Veja quem são os três criminosos mais procurados em Minas
Dos 12 nomes da mais recente edição do programa que lista os foragidos cuja captura é considerada prioridade em Minas, 7 foram presos e 2 morreram
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Sonny Clay Dutra, 43 anos
Condenação - 11 anos
Crimes- Tráfico internacional de drogas, líder de organização criminosa com conexão com o Paraguai
Marcelo Jaime Gonçalves, 42 anos
Condenação - Mais de 53 anos
Crimes - Homicídio e tráfico. É líder de organização criminosa atuante
na Região Metropolitana de BH
Ângelo Gonçalves de Miranda Filho , 43 anos
Condenação - Mais de 26 anos
Crimes - Homicídio, extorsão, tráfico e porte de arma de uso restrito. Atuação na Grande BH, Teófilo Otoni e conexões com SP
Três homens são os alvos mais procurados pelo sistema judicial e de segurança em Minas Gerais. Os nomes dos foragidos constam da plataforma “Procura-se” (procurase.seguranca.mg.gov.br), em uma listagem elaborada conjuntamente pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), as polícias Civil, Militar e Penal e o Ministério Público estadual.
Dedicado a compartilhar o perfil de fugitivos que são considerados as buscas prioritárias no estado, o serviço está em sua sexta edição de publicação. A plataforma estreou com duas listas, em 2011, e foi sendo atualizada nos anos de 2012, 2017 e 2021. Nesse meio tempo, 51 dos 62 alvos postos em evidência foram presos – o equivalente a 82% da meta.
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A atual edição do site foi lançada em agosto de 2023, com a listagem definida após deliberação do Sistema Estadual de Inteligência em Segurança Pública (Seisp-MG). Nessa lista, entraram 12 homens, cuja captura era considerada prioridade para o sistema. Em comum, o programa mira criminosos com mandados de prisão em aberto e ficha criminal que contém práticas reiteradas de crimes.
Como são eleitos os alvos?
“A gente elege os alvos que oferecem um perigo mais iminente para o estado de Minas Gerais. Não quer dizer que são os alvos mais perigosos. Escolhemos aqueles que mais estão ‘incomodando' as polícias e oferecem perigo à população”, explica Christian Viana, subsecretário de Integração da Segurança Pública, pasta vinculada à Sejusp.
Ao Estado de Minas, Viana explica que um dos filtros para eleger os alvos são os crimes cometidos. Entre os delitos que a comissão prioriza estão homicídio qualificado, que é a forma mais grave do crime, roubo seguido de morte (latrocínio) e tráfico de drogas. “A partir da escolha desses alvos, começa um intercâmbio intenso de informações de inteligência, parte que cabe às polícias. Os nomes são difundidos dentro das forças policiais no estado inteiro, que começam a dirigir uma atenção redobrada a essas pessoas.”
Os mais procurados
O subsecretário de Integração da Segurança Pública destaca que, dos 12 alvos divulgados na mais recente edição do “Procura-se”, sete foram capturados. Dos cinco restantes, dois foram mortos. “Um deles em confronto entre facções e outro em confronto com a polícia no Rio de Janeiro”, afirma. Agora, restam três foragidos que ainda não foram encontrados.
Entre eles está Sonny Clay Dutra, de 43 anos. Segundo a plataforma de buscas, o foragido tem mandado de prisão em aberto e condenação superior a 11 anos por tráfico de drogas e associação ao tráfico. “É um importante traficante internacional de drogas, sendo líder de uma organização criminosa. O grupo liderado por ele atuou em diversas localidades mineiras, mantendo conexão com outras organizações criminosas também no Paraguai”, diz a descrição do site.
Condenado a 53 anos de prisão por homicídio e tráfico, Marcelo Jaime Gonçalves, de 42, é outros entre os três alvos prioritários. Segundo o “Procura-se”, ele tem mandado de prisão em aberto e é “líder de organização criminosa atuante na Região Metropolitana de Belo Horizonte.”
O terceiro na lista dos mais procurados é Ângelo Gonçalves de Miranda Filho, de 43. Tem condenação superior a 26 anos de prisão por homicídio, extorsão, associação ao tráfico e porte ilegal de arma de uso restrito. Segundo a plataforma, ele é envolvido com comércio de drogas e criminalidade violenta no município de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, e na Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Na capital, atuou no aglomerado Morro das Pedras e no Bairro Califórnia. Também atuou nos municípios de Contagem e Ibirité. Possui ramificações no estado de São Paulo”, detalha a plataforma.
Vi um fugitivo. E agora?
A próxima edição do “Procura-se” tem previsão de publicação em novembro deste ano (11/2025), contemplando novos nomes. Para o sucesso das buscas pelos alvos listados na plataforma, o subsecretário Christian Viana destaca a importância da denúncia anônima. “O disque-denúncia 181 é muito importante. Em edições passadas, o ‘Procura-se’ teve índice de mais de 60% dos alvos capturados graças às denúncias anônimas.”
“O denunciante não é identificado, então ele se sente seguro e protegido. Para nós, existem essas duas vias: fazer divulgação interna para as polícias e externa para a população, além de contar com as pessoas para nos ajudarem via disque-denúncia”, destaca Viana.
Crimes que somam 400 anos de cadeia
As 12 condenações dos foragidos listados na atual edição do programa Procura-se somam 400 anos de prisão, segundo a Sejusp. Os dois alvos da lista que foram mortos são David Benedito dos Santos Neto, assassinado aos 31 anos, em confronto com traficantes na capital do Rio de Janeiro, e Roberto Carlos Paranhos, que morreu aos 36 em enfrentamento com a polícia.
