PATRIMÔNIO NATURAL

MG: Incêndio atinge Parque Nacional Cavernas do Peruaçu

Segundo responsáveis, os sítios arqueológicos e cavernas não foram atingidos pelas chamas. A causa do fogo ainda é desconhecida

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Um incêndio que atingiu as áreas do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, entre os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões, no Norte de Minas, foi controlado na noite de terça-feira (23/09).

As causas do incêndio ainda são desconhecidas e o fogo só foi controlado depois de quatro dias. Havia uma grande preocupação em relação ao conjunto de sítios arqueológicos do Cânion do Peruaçu, que em 13 de julho deste ano foi reconhecido como Patrimônio Natural Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

Ouvida pelo Estado de Minas, na tarde desta quarta-feira (24/09), a gestora do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu, Dayanne Sirqueira, garantiu que os sítios arqueológicos e cavernas não foram atingidos pelas chamas e permanecem integralmente preservados. Dayanne é servidora do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), responsável pela administração da área de preservação, que alcança o total de 38.003 hectares, reunindo 250 cavernas e 118 sítios arqueológicos.

A gestora disse que ainda não se sabe a extensão devastada pelo incêndio, que começou sábado (20/09). “O incêndio foi controlado, sim. A gente segue fazendo monitoramento porque ele (o fogo) não está (totalmente) extinto. Nenhum sítio arqueológico foi atingido e a área devastada ainda não foi contabilizada”, alegou Dayanne Sirqueira.

A mesma informação foi dada pelo 7º Batalhão do Bombeiro Militar (BBM) de Montes Claros, que esteve à frente das ações de combate ao fogo na região. Por outro lado, a Organização Não-Governamental (ONG) Instituto Grande Sertão, de Montes Claros, divulgou que, por meio de imagens de satélite, foi constatado que as chamas consumiram 354 hectares de vegetação na região do Peruaçu.

Força-tarefa

Para combater o incêndio no Vale do Peruaçu e evitar maior destruição das veredas da região e que as chamas atingissem a área de cavernas e dos sítios arqueológicos, foi formada uma força-tarefa, integrada por 61 combatentes, entre eles militares do Corpo de Bombeiros, brigadistas do ICMBio, do Instituto Estadual de Florestas (IEF), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), da Associação Mineira de Defesa do Ambiente (AMDA) e do Parque Estadual Veredas do Peruaçu (PEVP), com o apoio da Polícia Militar.

As ações de combate ao fogo envolveram o empenho do Helicóptero Pegasus 22 e duas aeronaves Air Tractor da Força-Tarefa Prev/Incêndio (do Governo do Estado, por meio do Corpo de Bombeiros e do IEF) e cinco caminhões-pipas cedidos pelas prefeituras de Januária, Itacarambi e São João das Missões, além de oito caminhonetes e um trator.

“O uso de drones também foi fundamental no monitoramento dos focos e no direcionamento das estratégias de combate em campo”, informa o Corpo de Bombeiros.

Chuva ajudou a controlar o incêndio

Mas mesmo com o esforço da força-tarefa, com o uso de helicóptero, de aviões e da patrulha mecanizada por terra, a “ajuda” determinante para o controle do incêndio no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu veio do céu. A chuva que caiu na região na tarde de terça-feira (23/9) foi considerada crucial para apagar as chamas, especialmente, em locais de difícil acesso.

“O fogo estava numa proporção fora de controle. Ainda que estivessem trabalhando mais de 60 homens, com o emprego de dois aviões air-tractor, um helicóptero e cinco caminhões-pipas, o que realmente ajudou a evitar uma catástrofe ambiental foi a chuva que caiu pontualmente no quarto dia do incêndio”, afirmou o ambientalista e espeleólogo Leonardo Giunco, integrante do conselho gestor do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu.

Combate a incêndio no Peruaçu
Combate a incêndio no Peruaçu Corpo de Bombeiros/divulgação

“As equipes atuaram em áreas de vereda e cerrado, realizando a abertura de aceiros, combate direto e ações de rescaldo. O trabalho conjunto foi decisivo para proteger comunidades vizinhas e conter o avanço das chamas. Uma chuva leve registrada na região também contribuiu para a redução do risco de propagação”, informou o Corpo de Bombeiros.


Os principais atrativos do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu salvos do incêndio

Com o incêndio controlado no Parque Nacional do Peruaçu, foi salvo o conjunto de sítios arqueológicos do cânion da área, reconhecido como Patrimônio Natural Mundial pela Unesco. Conheça seus principais atrativos:

Gruta do Janelão

Um dos cartões-postais do Peruaçu é a Gruta do Janelão, cujas galerias ultrapassam 100 metros de altura e largura, iluminadas por “claraboias” naturais que formam pequenos bosques internos e o curso do rio Peruaçu. No local, encontra-se também a Perna da Bailarina, a maior estalactite do mundo, com aproximadamente 28 metros de comprimento. O percurso foi ampliado recentemente, e é possível acessar a zona escura da gruta, uma outra experiência magnífica.

Trilha do Arco do André

Ideal para aventureiros. São cerca de 8 km de percurso sem muita infraestrutura, com mirantes espetaculares como o das Cinco Torres, e passagem por cavernas como Troncos e Cascudos, onde o rio Peruaçu atravessa fundos calcários, formando espelhos d’água verde-esmeralda.

Gruta do Índio

Fácil acesso por passarela. Apresenta belíssimos painéis de arte rupestre que se estendem até o teto. O local também oferece vista para a entrada da Gruta do Janelão por meio de um mirante elevado.

Gruta Bonita

Caverna totalmente escura, com passarelas, repleta de formações espeleológicas (estalactites, estalagmites, travertinos, etc.). Um dos destaques é o “Salão Vermelho”, coberto por sedimentos avermelhados.

Lapa dos Desenhos

Possui painéis rupestres impressionantes em diversas técnicas e estilos, exibindo a riqueza cultural ancestral do vale. A trilha segue margeando o rio e passa por matas de galeria e por regiões mais secas.

Gruta do Rezar

Entrada majestosa com claraboia e cânion do rio. Abriga pinturas e gravuras rupestres bastante conservadas. Exige esforço maior (mais de 500 degraus) até seu salão de entrada de 90 × 40 m. No passado, romeiros da região acessavam a gruta para rezar.

Gruta do Caboclo

Famosa pelos motivos: concentra pinturas rupestres do “estilo caboclo”, exclusivas do Vale do Peruaçu. A trilha também passa por mirantes com belas vistas da vegetação local.

Gruta do Carlúcio

Trilha que passa por mirantes, mostrando a transição entre mata seca, cactos e mata de galeria. A caverna propriamente dita possui rochas caídas do teto, demonstrando seu papel no processo geológico. Fácil acesso por passarela. Apresenta belíssimos painéis de arte rupestre que se estendem até o teto. O local também oferece vista para a entrada da Gruta do Janelão por meio de um mirante elevado.

Lapa do Boquete

Sítio arqueológico de extrema relevância. Abriga evidências de sepultamentos pré-históricos e silo de armazenamento, com vestígios de até 12.000 anos atrás.

 

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