Obras para conter inundações no Aeroporto da Pampulha são concluídas
Pampulha recebe obras de drenagem e bacias de contenção para acabar com alagamentos históricos
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Siga noO cenário era sempre o mesmo; ruas alagadas, comércio paralisado e casas invadidas pela água. Moradores do entorno do Aeroporto da Pampulha Carlos Drummond de Andrade, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, e da Praça Bagatelle lembram com dificuldade das chuvas intensas que atingiam a região, às vezes ultrapassando 80 centímetros de altura e causando estragos generalizados.
Nesta terça-feira (30/09), após 20 meses de obras, a expectativa é que essa realidade comece a mudar com a entrega do novo sistema de macrodrenagem e bacias de contenção, um investimento superior a R$ 60 milhões.
O fim do transtorno, frequente em dias de chuva, será possível com a implantação da nova rede de drenagem, canais de escoamento e da bacia de detenção, que se estende da Praça Bagatelle até a cabeceira 13 do aeroporto. Com as intervenções concluídas, os históricos alagamentos que afetavam o sítio aeroportuário e as vias do entorno especialmente a Avenida Santa Rosa e ruas próximas devem ser definitivamente resolvidos.
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Além de beneficiar a operação do terminal de passageiros, as melhorias vão garantir maior fluidez no trânsito, segurança para pontos de ônibus e acesso facilitado a comércios e residências da região, evitando congestionamentos e outros transtornos.
“Ampliamos a captação de água na região da Praça Bagatelle, com a construção de novos pontos de captação, incluindo um túnel de ligação que direciona a água das áreas internas do aeroporto para uma grande canaleta, que leva à bacia de contenção.
O objetivo é reter a água de chuva que vem da região do entorno, armazená-la e soltá-la de forma controlada”, explicou Rogério Guimarães, gerente de engenharia da Motiva, concessionária que administra o terminal. A capacidade da bacia de contenção chega a 16 milhões de litros, o equivalente a mais de seis piscinas olímpicas.
Conforme o gerente do aeroporto, Mauricio Alves, os transtornos causados pelas inundações eram extensos: “As inundações atingiam a área operacional, o terminal de passageiros, estruturas administrativas e alguns hangares que estão no mesmo nível do terminal. Com o novo sistema de drenagem, esses problemas serão solucionados, trazendo melhorias não apenas para o aeroporto, mas para toda a região.”
Desde que a administração foi assumida, em maio de 2022, foram feitos diversos investimentos estratégicos. “Mais de R$ 60 milhões foram aplicados no novo sistema de drenagem, além de melhorias internas no terminal de passageiros, nova sinalização de pátio e manutenção do sistema de pistas e de pouso. Agora entramos na fase 1B de investimentos, com foco na infraestrutura e expansão da operação”, detalha Mauricio Alves.
Sobre as pistas e taxiways, Alves explica que as obras de expansão incluem a implantação de um novo sistema de taxiamento para aeronaves, com duas novas taxiways, “melhorando a operação, aumentando a segurança e reduzindo custos". As obras trazem mais eficiência e qualidade nas operações aéreas, garantindo que as aeronaves possam pousar e decolar com mais segurança e de forma mais rápida.”
O aeroporto é o mais movimentado no segmento de aviação geral de asa fixa em Belo Horizonte, com mais de 180 movimentos de aeronaves por dia, totalizando mais de 5.600 por mês. A infraestrutura abriga mais de 30 hangares e gera, direta ou indiretamente, mais de 1.600 empregos. “O trabalho no aeroporto está em um momento muito positivo, com crescimento superior a 13% em relação ao ano passado, o que gera uma expectativa muito boa para este ano”, afirma Alves.
"Tem que esperar acontecer a chuva"
Moradores e comerciantes observam com expectativa os resultados das obras, mas mantêm certa cautela. Valdemar Pereira de Barra, morador da região, lembra dos alagamentos históricos e ressalta que ainda é preciso esperar a primeira chuva forte para comprovar a eficácia das intervenções. “Subia muita água. Toda a praça, ruas e comércio ficavam alagados. Casas também eram afetadas. Agora, com essas obras, se realmente funcionarem, vai melhorar bastante”, comenta, acrescentando: “Mas tem que ver, tem que esperar acontecer a chuva para avaliar de verdade.”
