Inspiradora, doce, singela e especial. Repleta de significados, a palavra esperança está embutida em diferentes realidades. A fé corajosa no futuro, a cura de uma doença, a realização de um sonho, a espera pela vitória, a expectativa sobre dias melhores. Essencial para a superação de desafios e o senso de continuidade na vida, é motor que impulsiona a ação e a busca de soluções, mesmo diante de adversidades, permitindo encontrar caminhos. Se manter confiante pode ser o primeiro passo para transformações importantes.

É com palavras otimistas e o coração cheio de gratidão que a produtora de eventos belo-horizontina Mariana de Rezende Oliveira, de 45 anos, fala sobre sua luta contra um câncer de pulmão. Para dar continuidade ao tratamento, ela necessita de um ano de uso de um medicamento que custa R$ 38 mil cada caixa, com 30 comprimidos (a prescrição é de um comprimido por dia no que se chama quimioterapia oral), perfazendo um total de R$ 456 mil. A expectativa é que, ao fim desse período, o tumor possa ser reduzido em até 87%, a ponto de se tornar cirúrgico - diante do estágio avançado em que se encontra a neoplasia, a cirurgia de retirada ainda não é possível.

Amigos e familiares começaram uma campanha para levantar recursos financeiros para o tratamento de Mariana, que, apesar da doença no pulmão, nunca fumou - o câncer já se alastrou para pleura e linfonodos. Trata-se de um adenocarcinoma de pulmão com nódulos pleurais metastáticos. 

O enfrentamento do câncer começou com quimioterapia convencional pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas ela teve indicação clínica para usar o remédio, que pode ser mais eficaz. "Após análises específicas, descobrimos uma deleção no Exon 19, que responde de forma eficaz apenas a um medicamento de alto custo: Tagrisso (Osimertinibe 80mg), associado à quimioterapia a cada 21 dias", conta a mineira.

A vaquinha virtual acontece por meio deste link e, até o momento, arrecadou pouco mais de R$ 22,5 mil. Em outras fontes, foram doados cerca de R$ 6,5 mil.  Contribuições também podem ser feitas pelo PIX: 31 9.9451.5518.

"Quem me conhece costuma dizer que sou força da natureza, vibrante, luz e amor em forma de pessoa. Tenho uma personalidade comunicativa e firme, sou decidida, racional, porém também carrego muita sensibilidade e emoção. Sou intensa, dedicada, alegre, persistente e cheia de fé. Vivo em constante evolução, sempre buscando crescer no lado pessoal e espiritual". É desta forma que Mariana descreve a si mesma no texto da campanha online.

Atualmente, ela está na primeira rodada do tratamento, que não pode ser interrompido, sob risco de perder a eficácia. "Paralelamente, sigo em um processo judicial para tentar garantir acesso ao medicamento", relata. A solicitação da equipe médica para fornecimento pelo SUS foi negada e agora o advogado de Mariana está reunindo documentação para judicializar o pedido, o que deve ser feito na próxima terça-feira (23/9).

O problema é que a resposta da Justiça, negativa ou positiva, pode levar até um mês, e, caso seja determinada a entrega da droga, o SUS ainda pode dispor de mais até 120 dias para a disponibilização, de fato. Por enquanto, Mariana obteve duas caixas doadas por médicos, e conseguiu comprar outra, o suficiente para três meses de tratamento.

Sinais

Entre janeiro e fevereiro deste ano, período que passou trabalhando no Paraná, a produtora de eventos começou a sentir dor embaixo da última costela - uma dor espaçada, mas frequente. De volta a Belo Horizonte, procurou atendimento para buscar a causa do desconforto.

Pela região do incômodo, a primeira suspeita era de problemas nos rins. "Passei por cinco médicos que achavam que se tratava de rim ou vesícula. Até que um técnico de ultrassom observou uma dilatação no intestino e orientou que eu procurasse um gastroenterologista, que descobriu uma síndrome do intestino irritável. A médica pediu uma tomografia do abdômen e, com o exame, viu a sombra de um tumor", relata Mariana.

Em um segundo momento, foi indicada a realização de uma nova tomografia, desta vez do tórax, que mostrou uma alteração. Foi por meio de biópsia feita após uma broncoscopia que a doença no pulmão foi diagnosticada, em julho. De lá para cá, são dias de batalha.

A tentativa inicial foi de incluir Mariana em algum projeto de estudo científico, mas nada se apresentou compatível com seu caso. "Até que esse medicamento foi indicado como o melhor tratamento", diz Mariana, sobre o que se tornou sua grande chance de melhora.

Além do comprimido, ela vai ao hospital a cada 21 dias para quimioterapia venosa. "Estou em uma fase de ataque. Enquanto houver tumor, e o corpo suportar, esse remédio pode ser usado. A espera é que, em um ano, o tumor se torne operável."   

Mariana tem convivido com o mal-estar decorrente da quimioterapia. "É um tratamento pesado, o corpo sente muito, são muitos efeitos colaterais."

Mãe de uma jovem de 25 anos, ela não considera a doença uma sentença, mas não esconde como é difícil receber o diagnóstico. "Esse remédio é essencial para mim. É a única chance eficaz contra minha mutação genética, a melhor oportunidade de sobrevida, qualidade de vida e de poder voltar às minhas atividades com esperança renovada."

Com fé em Deus, como diz, Mariana acredita que tudo pode mudar. "Estou vivendo o mesmo que muita gente, muitas pessoas passam por isso. Agradeço a solidariedade de quem contribuiu e se compadeceu com a minha história, e também a quem ainda pode fazer alguma coisa, porque preciso. Cada minuto conta. Cada gesto de solidariedade é um passo a mais na minha luta pela vida."

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