Quem passa pela Rua Hermílio Alves, no Bairro Santa Tereza, Região Leste de Belo Horizonte, já pode ter se deparado com uma placa em frente a um restaurante, com escritas curiosas – desde citações motivacionais até uma mistura entre política e gastronomia.
Na última semana, uma placa chamou atenção: “Lei Magnitsky da vó: qualquer pessoa que ignore essa costelinha com mandioca será processada… pelo próprio coração, sob pena de arrependimento e crime de irresponsabilidade contra o tutu, o arroz e a salada”.
A "Lanchonete e Restaurante Benza Deus!", utilizou uma placa curiosa para atrair os clientes, unindo a lei Magnitsky com a gastronomia
As nutricionistas e proprietárias da “Lanchonete e Restaurante Benza Deus!”, Érica Barbosa e Juliana Rodrigues, conseguiram unir um tema atual da política, como a Lei Magnitsky e o cardápio do dia oferecido pelo estabelecimento – prometendo que que ignorar seria “processado pelo próprio coração”. O mecanismo previsto na legislação dos Estados Unidos prevê sanções econômicas a acusados de violações de direitos humanos ou corrupção e foi aplicado contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Morais, no fim de julho.
Na data, o advogado Leandro Portes passou pelo restaurante. "Estava passando pelo local e, como sou advogado, achei bem interessante o pessoal fazer uma intervenção de marketing com a legislação. Pelo visto é um restaurante bastante caseiro e achei uma intervenção curiosa", relatou.
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O “Profeta Gentileza”
Ao Estado de Minas, uma das sócias do estabelecimento, Érica Barbosa, contou que a ideia surgiu durante um show da Marisa Monte, uma de suas artistas favoritas. No repertório, a cantora apresentou a música “Gentileza” e explicou a história por trás da canção.
A obra conta a trajetória do “Profeta Gentileza”, um andarilho, cujo nome civil é José Datrino, que dedicou parte da vida fazendo inscrições artísticas nas pilastras do Viaduto do Gasômetro, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), durante a década de 80. As escritas eram críticas sociais e propostas para uma vida com mais amor, gentileza e respeito.
Anos depois, as artes foram cobertas com uma tinta e, assim, surgiu inspiração para a música. “Apagaram tudo, pintaram tudo de cinza. Só ficou no muro, tristeza e tinta fresca. Nós que passamos apressados, pelas ruas da cidade. Merecemos ler as letras e as palavras de Gentileza”, canta Marisa Monte em um trecho da canção.
“Foi depois do show que tive a ideia. É uma brincadeira que faço para alegrar as pessoas. Afinal, a vida já é tão difícil né? Por que não aliviar com um pouco de humor? As pessoas gostam, sempre comentam e isso me faz querer escrever sempre”, contou Érica.
Paixão pela gastronomia
O restaurante foi a realização de um sonho de Juliana Rodrigues, que sempre foi apaixonada pela gastronomia – e Érica embarcou junto nesta jornada. O estabelecimento foi aberto em dezembro de 2024 e atua em um ambiente familiar, com a mãe de Juliana como cozinheira do lugar, por isso o apelido de “comida da vó”.
As placas fazem parte do cotidiano do restaurante, com frases motivacionais, engraçadas, relacionando a comida com a cultura, música e política. Érica destacou ao EM que elas se tornaram responsáveis por atrair clientes. “A gente recebe pessoas que olham a placa e começam a conversar sobre o assunto. Os clientes interagem, dão sugestões de mensagens, acho isso bem legal. Em um mundo tecnológico, interagir com as pessoas é divertido”, explicou.
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“Passei a escrever todo dia uma placa com frase motivacional ou uma pegada cômica. Isso tem chamado atenção para os nossos almoços que são bem caseiros e com sabor de casa de vó”, finalizou a nutricionista.
*Estagiária sob a supervisão do subeditor Humberto Santos