A comerciante Luciana Cordeira reforça o otimismo cauteloso: “Em verões intensos, a água passava dos 80 centímetros. O trânsito ficava parado e o comércio sofria muito. Hoje, a expectativa é positiva, mas teremos que esperar a primeira chuva forte para ver se funciona de fato.”
Já Maria Lúcia, aposentada de 78 anos, vê alívio no investimento, mas reconhece que o teste real será quando o período chuvoso chegar: “Para quem mora aqui há tanto tempo como eu, ver um investimento assim traz esperança, mas precisamos ver como vai se comportar com chuva intensa.”
Entre opiniões otimistas e cautelosas, alguns moradores apontam efeitos colaterais da fase 1B das obras. Um morador, que prefere não se identificar, relata: “Caminhões e tratores operam durante a madrugada, barulho alto, poeira… afeta o descanso e a rotina da vizinhança. É um transtorno que precisa ser equilibrado com os benefícios prometidos.”
Segunda etapa
A fase 1B das obras já foi iniciada, com investimentos de R$ 80 milhões, e inclui melhorias na pista de taxiamento, cercamento, ajustes das taxiways, correção de declividade, sinalização e pavimentação. Serão mobilizados 270 trabalhadores simultâneos, 85 equipamentos de grande porte, executando 370 mil metros cúbicos de terraplanagem e 35 mil metros quadrados de pavimentação nova. O término está previsto para o primeiro semestre de 2026.
Segundo Pedro Bruno, secretário de Estado de Infraestrutura e Mobilidade: “É muito importante concluir essa obra antes do período chuvoso, para que as inundações fiquem no passado. A fase 1B também garante melhorias operacionais de segurança e viabiliza novos investimentos e ampliações. É uma entrega muito relevante para Belo Horizonte e para toda a aviação regional.”
Rogério Guimarães reforça a dimensão da obra: “O objetivo dessa implantação é solucionar o problema histórico do aeroporto da Pampulha e da região da cidade. Iniciamos pela Praça Bagatelle a implantação de mais de 700 metros lineares de rede de drenagem, com diâmetro de 600 a 1.200 milímetros. Foi implantada também a bacia de detenção de águas pluviais, primordial para liberar o volume de água de forma controlada, sem sobrecarregar o ribeirão e evitar alagamentos em outras regiões da cidade.”
Detalhamento das obras
Fase macrodrenagem
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Investimento: R$ 60 milhões
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Duração: 18 meses
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Empregos gerados: 150
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Equipamentos utilizados: 60
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Capacidade da bacia de detenção: 16 milhões de litros (mais de 6 piscinas olímpicas)
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Muro gabião com pedras tipo rachão: 2.000 m³
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Túnel liner para captação: 688 m
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Rede em tubo PEAD: 700 m
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Canal aberto: 250 m
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Bueiros duplo tubular de concreto (BDTC) 1.200 mm: 55 m
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Novas bocas de lobo na praça: 35 unidades
Fase melhorias de infraestrutura (1B)
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Investimento: R$ 80 milhões
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Duração: 6 meses
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Empregos gerados: 270
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Equipamentos utilizados: 90
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Supressão vegetal: 77.353 m² (7,3 hectares)
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Asfalto: 9.526 toneladas (953 caminhões, suficiente para 40 km de ciclovias)
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Detalhamento das intervenções na fase 1B:
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Descomissionamento da taxiway A
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Adequação de sinalização, balizamento e fillets na taxiway B
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Correção de balizamento, acostamento e sinalização na taxiway C
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Correção de declividade, sinalização e balizamento nas taxiways D e E
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Adequação de fillets, sinalização e balizamento na taxiway F
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Ajustes de geometria, categoria e implantação de novo acesso à PPD nas taxiways G, H e J
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Tratamento das patologias existentes na Pista de Pousos e Decolagens (PPD)
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Adequação da sinalização horizontal e do balizamento na PPD
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Remoção de obstáculos da faixa de pista
*Estagiária sob a supervisão do subeditor Humberto Santos