Nova espécie de inseto é descoberta em Minas Gerais
O nome Guaranyperla puri foi dado em homenagem ao povo indígena que vive na região do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro
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Siga noUma nova espécie de inseto foi descoberta no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, na Zona da Mata mineira. Batizada de Guaranyperla puri, a nova espécie pertence à família Gripopterygidae.
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A identificação foi resultado de estudos de doutorado conduzidos pela pesquisadora Mellis Layra Soares Rippel, no Programa de Pós-Graduação em Entomologia da Universidade Federal de Viçosa (UFV). A pesquisa foi realizada no Laboratório do Museu de Entomologia da instituição.
Segundo Mellis, o interesse em pesquisar sobre a espécie surgiu pela falta de estudos sobre a delimitação e a relação entre os insetos dessa família. O gênero Guaranyperla tinha sido descrito pela última vez em 2001, com três espécies. Apenas 24 anos depois, o gênero foi revisado, e atualmente conta com seis espécies descritas, incluindo duas novas e uma transferida de outro gênero.
O inseto possui um ciclo de vida peculiar: no início da vida, como ninfa, vive dentro da água, depois o inseto passa por transformações e muda. Ao desenvolver asas e sistema reprodutivo, o animal migra para o ambiente terrestre: essa mudança marca o início da vida adulta.
A Guaranyperla puri, encontrada no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, recebeu esse nome em homenagem ao povo indígena Puri, que habita a região. A descoberta de uma nova espécie nesse local reforça a importância da conservação ambiental na área. O inseto pertence a um gênero endêmico, que só existe na Mata Atlântica brasileira.
"Quando analisamos os exemplares, tanto do ponto de vista morfológico quanto molecular, percebemos que estávamos diante de uma espécie nova. Isso indica que o parque ainda mantém um grau elevado de preservação ambiental e reforça sua importância científica", ressalta Mellis.
Para a identificação, os pesquisadores usaram dados moleculares das espécies já conhecidas, comparando os "códigos de barras" genéticos, ou seja, os detalhes no DNA que diferenciam cada espécie. As análises congruentes entre si evidenciaram essa diferença no DNA.
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Durante a pesquisa, Mellis afirma que um dos maiores desafios foi a necessidade de analisar o sistema reprodutor do inseto em todas as suas fases de vida: macho, fêmea e ninfa. Para capturar os animais, foram usadas armadilhas luminosas à noite, e mesmo assim, foi necessário criá-los em laboratório para a pesquisa. Como é um inseto raro na natureza, associar a ninfa ao adulto foi um desafio adicional.