BR-040: monitoramento integrado à PRF vai ampliar fiscalização
Um ano na gestão da rodovia, EPR anuncia instalação de câmeras com inteligência artificial para identificar imprudências no trânsito
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Um ano depois do início da concessão da EPR Via Mineira na BR-040, entre Belo Horizonte e Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, a empresa anunciou uma nova etapa para o monitoramento da rodovia. A partir de novembro, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) terá acesso direto às câmeras da via para ampliar a integração entre fiscalização, operação e resposta à emergência.
Durante o evento de prestação de contas da concessão, realizado nesta quinta-feira (9/10), a EPR Via Mineira anunciou a entrega do Centro de Inteligência em Segurança Viária (CISV) à PRF e informou que uma parceria com o Movimento SOS 040 foi firmada, com o objetivo de melhorar a segurança viária. De acordo com o superintendente substituto da PRF em Minas, Marcelo Gonçalves Viana, a intenção é melhorar o atendimento na rodovia, reforçando a segurança para os motoristas.
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"[A medida] vai garantir que os policiais, junto de autores envolvidos e municípios, transformar a realidade das rodovias federais, como a BR-040. Com estrutura, trabalho e diminuição de mortes, como esperamos. Precisamos transformar Minas Gerais, que não seja mais uma carnificina nas rodovias", disse o superintendente.
De acordo com a EPR Via Mineira, a partir de novembro três câmeras já vão começar a atuar no perímetro do Jardim Canadá, em Nova Lima (MG), na Região Metropolitana de BH. Os equipamentos são incorporados por inteligência artificial (IA) e automaticamente detectarão usuários que estiverem sem cinto de segurança ou utilizando telefone celular. A partir disso, a PRF passará a atuar, fiscalizando.
“Nós temos dentro do nosso contrato de concessão uma obrigação de, até o final do terceiro ano de concessão, ou seja, até início de agosto de 2027, estar com a rodovia 100% monitoradas por câmera. Até que isso seja realidade, ao final do terceiro ano de concessão, nós criamos um plano utilizando uma verba de segurança viária dentro do contrato de concessão, onde nós utilizamos essa verba para criação desse centro de segurança viária da Polícia Rodoviária Federal”, disse o diretor-executivo da EPR Via Mineira, Eric de Almeida.
Conforme a concessionária, computadores serão disponibilizados para a PRF e assim que uma ocorrência for identificada por essa IA, uma notificação aparecerá na tela do agente que estiver trabalhando no escritório da PRF e ele poderá analisar e autuar o usuário que estiver infringindo a lei. O método de monitoramento começa com câmeras em Nova Lima, com fiscalização em Contagem (MG), e se estenderá para outros pontos da BR-040.
O que foi feito no primeiro ano de concessão?
Desde que a EPR Via Mineira assumiu a administração do trecho, em agosto de 2024, foram investidos R$ 348 milhões em obras e serviços que recuperaram condições de trafegabilidade na via. Ao todo, são 232,1 km de extensão em 27 municípios mineiros.
Segundo a EPR Via Mineira, em 12 meses foram requalificados 500 quilômetros de faixas, com aplicação de 114 mil toneladas de asfalto. A concessionária restaurou 66 pontes e viadutos, reformou três passarelas e renovou a sinalização horizontal e vertical, com destaque para a instalação de 135 mil tachas refletivas, que aumentaram a visibilidade noturna.
Já o Centro de Controle Operacional passou a contar com 267 câmeras, oito radares e cinco painéis de mensagens variáveis.
Nesse período também foram realizados mais de 80 mil atendimentos médicos, mecânicos e de inspeção. Seis em cada dez ocorrências registradas na rodovia ficaram restritas a danos materiais, sinal de redução da gravidade dos acidentes.
De acordo com o diretor-executivo da EPR Via Mineira, Eric de Almeida, foram investidos quase R$ 350 milhões no primeiro ano de concessão da via, sem ressalvas da Agência Nacional de Transportes e Trânsito (ANTT). A ausência de apontamentos por parte do órgão federal, segundo Almeida, demonstra a boa circulação.
"Requalificamos mais de 500 quilômetros de faixas de pavimento, melhorando a segurança do usuário, instalamos tachinhas (olhos de gato) na rodovia, em mais de 130 quilômetros, 35 mil unidades, trazendo mais segurança também para o usuário que trafega dentro da rodovia. Entregamos realmente o que estava previsto dentro do contrato", disse Almeida.
Conforme a EPR Via Mineira, em pontos antes críticos, como o Trevo de Moeda, no km 575, as ocorrências diminuíram 80%. Já no Trevo Paulo VI, no km 633, em Conselheiro Lafaiete, o número de ocorrências com vítimas feridas diminuiu pela metade.
