'GANGUE DO CAPACETE BRANCO'

Dupla que espalhou terror em bairros da região centro-sul de BH é presa

Imagens mostram irmãos de 22 e 27 anos cometendo roubos violentos em diversos bairros da capital; dupla foi presa no Aglomerado da Serra e PM busca por foragido

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Um rastro de medo percorreu os bairros da Região Centro-Sul de Belo Horizonte nos últimos meses. Segundo a Polícia Militar (PM), três criminosos cruéis e calculistas espalharam pânico pelos bairros Sion, Anchieta, Cruzeiro e São Pedro. Os bandidos, identificados pelos militares como “Canalinha”, de 22 anos e Pedro Henrique, de 27, são irmãos e moradores do Aglomerado da Serra, também na Região Centro-Sul de BH. A dupla foi presa nessa quinta-feira (4/9), durante um patrulhamento no aglomerado.

De acordo com a PM, os irmãos não agiam sozinhos. Um outro jovem, que está foragido e foi identificado pelos militares apenas como Habilidoso, integra o grupo que ficou conhecido como a gangue do capacete branco. O trio utilizava uma motocicleta XRE e capacetes brancos para cometer os crimes. 

Câmeras de segurança registraram o modo de agir da gangue. Os bandidos chegavam de motocicleta, encostavam próximo ao meio-fio e avaliavam possíveis alvos. Na última terça-feira (2/9), um dos crimes mais chocantes ocorreu no no Bairro Sion. Um idoso de 60 anos foi abordado e agredido com coronhadas na porta do prédio em que mora. Cambaleando, o homem conseguiu  entrar no edifício, mas teve o aparelho celular roubado. 

 

Em outro flagrante, uma mulher sentada na calçada teve o celular arrancado da mão pelo assaltante. No bairro São Pedro, um jovem teve a mochila roubada, enquanto o comparsa aguardava ao lado acompanhando toda a ação.

Em um dos vídeos divulgados nas redes sociais, os suspeitos aparecem em uma motocicleta parada na esquina das ruas Gonçalves Dias e Rio Grande do Sul, ponto bastante movimentado do Bairro Santo Agostinho. Um deles usa roupa preta, o garupa, uma blusa azul, e ambos estão com capacete branco.

O garupa desce da moto com tranquilidade, observa o movimento e se aproxima de um homem que caminhava pela calçada. Em uma abordagem rápida, o suspeito, aparentemente armado, rende a vítima e leva a aliança de casamento. Em seguida, retorna à moto e foge com o comparsa. A ação, breve mas fria, reforça a sensação entre os residentes de que a dupla conhece bem a área e circula com frequência pelo entorno.

Câmeras de segurança registraram diversas ações dos bandidos em pontos estratégicos da Região Centro-Sul. No início do mês, os criminosos já haviam sido flagrados atacando moradores na Avenida Uruguai, na altura do número 895. Em outra abordagem, na Rua Venezuela, 325, a dupla voltou a agir durante a manhã, enquanto na Rua Albita, 558, houve mais um registro de roubo à noite. 

Todos essas ocorrências em ruas do Bairro Sion denunciam que os ataques se repetem e indicam que os locais eram escolhidos cuidadosamente, segundo a PM.

Como ocorreu a prisão?

Durante um patrulhamento nessa quinta-feira (4), a Polícia Militar notou uma dupla circulando no Aglomerado da Serra em uma moto. O veículo e os os capacetes dos ocupantes tinham as mesmas características daqueles flagrados pelas câmeras durante os crimes. Os suspeitos então foram abordados, mas iniciaram uma fuga.

A Polícia Militar (PM) montou um cerco e, após longa perseguição, os militares conseguiram interceptar a dupla em um beco na Vila Santana do Cafezal. Na residência dos irmãos, foram apreendidas drogas, uma pistola calibre 765, relógios, carregadores, fones de ouvido, capacetes brancos e a motocicleta utilizada na maioria dos crimes. 

Ainda de acordo com a PM, os irmãos não agiam sozinhos. Um homem, conhecido como Habilidoso, integra a gangue e foi identificado a partir do celular de uma vítima, que registrava uma chamada de vídeo no momento do assalto. Uma das pessoas na chamada conseguiu 'printar' a tela, capturando a imagem do criminoso, que ainda não foi preso. Nas redes sociais, Habilidoso ostenta celulares de alto valor, fotos com bebidas, rádios comunicadores e drogas. 

Segundo o sargento da Polícia Militar Marcelo Souza, a população foi essencial para a prisão e identificação dos integrantes da gangue. A PM reforça que denúncias sobre qualquer tipo de crime podem ser feitas de forma anônima e são decisivas para a captura dos bandidos.

Operação Saturação


Para conter a onda de crimes, a Polícia Militar lançou nesta sexta-feira (5/9) a Operação Saturação, que tem como objetivo aumentar a sensação de segurança na área do 22º BPM e coibir a incidência de crimes violentos nos bairros mais afetados. A ação atua com reforço de viaturas, motocicletas e policiamento a pé.

Segundo o Capitão Daniel Pantuzzo, apesar da redução no número de roubos neste ano em comparação com 2024, os crimes envolvendo agressão continuem gerando sensação de insegurança na população. “O objetivo (da operação) é identificar e estancar essas ocorrências rapidamente, evitando que a população perceba aumento da criminalidade. Buscamos imagens e informações para identificar os autores e a comunidade tem sido essencial nesse processo”, explicou

A Operação Saturação não tem prazo definido para terminar e segue avaliando resultados objetivos, como prisões, recuperação de bens, abordagens realizadas e remoção de motocicletas irregulares.

Panorama geral da criminalidade

Segundo o Observatório de Segurança Pública da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp), o estado registrou 4.660 ocorrências de roubo no primeiro semestre de 2025. Os dados, extraídos em 5 de julho pelo Armazém Sids, indicam uma queda de 21,61% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram 5.947 casos.

A taxa de registro foi de 21,85 ocorrências por 100 mil habitantes, o menor índice da série histórica apresentada na tabela. As estatísticas incluem registros feitos por diferentes órgãos de segurança pública, como as polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros, sistema socioeducativo e sistema prisional. 

Na capital mineira, entre os 50 bairros com maior número de roubos registrados em 2024, dez estão localizados na Região Centro-Sul, conforme série de reportagens publicadas pelo Estado de Minas em março deste ano. Juntos, esses bairros contabilizaram 1.185 crimes envolvendo violência ou ameaça com subtração de pertences e valores. O bairro com o maior número de registros foi o Centro, com 679 ocorrências. 

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Dando sequência à lista, a Regional Nordeste aparece como a mais afetada, com 561 ocorrências. O destaque fica para o Bairro União, que concentra 104 casos. Em seguida vem a Noroeste, com 391 registros, sendo a Lagoinha o mais violento da região, com 80 ocorrências. Depois, aparecem as regionais Leste (351), Oeste (339), Norte (219), Pampulha (198), Venda Nova (140) e Barreiro (44)

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