Cada vez mais presentes no cotidiano do povo mineiro, as festas de peão, que ocupam especialmente as cidades do interior do estado, são o tema de uma cartilha lançada pelo Governo de Minas. O documento cataloga 570 festas da cultura sertaneja distribuídas ao longo do ano. A lista completa pode ser acessada aqui.
As festas de peão unem tradição, entretenimento e um forte impacto econômico. Ao mesclar rodeios, shows musicais, exposições agropecuárias e atividades gastronômicas, elas se consolidam como um dos principais pontos de encontro entre o campo e a cidade.
Na maioria das vezes, elas são organizadas pelas prefeituras dos municípios, que contratam empresas para produzi-las com o uso de recursos públicos. Em Minas, elas são mais frequentes entre os meses de abril e outubro, conforme portfólio lançado pela Secretaria de Cultura e Turismo (Secult-MG).
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CULTURA EM ASCENSÃO
Representantes do segmento acreditam que a cultura das festas de peão e rodeios está em ascensão. Para Juscelino da Silva Amaral, presidente da Federação de Rodeio de Minas Gerais, muitos desses eventos estão sendo retomados em 2025. “Isso é devido ao crescimento da demanda, não apenas em Minas Gerais, mas em todo o país”, explica.
A ExpoSete, em Sete Lagoas, é um desses eventos que retorna agora após sete anos de espera. Renatinho Pé de Vaca, produtor da exposição, destaca a importância de festas como essa para a valorização da produção rural e a promoção da integração entre campo e cidade. A exposição se consolida como um ponto de encontro cultural e econômico, fortalecendo laços e impulsionando o desenvolvimento.
“A ExpoSete se encaixa perfeitamente no calendário sertanejo de Minas Gerais, fortalecendo não apenas a cena musical, mas também o agronegócio, o turismo e a tradição do interior mineiro”, afirma o produtor.
GRANDES SHOWS SÃO ATRATIVO
A realização de grandes shows da música sertaneja é outro atrativo importante que conquista boa parte do público, como as performances de Zezé di Camargo, Gusttavo Lima, Dilsinho e Victor e Léo, que subiram ao palco da Expoagro Pará de Minas no início deste mês.
Esses festejos também incluem leilões de gado de corte e touros, como ocorreu na ExpoJanaúba, realizada entre maio e junho. São leiloados animais de alta qualidade, disputados por lances em dinheiro, o que acaba aquecendo o mercado local.
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Segundo Juscelino, a maioria dos leilões ocorre de forma privada, apenas para convidados, menos democráticos do que as festas de peão, que têm acesso gratuito ou com ingressos disponíveis para venda a qualquer pessoa.
MONTARIA E RODEIO
No coração desses eventos estão as competições de montaria, frequentemente o entretenimento mais aguardado. Nelas, peões demonstram coragem e habilidade ao montar em touros ou cavalos, que podem pesar até dez vezes o seu próprio peso.
O Brasil é pioneiro em uma modalidade de rodeio: a montaria no estilo cutiano. Nela, a pontuação é atribuída de acordo com as esporeadas que o cavaleiro dá no animal. Essa modalidade surgiu no Brasil e não é praticada em outros países.
Prêmios de alto valor costumam ser ofertados nas competições. Na Festa Nacional do Milho, em Patos de Minas, os campeões das modalidades de touro e cutiano, Daniel Caetano Feitosa e Mauro Silva Rodrigues, respectivamente, receberam o prêmio de R$92.183,60 cada.
BEM-ESTAR ANIMAL
As festas de peão costumam levantar preocupações sobre o bem-estar animal. Leis e regulamentos asseguram o bom tratamento dos bichos que participam dos eventos, segundo garante o presidente da Federação de Rodeio de Minas Gerais. Uma das normativas é o artigo 5º da Lei Nº 15.008, de 17 de outubro de 2024, que estabelece a proteção à saúde e à integridade física dos animais.
Para participar dos eventos, o animal precisa estar com os exames periódicos em dia, o que deve ser monitorado pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Juscelino explica que há pelo menos um veterinário de plantão acompanhando os rodeios e checando os animais.
Apesar dessas garantias, ativistas pelos direitos dos animais questionam cotidianamente a realização das festas de peão no Brasil. O rodeio, no entanto, é prática reconhecida como patrimônio cultural brasileiro e tem atividade regulamentada por lei.
ATRATIVOS GASTRONÔMICOS
As exposições também se destacam pelos atrativos gastronômicos, que valorizam produtores locais e a rica cultura culinária de Minas Gerais. O público pode saborear produtos típicos como queijos artesanais premiados, goiabada, doce de leite, além de licores e cachaças de reconhecimento mundial.
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Alguns dos eventos desse vasto calendário chamam atenção pela permanência, caso da ExpoBarbacena, que está em sua 56ª edição. Elas ainda atraem um público jovem e reforçam a importância cultural desses eventos para o estado de Minas Gerais.
Estagiária sob supervisão da subeditora Juliana Lima
