Em nova sede, Biblioteca Infantil e Juvenil de BH tem aumento no público
A média mensal de visitantes passou de 760 para cerca de mil pessoas. Mesmo com o aumento, os números alertam para a falta de mineiros nesses espaços
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Há quase dois meses, a Biblioteca Infantil e Juvenil de Belo Horizonte (BPIJ-BH) está em um novo endereço. Antes localizado na Rua Guaicurus, próximo à Praça da Estação, agora o espaço ocupa um prédio na Rua Espírito Santo, número 593, no Centro da capital mineira, perto da Praça Sete, no coração de BH. O edifício está aberto de terça a sexta-feira, das 9h às 18h; e aos sábados, das 9h às 13h. Aos domingos e nas segundas, o local não recebe visitas.
Nesse tempo, a sede registrou um aumento de visitas e uma mudança no público. De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte, agora há uma presença mais frequente de crianças e adolescentes acompanhados de suas famílias em horário comercial. Desde a inauguração, cerca de 10 instituições de ensino visitaram a nova sede.
O aumento do número de adultos que visitam o espaço também é novidade. É o caso do cartunista Richardson Santos, de 49 anos. Atualmente mestrando em Ciências da Informação na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ele utiliza o acervo da Gibiteca para sua pesquisa. Para o cartunista, o novo ambiente que armazena gibis está mais organizado e otimizado.
“A nova sede é muito mais central, a estrutura também é muito melhor. É uma área próxima à Praça Sete e a organização, o espaço para a leitura é ótimo. A própria gibiteca ganhou uma estrutura melhor para poder armazenar as obras e crescer. Então, aqui é um espaço que vai ser muito oportuno para a gente e para o nosso cenário”, disse Richardson.
Com o dobro de área que o espaço anterior, o prédio que abriga a nova BPIJ-BH passou por reformas para tornar o ambiente mais confortável para as crianças, como um banheiro exclusivo para o público infantil. De acordo com a Prefeitura de BH, a reforma do local recebeu um investimento de R$200 mil na primeira etapa, com recursos do Executivo.
O espaço passou por melhorias e adaptações, incluindo pintura, instalação de drywall e plotagens com ilustrações das artistas Carol Fernandes, Carol Rossetti e Anna Cunha. Uma segunda fase da reforma prevê melhorias acústicas e climatização para preservar o acervo da Coleção Especial. Além disso, o edifício está em processo de tombamento, buscando a preservação do patrimônio e reconhecimento do seu valor histórico, artístico e cultural para a cidade.
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Engana-se quem acredita que a biblioteca seja um espaço somente para o empréstimo de livros. O novo ambiente é versátil e oferece uma extensa programação que, claro, incentiva a leitura, mas também outras habilidades, com a oferta de oficinas de leitura e escrita, palestras, narração de histórias, encontro com autores e outras atividades.
Para as crianças e famílias, o espaço disponibiliza atividades específicas como a “Manhã Encantada”, dedicada para a narração de histórias infantis, que acontece aos sábados. O público de jovens e adultos também pode participar da programação, que contempla eventos como o “Encontro Semanal de Contadores de Histórias”, uma reunião para exercícios de narração de histórias, com trocas de vivências, seleção de repertório e pesquisa de textos literários.
A "Prosa Poética", uma oficina de escrita criativa semanal; o "Quadrinhos em Foco", encontro mensal para discutir leituras de HQs; e um clube de leitura estão entre as outras atividades que o espaço proporciona. É possível conferir toda a programação no site da Prefeitura de BH.
O cartunista destacou que a biblioteca virou um lugar de fomento e inspiração. “Vai para além da leitura. O espaço proporciona um fomento, uma disseminação sobre a importância da leitura, escrita e o diálogo. Também é um lugar de troca, de crescimento conversando com as pessoas. O espaço oferece oficinas, encontros e atividades, onde você tem pessoas conversando, dialogando. Então, não é só um espaço que você vai vir e ler, também há uma troca com outros artistas e leitores”, relatou Richardson.
