HOMICÍDIO

Morte de gari: delegada acompanhou registro de B.O antes de Renê ser preso

Ana Paula Lamego Balbino foi indiciada por prevaricação por saber que o marido poderia ter cometido o crime e não denunciá-lo ou prendê-lo

Publicidade
Carregando...

A Corregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu que a delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira fez pesquisas sobre a morte do gari Laudemir de Souza Fernandes, em 11 de agosto, antes do marido ser preso, no fim da tarde do mesmo dia. O Estado de Minas teve acesso à conclusão do inquérito que tramitou na corregedora desde o dia do crime. A servidora foi indiciada por prevaricação, por saber que o marido matou o gari Laudemir de Souza Fernandes, em 11 de agosto e não o prendeu ou denunciou.

No documento, os investigadores constataram, ainda, que a servidora acessou o sistema REDs, onde há registros de ocorrências em andamento e finalizadas, uma hora depois do homicídio e pesquisou informações sobre o crime. 

Ao longo do inquérito, sobre a morte de Laudemir, a PCMG não conseguiu confirmar se a delegada sabia, ou não, que o marido matou uma pessoa a caminho do trabalho. Durante coletiva de imprensa, após a conclusão do inquérito criminal, o delegado Matheus Moraes, afirmou que no dia do crime diversas mensagens trocadas entre os dois foram excluídas e eles teriam passado a se comunicar por ligação via aplicativo de mensagem. 

“Há várias mensagens apagadas no celular dele e isso dificultou essa conclusão da ciência dela, ou não, da prática criminosa. Porém, alguns áudios foram recuperados, o que possibilitou que chegássemos à conclusão que ela tinha ciência do porte de arma”, afirma. 

No entanto, durante as investigações administrativas, na Corregedoria da corporação, os policiais conseguiram recuperar, após a quebra do sigilo dos conteúdos do celular da delegada, que às 14:37, Ana Paula mandou um print de uma matéria publicada por um veículo de imprensa de BH com imagens do carro usado pelo suspeito de matar o gari. Em seguida, o homem liga para a esposa e os dois conversam por cerca de 7 minutos. 

De acordo com o documento, na segunda-feira (11/8), Ana Paula ligou para o marido 23 vezes entre 9h18 - nove minutos depois que Laudemir foi baleado na Rua Modestina de Souza, no Bairro Vista Alegre, na Região Oeste de Belo Horizonte - e 16h33, momentos antes da prisão do principal suspeito Renê da Silva Nogueira Júnior, marido da delegada. Dos contatos, apenas seis não foram atendidos pelo empresário. 

Durante o depoimento prestado logo após sua prisão em flagrante, Renê afirmou que ligou para a esposa na manhã do dia 11 de agosto, por volta das 8h40, informando que o trânsito estava ruim. Segundo ele, a próxima ligação teria ocorrido às 14h, quando avisou que tinha saído para passear com os cachorros. Por fim, Renê disse ter entrado em contato novamente com a esposa assim que foi abordado pelos policiais militares.

Histórico de pesquisas 

A arma utilizada no homicídio, uma pistola calibre .380, pertence à delegada Ana Paula, esposa de Renê, e foi apreendida na residência da servidora no mesmo dia do crime. Durante a finalização das investigações sobre a circunstância da morte de Laudemir, ficou constatado que a mulher permitia que seu marido tivesse acesso aos seus armamentos, de uso pessoal e de uso profissional cedida pelo estado. 

Desde 11 de agosto, a Corregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) instaurou um procedimento administrativo para investigar a participação da delegada no crime. No dia, Ana Paula foi levada até a sede do órgão correcional para ser ouvida em relação ao uso de sua arma pessoal no crime e teve seu aparelho celular apreendido. 

Na ocasião, ao ser questionada sobre a possibilidade de Renê usar as pistolas em alguma situação, Ana Paula afirmou que “nunca presenciou” o investigado manejando as armas e “nunca” autorizou, cedeu, forneceu ou emprestou qualquer armamento. 

Na oitiva, a delegada também afirmou que não tinha tomado ciência do crime. No entanto, após consulta no relatório descritivo de acesso da plataforma de Registro de Eventos de Defesa Social, os investigadores da Corregedoria constaram que das 10h30 às 13h20 Ana Paula fez 29 pesquisas com o seu nome, a placa do carro modelo BYD usado pelo marido, o nome de Renê e o nome da vítima. 

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

Como o crime aconteceu?

  • Equipe de coleta de lixo trabalhava na Rua Modestina de Souza, Bairro Vista Alegre, em BH, na manhã do dia 11 de agosto.
  • Motorista do caminhão, Eledias Aparecida Rodrigues, 42 anos, manobra para liberar passagem, após ver uma fila de carros se formar atrás dela.
  • Eledias e os garis acenam para Renê da Silva, que dirigia um carro BYD, permitindo a passagem.
  • O suspeito abaixa a janela e grita que, caso encostasse em seu veículo, ele iria "dar um tiro na cara" da condutora.
  • Na sequência, ele segue adiante, estaciona, sai do carro armado; derruba o carregador, recolhe e engatilha pistola, segundo o registro policial.
  • Ele faz um disparo que atinge Laudemir no abdômen.
  • O gari é levado ao Hospital Santa Rita, em Contagem, na Grande BH, mas morre por hemorragia interna.
  • No local, PM recolhe projétil intacto de munição calibre .380.
  • Horas após o crime, a PM localiza e prende Renê no estacionamento de academia na Av. Raja Gabaglia.
  • Flagrante convertido em prisão preventiva em audiência de custódia, no dia 13 de agosto, a pedido do Ministério Público de Minas Gerais
  • Renê está preso no Presídio de Caeté, Grande BH

Acesse o Clube do Assinante

Clique aqui para finalizar a ativação.

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay