Passados cinco anos desde o início da pandemia, Belo Horizonte vive em 2025 o momento de menor circulação da COVID-19. Entre janeiro e agosto, foram confirmados 1.338 casos e 28 mortes, de acordo com dados do Painel de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). Os números mostram uma queda vertiginosa em relação ao que se via há apenas alguns anos, mas também reforçam que a doença não desapareceu. Para especialistas, ela se incorporou ao calendário de infecções respiratórias típicas do outono e inverno e continua representando risco aos grupos vulneráveis.

O comportamento do vírus ao longo do ano reforça essa tendência. Em janeiro, a capital registrou 459 casos, número que caiu para 316 em fevereiro e 169 em março. A curva seguiu em declínio até junho, quando houve apenas 50 notificações. Com a chegada do inverno, porém, os registros voltaram a crescer: foram 73 em julho e 115 em agosto.

“Hoje, a COVID-19 se comporta de maneira muito semelhante às demais doenças sazonais. Mas outro fator que pode influenciar em aumentos é a chegada de novas variantes da doença”, explica Paulo Roberto Corrêa, diretor de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de BH.

Esse retrato contrasta fortemente com o cenário de 2024, quando a capital mineira teve 14,5 mil casos e 130 mortes, e ainda mais com o de 2023, que somou 17,3 mil diagnósticos e 206 óbitos. Já em 2022, mesmo após a vacinação em massa, a cidade ainda contabilizava 175 mil diagnósticos e mais de mil mortes. O ápice da doença na capital ocorreu em 2021, com 233 mil casos e 5.055 vidas perdidas.

Comparado a esse passado recente, o ano atual ilustra o quanto a COVID-19 perdeu força. A média mensal de casos em 2025 é de 167, contra mais de 800 por mês no ano anterior. O número absoluto de mortes também despencou: 28 até agosto, frente a 102 no mesmo período de 2024.

“A COVID continua sendo motivo de atenção. Ela não saiu do nosso radar de preocupação. Mesmo com a redução nos casos em relação ao ano passado, a doença ainda provoca mortes”, reforça o diretor da Secretaria Municipal de Saúde.

Doença persiste como ameaça

A doença continua atingindo de forma dura os grupos mais vulneráveis, como idosos e imunossuprimidos. “Quase 80% dos óbitos ocorreram em pessoas acima de 60 anos. E outro fator que chama a atenção é que a maioria dessas pessoas não tinha a caderneta de vacinação atualizada. Isso mostra que a vacina continua sendo fundamental para evitar as formas graves da doença”, afirma Paulo Corrêa.

Hoje, a recomendação do Ministério da Saúde é que os idosos recebam a dose de reforço da vacina a cada seis meses. Gestantes, pessoas com doenças imunossuprimidas e trabalhadores da área da saúde devem ser imunizados anualmente.

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A vacinação, no entanto, está aquém do esperado. Segundo o diretor de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica, a capital já aplicou quase 130 mil doses da vacina contra a COVID-19 neste ano, número que representa a metade do volume aplicado em 2024, quando foram registradas 260 mil. “A procura diminuiu e isso pode influenciar o cenário da doença na cidade”, aponta. O imunizante está disponível nos 153 centros de saúde da capital.

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