Morte de gari: delegada tem licença médica renovada por mais 60 dias
Ana Paula Balbino, esposa de Renê da Silva Nogueira Júnior, autor confesso do disparo que matou Laudemir de Souza Fernandes está afastada do cargo desde agosto
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A delegada Ana Paula Lamego Balbino, esposa de Renê da Silva Nogueira Júnior, autor confesso do disparo que matou o gari Laudemir de Souza Fernandes, teve sua licença médica renovada por mais 60 dias. A informação foi confirmada nesta segunda-feira (13/10) pela Polícia Civil, que, no entanto, não divulgou o motivo do afastamento e nem o estado de saúde da servidora, sob alegação de sigilo médico.
Afastada das funções para tratamento de saúde no Hospital da Polícia Civil desde 13 de agosto, dois dias após seu marido usar sua arma para assassinar o gari durante uma discussão de trânsito no Bairro Vista Alegre, na Região Oeste da capital mineira, a primeira licença médica venceu nesse domingo (12/10). Segundo a corporação, a servidora foi submetida a outra perícia, sendo concedida nova licença médica até 12 de dezembro.
Durante o afastamento, a delegada continuou recebendo salário. De acordo com dados do Portal da Transparência, no primeiro mês de licença ela recebeu R$ 23 mil de salário bruto e R$ 15,7 mil líquidos. Até o final da licença, se o valor for mantido, em quatro meses o salário pode chegar a R$ 92 mil brutos e R$ 62,8 mil líquidos, além do 13º salário.
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Paralelamente ao afastamento médico, Ana Paula responde a um processo administrativo disciplinar. Ela foi indiciada por porte ilegal de arma de fogo e prevaricação, já que a arma usada pelo marido no crime pertence a ela. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) optou por não denunciá-la criminalmente, propondo um acordo de não persecução penal.
Mesmo afastada, a delegada continua sendo investigada pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil e responde a um processo administrativo.
A proposta enviada à Justiça inclui o pagamento de uma indenização de, no mínimo, R$ 150 mil à família de Laudemir de Souza Fernandes. O processo da delegada foi separado do marido, que está preso desde o dia do crime e seguirá detido no Presídio de Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e responde por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e meio que dificultou a defesa da vítima, ameaça à motorista do caminhão de coleta e porte ilegal de arma de fogo. A pena pode chegar a 35 anos.
Sigilo e bloqueio de bens
Na última sexta-feira (10/10), o juiz Marcus Vinícius do Amaral Daher, da 3ª Vara Cível de Contagem, na Região Metropolitana de BH, determinou o sigilo das informações do processo movido pela filha do gari contra o casal. A ação pede indenização por danos morais e pensão mensal, e o magistrado justificou o sigilo por envolver dados sensíveis e possíveis danos psicológicos a menor.
Em decisão anterior, de 17 de setembro, a Justiça já havia determinado o bloqueio de contas bancárias e aplicações financeiras do casal no valor de até R$ 611 mil, montante referente à pensão até a maioridade da filha e à possível indenização. A defesa da autora havia solicitado o sequestro de até R$ 1,2 milhão.
Entretanto, em outro processo movido pela esposa de Laudemir, a Justiça encontrou apenas R$ 587,19 nas contas do casal, valor considerado “ínfimo” para o cumprimento das decisões. A Justiça bloqueou quatro veículos - incluindo o usado no crime - e autorizou acesso às declarações de Imposto de Renda para buscar outros bens.
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O caso continua sendo acompanhado pela Polícia Civil. As investigações internas seguem sob responsabilidade da Corregedoria-Geral.
Como tudo aconteceu?
- A equipe de coleta de lixo trabalhava na Rua Modestina de Souza, Bairro Vista Alegre, em BH, na manhã do dia 11 de agosto
- Motorista do caminhão, Eledias Aparecida Rodrigues, 42 anos, manobra para liberar passagem, após ver uma fila de carros se formar atrás dela
- Eledias e os garis acenam para Renê da Silva, que dirigia um carro BYD, permitindo a passagem
- O suspeito abaixa a janela e grita que, caso encostasse em seu veículo, ele iria "dar um tiro na cara" da condutora
- Na sequência, ele segue adiante, estaciona, sai do carro armado; derruba o carregador, recolhe e engatilha pistola, segundo o registro policial
- Ele faz um disparo que atinge Laudemir no abdômen
- O gari é levado ao Hospital Santa Rita, em Contagem, na Grande BH, mas morre por hemorragia interna.
- No local, PM recolhe projétil intacto de munição calibre 380
- Horas após o crime, a PM localiza e prende Renê no estacionamento de academia na Av. Raja Gabaglia.
Flagrante convertido em prisão preventiva em audiência de custódia, no dia 13 de agosto, a pedido do Ministério Público de Minas Gerais - Renê está preso no Presídio de Caeté, Grande BH
*Estagiária sob supervisão do subeditor Humberto Santos