Pesquisador diz ter sofrido racismo por segurança da UFMG
Em relato, o doutor em Antropologia afirma ter sido confundido com um entregador e, por isso, foi perseguido pelo segurança
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Siga noO pesquisador e doutor em antropologia Reginaldo Cordeiro dos Santos Junior afirma ter sido vítima de racismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), nesta segunda-feira (15/9). Ele relata que, ao levar uma caixa com material de pesquisa para uma sala na instituição de ensino, foi abordado de “maneira truculenta” por um segurança da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich).
“Ele (o segurança) imediatamente me identificou como entregador, questionando em tom agressivo ‘o que eu estava entregando’. Informei que sou pesquisador da UFMG, ao que o segurança respondeu, em tom sarcástico: ‘Ah, você é pesquisador, né?’”, explica Reginaldo.
O caso foi compartilhado nas redes sociais, em perfis de algumas entidades da universidade - como o Centro Acadêmico de Ciências Sociais, de Antropologia e Arqueologia, o Diretório Acadêmico da Fafich, o Centro de Convivência Negra e Movimento Negro da UFMG.
Na publicação, diversos usuários comentaram em apoio a Reginaldo. “Toda solidariedade ao professor Reginaldo, um dos melhores professores que tive. É assustador esse vídeo e o relato do professor. E ainda tem gente que tenta justificar uma barbaridade dessas”, escreveu um perfil.
Em relato de ocorrência, o pesquisador detalhou toda a abordagem pelo segurança. “O referido segurança passou a me perseguir com um celular na mão, em atitude de intimidação. Apesar de o portão lateral estar aberto para todas as pessoas, fiz questão de utilizar minha carteirinha da UFMG para registrar minha entrada pela roleta. (...) Após a entrada, tanto o segurança quanto a supervisora de acesso, em tom de concordância, afirmaram não ter dúvidas de que eu era entregador, insinuando ainda a possibilidade de que houvesse algo ilícito dentro da caixa.”
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Ele ainda explica que o mesmo segurança já o havia acompanhado na saída com a mesma caixa de materiais, na manhã da última sexta-feira (12/9), “ocasião em que também me pediu para reposicionar o carro utilizado na viagem. Atendi prontamente à solicitação, explicando que havia estacionado no local apenas para facilitar o carregamento do material de campo”.
Depois do ocorrido nesta segunda-feira (15/9), Reginaldo afirma que, após relatar o ocorrido à direção da Fafich, a situação se agravou. De acordo com o pesquisador, o mesmo segurança estava na porta do prédio e passou a fotografá-lo. O pesquisador conta que voltou à direção e pediu para que fosse acompanhado até o carro e conseguisse sair em segurança do local.
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Em nota, a UFMG informou que a direção da Fafich acolheu a denúncia de Reginaldo e acionou a Pró-reitoria de Administração para que sejam tomadas as devidas providências. A universidade ainda afirmou estar apurando os fatos, ouvindo as partes envolvidas.
"A instituição reitera seu repúdio a qualquer forma de racismo, discriminação e violência e informa que seus seguranças têm sido treinados para lidar, de forma respeitosa, com a sua comunidade em toda a sua diversidade", finalizou.
*Estagiária sob a supervisão dos subeditores Humberto Santos e Thiago Prata