5 cidades brasileiras que já usam tecnologias como reconhecimento facial
Belo Horizonte não está sozinha; conheça outros exemplos de municípios que investiram em monitoramento inteligente e os resultados obtidos na segurança
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A decisão de Belo Horizonte de implementar o programa “Muralha BH”, com milhares de câmeras e reconhecimento facial, coloca a capital mineira em um grupo crescente de cidades brasileiras que apostam na tecnologia para reforçar a segurança pública. A proposta é usar a inteligência artificial para identificar suspeitos, localizar foragidos da Justiça e otimizar o tempo de resposta das forças de segurança.
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Embora a iniciativa seja nova para os belo-horizontinos, o modelo já funciona em outros municípios há alguns anos, com resultados que vão desde a captura de milhares de procurados até a redução de indicadores criminais. A tecnologia, no entanto, também levanta debates importantes sobre privacidade e o uso de dados pessoais da população.
Conhecer como essas ferramentas operam em outras localidades ajuda a entender os possíveis impactos e os desafios que vêm junto com o avanço do monitoramento inteligente. Desde metrópoles com milhões de habitantes até cidades em áreas estratégicas de fronteira, a vigilância por vídeo com análise de dados se tornou uma realidade no país.
Como funciona o reconhecimento facial na prática?
A tecnologia por trás das câmeras inteligentes pode parecer complexa, mas seu funcionamento segue um processo lógico e rápido. Entender essas etapas é fundamental para compreender como um rosto em meio a uma multidão pode ser identificado em questão de segundos. O objetivo é transformar uma imagem em dados que possam ser comparados com um banco de informações já existente.
Veja o passo a passo simplificado de como o sistema opera nas ruas:
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Captura da imagem: câmeras de alta resolução, posicionadas em locais estratégicos de grande circulação, capturam imagens dos rostos das pessoas que passam por ali. A qualidade da imagem é crucial para a precisão do sistema.
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Análise dos traços: um software especializado analisa a imagem capturada e mapeia as características únicas do rosto. Ele mede a distância entre os olhos, o formato do nariz, o contorno da mandíbula e dezenas de outros pontos biométricos.
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Criação da "assinatura facial": com base nesses pontos, o sistema cria uma representação matemática do rosto, uma espécie de “impressão digital” facial. Esse código numérico é único para cada indivíduo e facilita a comparação.
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Comparação com o banco de dados: a assinatura facial gerada é comparada em tempo real com um banco de dados de pessoas procuradas pela Justiça, desaparecidas ou com mandados de prisão em aberto. Essa busca leva apenas alguns segundos.
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Alerta em caso de correspondência: se houver uma correspondência com algum registro do banco de dados, o sistema emite um alerta imediato para uma central de monitoramento. Policiais em campo são então acionados para realizar a abordagem e a verificação da identidade da pessoa.
1. Salvador (BA)
Salvador é frequentemente citada como um dos casos pioneiros e mais robustos no uso de reconhecimento facial para segurança pública no Brasil. A capital baiana implementou a tecnologia em larga escala, especialmente durante grandes eventos como o Carnaval, onde milhões de pessoas circulam pelas ruas.
O Sistema de Reconhecimento Facial da Secretaria da Segurança Pública da Bahia, lançado em 2018, já foi responsável pela captura de centenas de foragidos da Justiça. As câmeras estão espalhadas por pontos turísticos, estações de metrô, rodoviárias e avenidas movimentadas, criando uma ampla rede de monitoramento.
O funcionamento é integrado. Quando uma câmera identifica uma pessoa com mandado de prisão em aberto, um alerta é enviado para equipes policiais mais próximas, que recebem a foto e a localização exata do suspeito para realizar a abordagem. Os resultados expressivos consolidaram o modelo baiano como uma referência nacional.
2. Rio de Janeiro (RJ)
A cidade do Rio de Janeiro também adotou o reconhecimento facial como uma ferramenta estratégica, principalmente em áreas de grande concentração de pessoas, como a orla de Copacabana e durante o Carnaval. O projeto começou a ser testado em 2019 e desde então vem sendo expandido.
A tecnologia é conectada ao banco de dados da Polícia Civil, permitindo a identificação instantânea de indivíduos com pendências judiciais. Além de auxiliar na captura de procurados, o sistema de videomonitoramento inteligente ajuda a identificar situações suspeitas e a otimizar o deslocamento de viaturas.
Um dos diferenciais do projeto carioca foi o uso de câmeras acopladas em viaturas e outras instaladas em totens de segurança. Essa mobilidade permite que o monitoramento seja adaptado conforme a necessidade, cobrindo diferentes áreas da cidade de acordo com os eventos e a mancha criminal.
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3. São Paulo (SP)
Em São Paulo, a maior metrópole do país, a tecnologia de reconhecimento facial está presente em diferentes frentes. Uma das mais conhecidas é a utilizada no sistema de metrô, com o objetivo de aumentar a segurança dos passageiros e identificar suspeitos de crimes dentro das estações.
Além do transporte público, o governo do estado utiliza a plataforma “Detecta”, um sistema de monitoramento que integra câmeras da cidade, do estado e de empresas privadas. Embora o reconhecimento facial seja uma de suas funcionalidades, o “Detecta” também é capaz de ler placas de veículos para identificar carros roubados ou clonados.
A escala da operação em São Paulo é um desafio, mas a integração de milhares de câmeras em uma única plataforma permite uma visão ampla e conectada da segurança, auxiliando desde a prevenção de pequenos delitos até a investigação de crimes complexos.
4. Campinas (SP)
Fora do eixo das capitais, Campinas se destaca como um dos municípios do interior paulista que mais investiram em tecnologia de vigilância. A cidade conta com a Central Integrada de Monitoramento de Campinas (Cimcamp), que opera um sistema robusto de câmeras inteligentes.
O reconhecimento facial é usado para buscar foragidos da Justiça, mas o sistema vai além. As câmeras são equipadas com softwares que podem identificar atividades suspeitas, como a formação de aglomerações atípicas, abandono de objetos em locais públicos ou a circulação de veículos em alta velocidade.
Essa abordagem mais ampla, que combina reconhecimento facial com análise de comportamento, transforma o monitoramento em uma ferramenta proativa. Em vez de apenas reagir a um crime, o sistema ajuda as forças de segurança a antecipar possíveis problemas.
5. Foz do Iguaçu (PR)
Em Foz do Iguaçu, a tecnologia de reconhecimento facial ganha um contorno estratégico por sua localização na tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. A cidade é um ponto crucial para a segurança nacional, e o monitoramento inteligente é uma peça-chave no combate a crimes transfronteiriços.
O programa “Fronteira Tech” instalou centenas de câmeras com reconhecimento facial em pontos estratégicos, como a Ponte da Amizade, a Ponte da Fraternidade, a rodoviária e o aeroporto. O objetivo é coibir o contrabando, o tráfico de drogas e de armas, além de identificar pessoas procuradas por autoridades nacionais e internacionais.
A iniciativa é uma parceria entre a prefeitura, o governo do estado e a Itaipu Binacional. A tecnologia ajuda a criar uma barreira virtual na fronteira, aumentando a capacidade das forças de segurança de monitorar um fluxo intenso e complexo de pessoas e veículos que entram e saem do país diariamente.
Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.