Em entrevista ao Estado de Minas, a coordenadora da BPIJ-BH, Daniela Chaves, explicou que o novo espaço possui uma melhor divisão dos espaços, o que possibilita a realização de distintas atividades ao mesmo tempo. “Foram feitas várias adaptações para ambientação específica para as crianças. Os espaços também foram melhor divididos. A gente tem uma sala multiuso que permite que a biblioteca tenha atividades distintas, para faixas etárias distintas no mesmo momento”, contou. “A arquitetura foi toda pensada para que as atividades pudessem acontecer simultaneamente. A gente está aqui mais no miolo do centro da cidade, então a acessibilidade nesse sentido também melhorou”, completou.
Com um acervo de mais de 20 mil livros, obras de literatura infantil são as mais procuradas. Daniela destacou também uma grande demanda de empréstimos de quadrinhos e gibis, para o público jovem e adulto. “Depende muito. A circulação do nosso acervo de literatura geral também é muito acessado por pessoas adultas. Tem leitores mais experientes que às vezes não passam, por exemplo, pela literatura juvenil, já vai direto para a literatura geral”, explicou.
Como ser um leitor da Biblioteca Infantil e Juvenil de BH?
Para ser leitor, basta ir até a Biblioteca Infantil e Juvenil de BH e apresentar um documento com foto e um comprovante de residência, físico ou virtual. Menores de 12 anos também precisam apresentar uma autorização dos pais ou responsáveis. Com o cadastro feito, a pessoa pode tomar por empréstimo até três livros por vez, por 15 dias. Após esse período, o usuário pode renovar ou ir até a sede para alugar outras obras.
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Cartilha ‘As Crianças e os Livros’
A Fundação Municipal de Cultura está reeditando a cartilha “As Crianças e os Livros”, material que busca orientar pais, responsáveis e educadores sobre como incentivar a leitura para as crianças. Deixar os livros ao alcance delas, incentivar a escolha dos próprios livros e a presença delas nas bibliotecas das escolas, além de deixar que as próprias crianças leiam, mesmo que seja interpretando as imagens presentes nas obras, são algumas das 19 dicas citadas no texto.
Ao final, a cartilha disponibiliza o endereço das 21 bibliotecas públicas municipais que estão em Belo Horizonte - sendo a maioria delas integradas nos centros culturais das nove regionais da capital. Hoje, os equipamentos estão totalmente interligados, facilitando o empréstimo e a devolução dos livros.
“Toda essa rede está ligada à Fundação de Cultura. As bibliotecas públicas são integradas, informatizadas. Então, pegando um livro aqui, por exemplo na Biblioteca Infantil e Juvenil de BH, você pode entregar em qualquer outra unidade ou em outro centro cultural. A gente faz essa devolução remota”, explicou a chefe da gerência de bibliotecas e promoção da leitura e da escrita da Fundação Municipal de Cultura, Lília Martins.
Acesso à leitura
Mesmo com o aumento do público na nova sede da BPIJ-BH - que registrou 1.061 visitantes entre os dias 11 de setembro e 20 de outubro deste ano, sendo aproximadamente 35 pessoas por dia. No antigo endereço, a média mensal de visitação foi de 760 pessoas - os números alertam para a baixa presença dos mineiros nestes espaços.
Para a coordenadora da biblioteca, Daniela Chaves, há uma expectativa para o número de visitantes aumentar. “Estamos recebendo um maior número de pessoas que fazem parte do que chamamos de público espontâneo. Ou seja, o público que não vem por meio de escolas”, disse. “Já o nosso público do antigo endereço, ainda está chegando na biblioteca. Por isso, a gente nota que um novo pessoal está conhecendo o espaço”, completou.
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Ainda na esfera pública, a Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, que fica próxima à Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de BH, realiza mais de 8.400 atendimentos por mês - com uma média de 280 atendimentos diários. O equipamento reúne mais de 570 mil exemplares compostos por livros, revistas e jornais históricos, distribuídos em dois prédios (Edifício sede e Anexo).
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Já no âmbito privado, a Biblioteca do Centro Cultural Unimed-BH Minas, localizada no Minas I, no Centro da capital, por exemplo, registra uma média diária de 150 a 200 visitantes nos espaços, que podem ser visitados por todo público, não apenas por cotistas do clube. Com um acervo de aproximadamente 13 mil livros, o espaço funciona de terça a sexta-feira, das 10h às 18h30, e aos sábados, das 9h às 13h.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Juliana Lima