PC aponta que clínicas fechadas na Grande BH eram de organização criminosa
Três falsas clínicas foram fechadas e um total de 59 pessoas resgatadas. Crimonosos cobravam R$ 2.500 por mês da família de cada interno por mês
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Siga noUma organização criminosa está por trás das clínicas de reabilitação nas quais foram registrados maus-tratos, abusos, má-alimentação, entre outras coisas, em Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
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A explicação é dos delegados Gislaine Rio, chefe do 2º Departamento de Polícia Civil (DEPPC), e Marcelo Cali, que comanda a Delegacia de Juatuba, responsáveis pelas investigações que levaram ao fechamento de três clínicas de recuperação de idosos e ao resgate de 59 internos.
“As clínicas, na verdade, eram de fachada, fingindo que haveria recuperação, mas os internos eram vítimas e as famílias deles foram enganadas. Eram organizações criminosas com fins lucrativos. Não aconteciam os prometidos tratamentos de recuperação”, diz a delegada Gislaine.
Ela explica que as clínicas eram montadas com o falso propósito de receber pacientes viciados em drogas. Mas o objetivo era arrecadar dinheiro. Eram cobrados R$ 2.500 de cada família, por mês.
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“Maus-tratos, cárcere privado, trabalho forçado, medicamentos que na verdade eram coquetéis de doping, conhecidos por 'Danoninho', um combinado de remédios dopantes, e fezes espalhadas no chão dos quartos e áreas comuns”, foram, segundo a policial, os crimes cometidos nos três locais.
“E o pior, os internos eram agredidos. O golpe conhecido por “mata-leão” era muito usado, e o pior, aplicado por um funcionário da área administrativa”, afirma Gislaine Rio.
Organizador
A delegada Gislaine e o delegado Marcelo explicaram também que um homem de 39 anos seria o responsável pelo esquema nas três clínicas fechadas nos bairros Samambaia, Vila Maria Regina e Indaiá. Esse suspeito está foragido.
Além disso, um médico seria o responsável pelo receituário de medicamentos. Ele ainda não foi preso e está sendo investigado. “Esse médico seria responsável por distribuir receitas em branco, que eram preenchidas por funcionários das clínicas, com os medicamentos controlados", explica o delegado Marcelo Cali.
Tanto o suspeito que seria o dono das clínicas quanto o médico já têm registro policial.
As irregularidades começam, segundo a delegada Gislaine, pela falta de registro e fiscalização das clínicas. “São muitos os sítios na região de Contagem, Betim, Juatuba e Mateus Leme. Por isso, seguimos na investigação, pois podem haver outros”, explica.
“Os funcionários da organização pesquisavam dependentes químicos que encontravam nas ruas, para descobrir suas famílias. Assim, as assediavam, para que pagassem a internação”, relata a delegada.
E para que essas clínicas funcionassem, eram contratadas pessoas que já haviam trabalhado em outros estabelecimentos de recuperação de dependentes químicos.
Entre as arbitrariedades, diz a delegada Gislaine, está o fato de que os internos eram obrigados a trabalhar em hortas e sofriam maus-tratos, caso não fizessem suas obrigações corretamente.
Muitos Casos
De meados de 2024 até agora, já foram fechadas 12 clínicas na região de Juatuba, Mateus Leme, Betim e Contagem. “Não sabemos se o homem que estamos procurando estaria envolvido em todas. A certeza é que ele é o responsável pelas três últimas”, diz a delegada Gislaine.
Havia, também, segundo ela, normativas para evitar que o esquema fraudulento fosse descoberto. Quando uma pessoa era internada, somente 30 dias depois é que a família poderia visitá-la. Os funcionários também faziam um rodízio entre as três clínicas. “Não permaneciam muito tempo em um mesmo local”, conta a policial.
Total de resgate de pessoas
- Bairro Samambaia 39
- Vila Maria Regina 12
- Bairro Indaiá12
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