Além disso, durante os principais feriados de 2025 — Carnaval, Semana Santa, Tiradentes e Corpus Christi — não foram registradas mortes no trecho. Para o diretor-presidente do Núcleo MG Federal da EPR, Luciano Louzane, os números refletem o trabalho feito pela concessionária.
"Temos atuado em diálogo permanente com as comunidades, com os órgãos reguladores e com o setor produtivo para que cada obra e cada melhoria se revertam em qualidade de vida e desenvolvimento sustentável para Minas Gerais", destacou.
O que ainda está por vir?
Segundo o diretor-executivo, a expectativa para o próximo ano de concessão é positiva em relação aos investimentos, que devem ficar na casa do R$ 1 bilhão com a fase de grandes obras. A mais esperada é a duplicação do trecho de Congonhas, entre o km 602 e o km 612, prevista para iniciar em 2026 e ser entregue em 2031.
Além disso, haverá, ainda, a implantação dos sistemas de pesagem em movimento (HS-WIM) e a construção de um Ponto de Parada e Descanso para caminhoneiros em Carandaí. Também estão programadas a nova unidade da PRF em Nova Lima, na Região Metropolitana, e a ampliação do dispositivo de pesagem de Olhos D’Água, em Belo Horizonte - o mais demandado da BR-040 na Grande BH.
“A partir do próximo ano começamos com as obras estruturais, colocação de mureta entre as duas plataformas da rodovia, o que vai eliminar a principal gravidade de acidentes que nós temos hoje na rodovia, que são as colisões frontais”, afirmou o diretor-executivo.
De acordo com Almeida, a estrutura do contrato já previa a entrega das obras de estrutura e de ampliação de capacidade no terceiro ano de concessão. Ele explica que, primeiramente, é necessário elaborar projetos executivos, aprová-los com a agência reguladora e órgãos ambientais para que licenças sejam aprovadas e liberadas, para, então, começar a fase de obras.
“A partir daí uma acrescente, seguindo até Juiz de Fora, mais 20 km no quarto ano, 40 km no quinto ano de concessão, completando todas as obras no sétimo ano, tendo toda a BR-040 entre Belo Horizonte e Juiz de Fora duplicada realmente”, concluiu.
Em relação aos pedágios sem cancela – modelo free flow –, já utilizados pela EPR Sul de Minas, o diretor-geral da ANTT, Guilherme Sampaio informou que estudos estão sendo realizados e que, em breve, poderão anunciar a modalidade também no trecho entre BH e Juiz de Fora.
Quais são os obstáculos?
Apesar de índices positivos, a concessionária entende que os acidentes, sobretudo os fatais, carecem de atenção. O investimento na via é feito para diminuir o número de sinistros, mas a administradora do trecho também realiza ações de conscientização, uma vez que, segundo a EPR Via Mineira, mais de 50% das pessoas que morreram estavam sem cinto de segurança. Outro dado alarmante é que mais de 18% dos usuários da BR-040 não usam cinto de segurança.
Para isso, foi criado o Programa Conviver, que foca na distribuição de materiais informativos, veiculação de dicas de segurança em painéis de mensagens variáveis ao longo da rodovia e postagens estratégicas em redes sociais.
Além disso, é realizado um trabalho de conscientização sobre o uso correto de capacetes e cinto de segurança, respeito ao limite de velocidade, importância da atenção à sinalização e a manutenção de uma distância segura entre veículos.
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“A segurança viária é a essência do nosso trabalho e orienta cada investimento. As ações de engenharia, as campanhas educativas, o trabalho conjunto com a Polícia Rodoviária Federal, e, mais recentemente, o Programa Conviver, que reúne iniciativas de conscientização e escuta ativa voltadas aos públicos mais vulneráveis, têm como foco preservar vidas e fortalecer a convivência segura no trânsito”, destacou o diretor-executivo da EPR Via Mineira.
Outro ponto que está sendo dialogado com a concessionária é o fluxo de carretas na rodovia, especialmente as de mineração. Segundo Eric de Almeida, é um tipo de veículo que vai continuar circulando na via e, portanto, é necessário que haja diálogo entre os agentes para que haja melhoria no fluxo entre diferentes tipos de veículo.
“No modelo de pedageamento que temos no contrato da Via Mineira, aqui entre Belo Horizonte e Juiz de Fora, nós temos as praças fixas. Algumas mineradoras utilizam a BR-040 entre uma praça de pedágio e outra. Não que elas não pagam o pedágio porque elas não querem, elas não pagam porque não passam pela praça”, explica.
Para o diretor-geral da ANTT é inadmissível que as mineradoras utilizem as estradas e não paguem pedágio: “As mineradoras têm que participar da cobrança e do pagamento do pedágio. Nós estamos buscando estudar modelos que vão incorporar essas mineradoras na cobrança de tarifa e quem sabe fazer mais investimentos com antecipação e também reduzir a tarifa para o usuário que passa no dia a dia”.