Entre os capturados, somente um estava em Minas Gerais: Jackson da Conceição da Silva, de 40, foi preso menos de 50 dias depois do lançamento da atual edição do programa. Com dois mandados de prisão em aberto, por homicídio, roubo com agravante e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, é condenado a mais de 39 anos de prisão.
Após monitoramento do serviço de Inteligência do 22º Batalhão da Polícia Militar, ele foi encontrado no Bairro Vera Cruz, na Região Leste de Belo Horizonte. O fugitivo, ao avistar viaturas policiais, entrou em uma moradia. Segundo a Sejusp, foi realizado um cerco no local e os militares conseguiram prendê-lo. O Corpo de Bombeiros também foi acionado para conter um cão da raça Pitbull, que estava dentro do quarto com o homem.
Caçada no Rio de Janeiro
Dos outros alvos, três foram encontrados no estado do Rio de Janeiro: Felipe Augusto Rodrigues Silva, de 27 anos; Wesley Militão, de 28; e Eduardo Lourenço, de 32, que foi localizado no Complexo da Maré, comunidade da Zona Norte da capital fluminense. Conhecido como Dudu, também considerado uma das lideranças do tráfico de drogas na região de Manhuaçu, na Zona da Mata mineira, o criminoso tem condenação que ultrapassa 10 anos de prisão.
Ele foi localizado durante um trabalho coordenado do Serviço de Inteligência de Minas e do Rio de Janeiro, que possibilitou uma operação da Polícia Militar de Minas Gerais, Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Batalhão de Operações Especiais do Rio de Janeiro (Bope) e Ministério Público de Minas Gerais.
Durante a operação, a companheira de Eduardo também foi presa e um fuzil foi apreendido. De acordo com a Sejusp, o foragido enfrenta acusações como porte ilegal de arma de fogo, tráfico de drogas e uso de documento falso.
Os outros três alvos foram localizados em São Paulo. No estado vizinho foram presos Gilcimar da Silva, de 45 anos e Eberton Moraes, de 41, que foi encontrado na zona rural de São José dos Campos e usava nome falso. Por fim, Rogério Soares de Oliveira, de 54, foi detido em um apartamento na capital paulista. De acordo com a Sejusp, ele está envolvido na morte o cabo da Polícia Militar de Minas Fabrício Renato Vaneli, em Ilicínea, no Sul de Minas, em 2017.
Meios para localizar
Em entrevista ao EM, a professora de sociologia Ludmila Ribeiro, pesquisadora do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais (Crisp/UFMG), destaca a importância das redes sociais para a divulgação de procurados pela Justiça, principalmente daqueles criminosos de “baixa especialização”, como ela define.
“Do ponto de vista da literatura acadêmica, um dos elementos mais efetivos para encontrar as pessoas, incrivelmente, são as redes sociais. Especialmente pessoas com menos de 35 anos, que acabam se exibindo bastante nessas plataformas”, explica. Segundo ela, com a divulgação na internet dos procurados, a comunidade que convive e interage com essas pessoas tem a possibilidade de identificá-las e contribuir com informações para a captura.
Porém, Ludmila alerta que esta nem sempre é uma ferramenta efetiva. É necessário entender quem é o alvo que está sendo procurado e se a população tem acesso à internet para ajudar na localização do criminoso. “Há toda uma discussão se isso é ou não efetivo. Essa comunidade vê esse tipo de anúncio? Especialmente quando olhamos para exemplos, como no caso do Rio de Janeiro, as pesquisas têm mostrado que é muito mais efetivo compartilhar imagens desses alvos em locais públicos, de grande circulação”, afirma.
Ainda há um outro lado: criminosos que entendem o mercado informacional. “A gente precisa entender de quais técnicas a polícia tem lançado mão para encontrar esses sujeitos. Hoje, precisamos lançar mão desse circuito de informações pessoais que vão ser dadas a milhares de organizações e que estão amplamente disponíveis”, disse. “O disque-denúncia segue sendo importante e há pesquisas que mostram que o momento em que se torna mais fácil alcançar esses sujeitos é distribuindo cartazes pelas cidades”, completou.
Por fim, a especialista destaca a importância não apenas da quantidade de pessoas encontradas, mas de quem são elas e qual o grau de perigo representa para o Estado. “O mais importante dentro dessa lógica, mais do que pensar qual é a taxa de efetividade desses programas, é tentar entender quem são as pessoas encontradas. Às vezes, o programa tem uma taxa de efetividade de 90%, por exemplo. Mas os 10% não encontrados são sujeitos que efetivamente são superespecializados, que praticam uma série de crimes, crimes muito danosos, muito violentos.”
*Estagiária sob supervisão do editor Roney Garcia
“O denunciante não é identificado, então ele se sente seguro e protegido. Para nós, existem essas duas vias: fazer divulgação interna para as polícias e externa para a população, além de contar com as pessoas para nos ajudarem via disque-denúncia” - Christian Viana - Subsecretário de Integração da Segurança Pública da Sejusp
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COMO DENUNCIAR?
O disque-denúncia 181 funciona com uma central de atendimento unificada, que funciona 24 horas por dia para atender à população. Cada denúncia registrada é encaminhada para a equipe responsável, seja da Polícia Civil, Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros. O informante não precisa se identificar e a ligação será mantida em sigilo. Na conversa, o denunciante recebe uma senha para acompanhamento da investigação e, depois de três meses, pode solicitar, pelo mesmo número, informações sobre o andamento das apurações. O foco do serviço é o atendimento de denúncias anônimas que resultem em investigação, e não de situações emergenciais, explica a Sejusp. Nesses casos, é possível acionar os números 190 (Polícia Militar), 193 (Corpo de Bombeiros) e 197 (Polícia Civil).