Público 50+ sai do sofá e movimenta festas na noite belo-horizontina
Os 50+ estão à procura de diversão, e hoje, seus eventos são mais que bailes tradicionais. Drinques, paquera e noites que entram madrugada afora
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Quem acha que completar 50 anos significa vestir a camisola e ficar sentada no sofá vendo novela precisa conhecer um movimento que tem ganhado as noites belo-horizontinas. São festas animadas, regadas a hits musicais incontornáveis de décadas passadas, que têm atraído uma gama de pessoas que passaram a fronteira das cinco décadas de vida, ou até antes, pois os quarentões também estão lá. As pistas de dança estão ficando agitadas na cidade por um público maduro que quer paquerar e se divertir sem julgamento.
Após certa idade as pessoas prezam por mais conforto, e acessibilidade. Independente da idade, ninguém merece sair pra comer comida ruim e passar horas em pé e enfrentando filas. Ao perceber essa necessidade, várias festas focadas nesse público começaram a surgir. Há eventos para todos os gostos, bolsos e disposição. As que começam e terminam cedo e as que entram madrugada a fora. Mas uma coisa todas têm em comum, um público majoritariamente feminino e clássicos da música mundial das décadas de 70 a 90.
Patrícia Parenza e Cláudia Recchioni, ambas 50+, são exemplos disso. As duas disseram receber vários apelos, principalmente de mulheres com idades entre 45 e 60 anos, com sede de diversão mas que não tinham onde fazer isso. E notando a escassez deste mercado, criaram suas próprias festas.
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Neste sábado tem
Os interessados nesse tipo de festa dedicada ao público maduro devem ficar atentos: neste sábado (11/10) ocorre mais uma edição da Gudinaite, idealizada por Patrícia e Diego Godoy. Eles também são os DJ 's que animam os encontros, que são itinerantes. A iniciativa, cujos ingressos de amanhã custam R$ 180, nasceu há um ano e meio em Porto Alegre e reúne mais de 800 pessoas em Belo Horizonte a cada dois meses. Outras onze capitais também recebem a animação, ao som de muitos hits do Dance Music e do Som Brasil anos 80. A festa transita pela cidade e cada edição acontece em um novo lugar, sempre começando às 18h para que à meia-noite todos já possam estar em casa.
Jaqueline Paschoal comemorou seu aniversário de 62 anos no camarote da Gudinaite, com direito a taças de vinho e doses de uísque. “O que eu mais amo é dançar, me jogar na pista e gerar uma catarse. Nesse momento, tudo de ruim vai embora”, diz. Ela adora sair à noite com as amigas e o marido, e contou que no grupo de amigas tem casadas e solteiras. “Não faz diferença, pois todas se divertem igualmente”, explica.
Todos os encontros têm dançarinas e uma apresentadora, geralmente drag queen, interagindo com o público. Também há vários aperitivos e drinques, inclusive sem álcool. Mas não tem só bebida não, nessa e em todas as outras festas você encontra deliciosos aperitivos e quitutes para acompanhar.
Público que aumenta
Esses empreendimentos festivos não deixam de ser um filão de negócios, já que a população brasileira vem envelhecendo em ritmo acelerado. A cada 21 segundos uma pessoa faz 50 anos no Brasil, e segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023, pessoas com mais de 60 anos se tornaram 15,6% da população brasileira, ultrapassando os 14,8% das que têm entre 15 e 24 anos. Em 20 anos, serão a maior parcela da população.
Essa parcela da população adora uma festa temática, como a realizada por Cláudia Recchioni, uma médica que frequentava o mítico Primo Prima, casa que marcou a memória da cidade, e resolveu fazer seus próprios festejos. A cada evento dela, um tema. Roupas a caráter, máscaras, dança do ventre, escolas de samba, bandas, DJ’s, saxofonistas e às vezes até dançarinos para acompanhar as mulheres.
A primeira festa organizada por Cláudia foi o Bal Masqué, baile de máscaras de pré-Carnaval que acontece até hoje em BH. Hoje, a mais esperada é a Les’t Dance, que vai de 20h às 2h da madrugada. A próxima festança a sair da mente da produtora será uma noite cigana a ser realizada em 7 de novembro, com entrada a R$ 40. Tiragem de tarô e dançarinas estão as iscas para atrair a turma 50+.
Uma coisa chama atenção de quem frequenta essas noites: a majoritária presença feminina. Isso ocorreria, segundo relatos, devido aos sumiço de homens após eles engatarem romances. “Elas (as namoradas) não deixam que eles voltem por ciúmes da mulherada”, conta Cláudia. Por isso, é comum ver turmas de mulheres que se divertem junto de amigas.
Homenagem a Dona Jacira
Isso não acontece na Boate Azul, que atrai um público mais diverso, com mais homens e pessoas LGBT+. Lá a farra é mais romântica, acontece gratuitamente nas noites de lua cheia do bar Brasil 41, na Avenida Brasil, bairro Santa Efigênia, Região Centro-Sul da capital. É regada por música latina, como brega, cumbia e piseiro, aquelas que tocam a alma e nos fazem soltar o gogó. No último Dia dos Namorados, houve até correio elegante.
Quem comanda o som é a própria Manu Grossi, que criou a noite dançante junto de amigos. Dona Jacira, a famosa proprietária do boteco situado na avenida Brasil, é a homenageada do evento. Ela adora bolero e músicas sentimentais.
Em pouco tempo, o público se tornou tão grande que, certa vez, apareceram mais de 500 pessoas, o que levou Manu a levar a comemoração para a Casa Florentina, perto dali, com ingressos que vão até R$ 40 reais, atraindo pessoas de 35 a 50 anos. “O ambiente é brilhante e vibrante, com um globo de discoteca e repleto de cores néon. As pessoas usam trajes de cabaré e até criam personagens ", diz Manu.
Com tantas opções animadas, fica em casa de camisola ou roupão somente o 50+ que quiser. Minha idade, minhas regras.
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Serviço
Gudinaite: Próxima edição dia 11/10, no RUST Music Bar, Avenida Professor Mário Werneck, 50, Buritis, Belo Horizonte. Instagram: @gudinaite.festa
Boate Azul: Próxima edição em outubro, na Casa Floriana, Avenida do Contorno, 3293, Santa Efigênia, Belo Horizonte. Instagram: @boateazulbh
Festas temáticas da Cláudia Recchioni: A Noite Cigana acontecerá dia 7 de novembro, no RUST Music Bar, Avenida Professor Mário Werneck, 50, Buritis, Belo Horizonte
*Estagiária sob a supervisão do subeditor Rafael Rocha