Professor humilhado por aluno em BH ao ter calça abaixada: ‘Vou à Justiça’
Constrangimento aconteceu em meio a um tratamento do docente contra a depressão. Educador pedirá indenização por danos morais e materiais; entenda
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Siga noO professor André Segala, de 38 anos, que relatou ter sido humilhado na Escola Municipal Carmelita Carvalho Garcia, no Bairro Ouro Preto, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, afirma que vai recorrer à Justiça.
Logo depois de deixar a sala de aula, o docente se deslocava no corredor em direção à escada, quando o estudante, de 12 anos, abaixou a calça dele, que foi parar nos pés, segundo contou Segala à reportagem.
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Além do constrangimento, o episódio causou prejuízos financeiros. Ao se assustar com a situação inesperada, ocorrida em 26 de agosto, o professor largou os pertences que carregava a fim de se vestir o mais rápido possível.
“Vou entrar com uma ação na Justiça reivindicando indenização à administração municipal não só por danos morais, mas também materiais. Meu tablet e meu notebook caíram no chão e ficaram danificados”, contou o professor, acrescentando que já pediu orientação ao sindicato da categoria. A data para ingressar com a ação ainda não foi definida.
“Além da desmoralização, estou tendo desgastes significativos com a saúde. O excesso de medicação e a falta de sono estão acabando comigo”, disse o professor em conversa com a reportagem na noite deste sábado (6/9).
De acordo com o docente, o estudante responsável pelo constrangimento saiu correndo logo após puxar a calça dele. O professor acredita que sua sexualidade e uma repreensão ao aluno na semana anterior tenham relação direta com o ocorrido. “Era dia de prova e eu o mandei virar para frente. Isso desencadeou uma angústia nele, o que o levou a premeditar o ato. Além disso, tenho certeza que isso não passaria pela cabeça dele com um professor heterossexual”, disse ao EM na última quinta-feira (4/9).
Tratamento contra depressão e homofobia na escola
André Segala contou que a humilhação sofrida tem gerado gatilhos e pensamentos recorrentes sobre a atitude do aluno. “Eu faço tratamento contra uma depressão profunda. Involuntariamente me pego pensando na cena e fico sentindo vergonha. Mesmo tomando remédio, acordo à noite pensando nisso. Isso tudo aconteceu em um momento muito delicado da minha vida”, desabafou.
Dias depois de voltar de uma licença no fim de março deste ano, Segala afirmou que foi vítima de homofobia na sala de aula. “Na ocasião, não representei contra a aluna. Tentei encarar como algo pontual. Ela me chamou de todos os nomes possíveis e estava focada em me ofender em função da minha sexualidade. Por fim, ela disse: ‘Não dá nada pra mim’. Essa aluna continua do mesmo jeito. Geralmente, ela não fica dentro da sala e só entra pra causar confusão e constrangimento, além de se vestir com roupas inapropriadas, sempre muito erotizada. A gestão fica penando com ela. É um desgaste para todos”, explicou.
“Estudantes ganham uma autoridade que não deveriam ter”
O professou relatou à reportagem que em outro episódio mais recente, no início de agosto, teve uma discussão com uma aluna, pois ela saía e entrava na sala de aula frequentemente. “Então falei que a escola não era lugar para vagabundear, mas, sim, para estudar. Caso não quisesse assistir à aula, que dormisse, mas não atrapalhasse. No outro dia, o pai dela, agressivo, apareceu no colégio. A garota disse que eu a chamei de vagabunda.”
Na oportunidade, o colégio, segundo o professor, assumiu um papel “civilizado e democrático” de ouvir “ambas as partes”. Embora as devidas apurações devam ocorrer, Segala aponta falta de pulso firme da direção escolar a fim de solucionar as crises de relacionamento.
“Sou um profissional experiente. Tenho 16 anos de carreira. Já atuei como diretor, vice-diretor e coordenador. Lidei com os mais diversos casos. Nunca vi escola tão refém dos alunos quanto essa. Aluno e professor não podem ser colocados no mesmo patamar. Os estudantes ganham uma autoridade que não deveriam ter”, concluiu.
Secretaria de Educação e Polícia Civil se posicionam
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação (SMED) informou que “a direção da Escola Municipal Carmelita Carvalho Garcia já se reuniu com todos os envolvidos, incluindo a família do aluno”.
Conforme a pasta, o professor está sendo acolhido pela SMED e pela equipe de gestão da escola. Já o estudante passará por “acompanhamento psicopedagógico”, esclareceu a secretaria.
Procurada pelo EM, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) disse que apura os fatos. “Outras informações serão divulgadas somente em momento oportuno”, pontuou a instituição policial.
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