Belo Horizonte teve 383 incêndios em residências registrados pelo Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) só nos nove primeiros meses de 2025. Entre as ocorrências recentes está o caso do apartamento localizado no Bairro Gutierrez, Região Oeste da capital mineira, que pegou fogo na noite do último domingo (28/9) e provocou a morte de um idoso de 83 anos.


No mesmo período, na Região Metropolitana da capital mineira (RMBH), o total de residências atingidas por chamas é de 875 e em Minas Gerais chega a 2.341. Ao Estado de Minas, o tenente do CBMMG Manoel Braga explicou as possíveis razões por trás e principais cuidados a serem tomados.


No caso do último domingo (28/9), o idoso foi encontrado em um quarto do apartamento desacordado, sem queimaduras e em parada cardiorrespiratória. A Unidade de Suporte Avançado (USA) do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) compareceu e auxiliou na ressuscitação cardiopulmonar, mas a vítima não resistiu e teve óbito confirmado no local. Ele morava no apartamento com a companheira, que conseguiu sair do imóvel a tempo.


A Defesa Civil de BH foi ao local e identificou que as chamas ficaram restritas a um único cômodo do apartamento localizado no quarto andar, “ocasionando queda de revestimentos de argamassa em pontos de paredes e laje, danos significativos em esquadrias (porta e janela) e comprometimento parcial da rede elétrica do apartamento”. O órgão informou ainda que os andares superior e inferior não foram atingidos e a estrutura da edificação não foi comprometida. A causa do incêndio ainda não foi identificada.

No ano passado, o corpo de bombeiros registrou 487 incêndios em residências, considerando casas e apartamentos, na capital mineira. Na Grande BH, foram 1.172 e em Minas Gerais foram 3.133.
O tenente Manoel Braga informou causas comuns dessas ocorrências, assim como nos casos de incêndios em estabelecimentos comerciais. Segundo registros da corporação, até ontem, 173 imóveis desse tipo pegaram fogo em BH. Na região metropolitana, foram 369 e em Minas, 886.


De acordo com o tenente, as causas de origem elétrica são as mais comuns e normalmente envolvem sobrecarga da fiação. Ele explica que isso ocorre quando equipamentos de alta potência – como ar-condicionado, câmaras frigoríficas e até carros elétricos – são conectados e o sistema elétrico não é compatível, muitas vezes por ser antigo.


Ainda entre as ocorrências com causa de origem elétrica, o tenente aponta a utilização de aparelhos com defeito. O bombeiro explica que isso costuma ocorrer quando o dispositivo dá sinais de que o funcionamento não está normal, como cheiro de queimado e oscilação no desempenho.


Nesses casos, o tenente afirma que são necessárias a conferência de que a fiação elétrica é compatível com os produtos conectados, o que não é resolvível apenas com adaptadores de amperes e demanda a troca do sistema. E no caso dos aparelhos, ele afirma ser necessária a manutenção ou troca.


Além disso, ele recomenda o uso de aparelhos como o Interruptor Diferencial Residual (IDR), que identifica quando há falhas na corrente elétrica, como fuga de corrente, e interrompe automaticamente o fornecimento de energia elétrica. O bombeiro também cita o Dispositivo de Proteção Contra Surtos (DPS), que identifica um aumento na tensão elétrica e a descarrega, não deixando atingir a rede residencial.


Acidentes

Além das origens elétricas, o tenente Manoel Braga afirma que deixar “equipamentos que produzem calor próximos a materiais combustíveis” é outra razão por trás de incêndios em residências. Por exemplo, deixar aparelhos carregados em cima de camas ou sofás.


Outra possível razão por trás de incêndios, especialmente em estabelecimentos comerciais, são atividades de manutenção, como solda e serralheria, realizadas por trabalhadores terceirizados. “Quem costuma prestar esse tipo de serviço não conhece o lugar, o que está atrás da parede, e não está muito preocupado onde está caindo a faísca. É muito comum que em atividades de manutenção a gente tenha o início de incêndio”, explica o bombeiro.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia


Em casos de chamas consumindo uma residência ou estabelecimento comercial, o tenente informa que uma medida que pode ser tomada é limitar a ventilação do ambiente, uma vez que o fogo precisa de oxigênio para se propagar. O bombeiro orienta que, se possível, a pessoa deve fechar as janelas e portas do espaço que está em chamas. Segundo ele, essa ação pode ajudar a impedir que o fogo se alastre, a ganhar tempo para os bombeiros chegarem ou até para pegar o extintor de incêndio. n

CUIDADOS

  • Evite descuidos na cozinha, como deixar panelas no fogo, e mantenha o gás longe de fontes de calor;
  • Inspecione as mangueiras e o registro de gás periodicamente, e faça a substituição se necessário;
  • Não sobrecarregue a instalação elétrica, e retire carregadores de celular e outros eletrônicos da tomada quando não estiverem em uso, para evitar superaquecimento;
  • Verifique se a capacidade da tomada é compatível com o consumo dos aparelhos;
  • Garanta que os aparelhos elétricos estejam em boas condições;
  • Mantenha velas acesas dentro de copos altos, não em pratos; e nunca saia de casa sem apagá-las;
  • Limpe regularmente a área de ventilação das secadoras para evitar o acúmulo de fiapos, que podem ser inflamáveis;
  • Em casos de chamas, limite a ventilação do ambiente, fechando janelas e portas.
compartilhe