmo tempo. E sabemos que uma infecção a curto espaço de tempo por tipos diferentes de dengue aumenta o risco da dengue grave”.
Baccheretti lembrou que o período chuvoso se inicia nas próximas semanas e é preciso trabalhar no combate ao vetor das arboviroeses. “Mais de 80% dos focos de dengue está dentro das casas. Precisamos que as pessoas limpem os ovos que estão grudados nas calhas, ralos. Precisamos fazer essa limpeza para que os ovos não estejam ali quando vier a chuva”.
Repasse dos recursos
Do total dos recursos anunciados, R$ 120 milhões serão destinados aos municípios para a preparação e resposta eficiente à situação de emergência. Para o controle da população de mosquitos, a SES-MG descentralizou a rede de veículos equipados com aspersores (UBV-Veicular), utilizados para a aplicação espacial de inseticidas. Serão repassados R$ 35 milhões para os consórcios municipais de saúde, que atendem todo o território mineiro.
Também serão investidos R$27 milhões no fortalecimento da rede de laboratórios do estado, garantindo maior agilidade nos diagnósticos e no monitoramento epidemiológico.
Para a estratégia VigiDrones, que usa veículos aéreos não tripulados no mapeamento de focos do mosquito em áreas de difícil acesso, otimizando o trabalho dos agentes comunitários de endemias (ACE), serão destinados mais R$ 21 milhões.
Baccheretti destaca que todos os municípios do estado possuem drones. “Eles têm capacidade não só de jogar o larvicida, que é ótimo. Mas também avisam ao município onde tem maior chance de infestação do mosquito; localizam uma caixa d'água com a tampa quebrada, destampada, para que as ações sejam mais assertivas. Temos também que treinar e capacitar os gestores municipais de saúde a organizar o sistema de saúde. Sabemos que a morte por dengue, chikungunya, tem que ser considerada uma morte evitável”.
Biofábrica
O secretário de saúde informou que a Biofábrica Método Wolbachia, do governo de Minas, localizada no Bairro Gameleira, Região Oeste de BH, deve começar a produzir e distribuir os mosquitos em dezembro. Baccheretti ressaltou que a fábrica, inaugurada em abril de 2024, não estava funcionando por problemas estruturais.
O equipamento é administrado pela SES-MG e pela Fiocruz, e foi construído com recurso de parte do Acordo Judicial firmado com a Vale, em razão dos danos provocados pelo rompimento da barragem de Brumadinho, em janeiro de 2019. A participação da mineradora também prevê o custo das operações da estrutura por cinco anos.
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“Equipamentos comprados pela Fiocruz, que é quem, de fato, tem a patente no Brasil e pode fazer a fabricação dos mosquitos, em dezembro teremos os mosquitos. Mas é importante dizer que esses mosquitos são mais uma arma a médio e longo prazo. Temos um grande exemplo em Niterói, no Rio de Janeiro, que não teve mais epidemias de dengue, depois de alguns anos, porque houve um controle através desse mosquito”.