Uma camisa verde e amarela com o rosto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria motivado agressões verbais e uma tentativa de agressão física contra o roteirista Pedro Carvalhaes, de 38 anos. Segundo ele, o caso ocorreu na última quinta-feira (28/8), em um restaurante no Bairro Cruzeiro, Região Centro-Sul de BH, e teria sido cometido por dois homens aparentemente idosos. 

“Assim que terminei de me servir no buffet, um senhor de meia-idade chegou e começou a me chamar de ladrão, filha da p*** e corrupto”, relata Pedro, que vestia a camisa com a imagem de Lula. O roteirista afirma que se assustou e rebateu, dizendo que não poderia ser agredido daquela forma por causa de ideologia, atitude que classificou como “fascista”.

“Ele ameaçou jogar um vidro de pimenta na minha cara de forma muito agressiva”, acrescenta Pedro, que tentou ligar para a Polícia Militar. Em seguida, o gerente do restaurante teria intervindo. Para o roteirista, houve tentativa de coagi-lo a não acionar as autoridades. 

Com o anúncio de que a polícia seria acionada, o agressor fugiu do local. Pedro Carvalhaes permaneceu no restaurante para conversar com o gerente. Ele disse que a situação era inadmissível e pediu que fossem tomadas providências para identificar o homem, a fim de registrar um boletim de ocorrência.

O roteirista também solicitou que o estabelecimento impedisse o agressor de voltar ao local. “Eu não vou me sentir seguro em frequentar um lugar onde possa ser agredido por causa de uma camiseta, de uma ideologia”, afirmou.

Segunda agressão

O roteirista afirma ainda que, enquanto conversava com o gerente, outro cliente, também idoso, teria interrompido o diálogo e dito ao responsável para “não dar ouvidos a ele [Pedro], esse aí é beneficiário de bolsa”. Em seguida, o homem teria tentado agredi-lo fisicamente, mas foi contido pelo gerente e por um garçom. 

De acordo com o boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil de Minas Gerais naquela quinta-feira, o homem teria dito a Pedro: “só pode ser viad*”. Em resposta, o roteirista afirmou que homofobia é crime e que acionaria a polícia.

O registro, que menciona a presença de duas testemunhas, aponta ainda que o idoso ficou nervoso, pegou uma faca e partiu na direção de Pedro, em tentativa de esfaqueá-lo. O gerente e um garçom conseguiram contê-lo, mas o agressor fugiu do local. Pedro não ficou ferido. 

A vítima conta que deixou o restaurante com receio de que o agressor retornasse e foi registrar o boletim de ocorrência. Pedro acredita que o estabelecimento não tomou as devidas providências e agiu “como se ele estivesse errado, sendo conivente com as atitudes dos agressores”, conforme consta no registro da Polícia Civil de Minas Gerais.

O estabelecimento

Diante do ocorrido e da repercussão, o restaurante Boneca de Lili, onde o caso aconteceu, publicou uma nota em seu perfil no Instagram. “O episódio noticiado foi um conflito entre clientes, sem envolvimento de nossa equipe. Nossa intervenção foi imediata para conter a situação. Sentimos profundamente a dor e o constrangimento de presenciar um episódio de violência em um espaço que existe para acolher, servir e promover respeito. Nosso propósito sempre foi e continua sendo o de oferecer um ambiente seguro e plural”, afirmou o estabelecimento.

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A defesa do restaurante também se manifestou em nota, enviada e publicada nesta terça-feira (2/9). Além de reforçar pontos já destacados no posicionamento publicado no Instagram, a representação legal afirmou que o gerente do estabelecimento acionou a Polícia Militar e "prestou socorro imediato à vítima e interveio diretamente para contê-la de maiores agressões, chegando inclusive a segurar um dos agressores em ato de defesa".

Em nota, a defesa afirmou também que repudia toda forma de intolerância e violência, e que as imagens do sistema de segurança foram entregues às autoridades.

A Polícia Civil informou que instaurou inquérito para apurar o caso. A investigação tramita na 3ª Delegacia de Polícia Civil/Sul.

Confira a nota da defesa na íntegra

O escritório Souza e Andrade Advogados, na qualidade de representante legal do Restaurante Boneca de Lili, vem a público manifestar seu repúdio incondicional a toda e qualquer forma de violência, seja ela física, verbal, de gênero, orientação sexual, religiosa, racial ou de natureza político-partidária.


Cumpre esclarecer que o episódio noticiado recentemente decorreu de um conflito entre clientes, sem qualquer envolvimento ou conivência da equipe do restaurante. Ao contrário de algumas narrativas difundidas, o gerente do estabelecimento prestou socorro imediato à vítima e interveio diretamente para contê-la de maiores agressões, chegando inclusive a segurar um dos agressores em ato de defesa.


Importa destacar que a Polícia Militar foi acionada pelo próprio gerente do restaurante, fato este devidamente comprovado por registro telefônico com data, hora e duração da chamada, além das imagens do circuito interno de segurança. Já a vítima, por sua iniciativa, dirigiu-se à Polícia Civil, localizada nas proximidades, para registrar a ocorrência.


As imagens do sistema de vigilância foram preservadas e entregues às autoridades competentes, em plena observância da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Atualmente, o material encontra-se sob a guarda da Polícia Civil, à qual os sócios do restaurante vêm prestando total apoio e colaboração para que os fatos sejam integralmente apurados e os envolvidos, responsabilizados.


O escritório Souza e Andrade Advogados, em defesa de seu cliente, reitera que o Restaurante Boneca de Lili repudia toda forma de intolerância e violência e reafirma o compromisso de seus sócios com a justiça, a igualdade, a liberdade de expressão e o pluralismo político.

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