Quem vê as redes sociais de Brabo Gordinho, com posts tão alegres e irreverentes, não imagina todas as dificuldades que ele passou antes de alcançar o sucesso. “Teve um dia que cheguei em casa, e só tinha uma garrafa d’água na geladeira. Falei para minha esposa: 'Vamos dormir que a fome passa'. Prometi que ela nunca mais viveria isso”, conta ao Estado de Minas.
O mineiro soma mais de 4 milhões de seguidores, mas precisou enfrentar noites sem comida para sustentar a família. Atualmente, ele faz vídeos que misturam futebol, pagode e muita fé, por meio de análises bem-humoradas de jogos, esquetes do dia a dia e resenha com a bola no pé.
@brabogordinho Estou cansado de correr para eles
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Antes de viralizar, a rotina de Brabo era dura. Durante a pandemia, trabalhava como entregador de iFood, chegando a passar mais de 24 horas na rua para pagar as contas. “Eu tinha acabado de comprar uma moto em 48 prestações. Não tinha como parar. Às vezes minha esposa me ligava pedindo pra voltar porque estava chovendo muito, mas eu dizia: se eu for agora, amanhã não tem café da manhã”, recorda.
A rotina puxada nunca foi empecilho para ele. “Tinha dia que eu ficava até as 3h na rua, chovendo, cansado, porque se fosse embora cedo não tinha como pagar a prestação da moto nem colocar comida na mesa”, destaca.
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Esse corre se somava a outros bicos: já foi auxiliar de serviços gerais por seis anos, segurança, servente de pedreiro e lavador de carro. “Nunca escolhi serviço. O que aparecia, eu pegava. Foi o que me fez valorizar tudo o que vivo hoje”, aponta.
@brabogordinho Será?
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“Passei pelo deserto. Trabalhei dobrado, aguentei fome, chuva e cansaço. Hoje as pessoas veem só o lado bom, mas não sabem o que eu vivi”, destaca.
A superação o transformou em referência para jovens que sonham em mudar de vida com a internet. Para ele, a fórmula é clara: fé, trabalho e carisma. “Meu foguete não tem ré. O que vivo hoje é só o começo”, promete.
Brabo Gordinho já foi auxiliar de serviços gerais e entregador de aplicativo antes da fama
O primeiro chute no TikTok
A virada começou por insistência de amigos. Morador do Cabana do Pai Tomás, na Região Oeste de Belo Horizonte, e atleticano de carteirinha, Brabo sempre foi apaixonado por futebol, embora nunca tenha se destacado como atleta. “Eu jogava todo fim de semana, mas quase sempre ficava no banco. Mesmo assim, era minha diversão”, conta.
@brabogordinho Quem é o pai dela ?
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Um amigo sugeriu que ele criasse uma conta no TikTok para mostrar seu jeito engraçado. Relutante, aceitou. O conteúdo inicial eram vídeos de cobranças de falta e desafios com a bola. A resenha rápida viralizou. “Postei no TikTok, explodiu. Depois joguei pro Instagram e deu bom também. Foi Deus usando aquelas pessoas pra me dar o empurrão”, relata.
Em menos de um mês, já tinha 100 mil seguidores. Quando bateu 150 mil, veio um divisor de águas: a própria empresa onde trabalhava reconheceu que era hora de voar. Ele lembra que o patrão sugeriu que deixasse o trabalho. E, se não desse certo como influencer, poderia voltar ao emprego.
@brabogordinho Misericórdia meu camisa 10
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A empresa não apenas liberou Brabo, como se tornou sua patrocinadora e presenteou o influenciador com o primeiro iPhone, trocando o celular simples com o qual gravava.
A dor que virou motivação
Enquanto ganhava visibilidade, Brabo enfrentava uma das maiores perdas de sua vida: a morte do irmão mais novo, aos 23 anos. Esse momento marcou a transição do entretenimento despretensioso para uma missão pessoal: transformar a tristeza em combustível e compartilhar alegria com milhões de pessoas.
Mesmo passado alguns anos, Brabo ainda lida com a dor da perda. “Ele seria meu braço direito hoje. Quando penso nisso, choro sozinho no carro. Foi muito difícil, mas também me deu força. Decidi mergulhar nos vídeos para superar essa dor”, confessa.
'Disnara' e o poder do carisma
Com sua forma única de falar, Brabo criou bordões que rapidamente caíram no gosto do público. O mais famoso deles, “Disnara” – um substituto para a palavra “desgraça” –, nasceu em uma gravação com amigos e hoje é marca registrada. “Perguntei [para o amigo] se podia usar. Ele deixou, e registrei. Hoje é minha marca. Saiu do improviso e virou identidade”, relata.
@brabogordinho Prêmio merecido?
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Mesmo com a fama, Brabo mantém os pés na várzea. Sempre que está em Minas, joga pelo time São José Futebol Clube, em Ribeirão das Neves. Para ele, estar próximo das comunidades é essencial. “É ali que sinto a energia real. Tirar foto, dar um abraço, jogar com os moleques… Eu gosto é disso”, confessa.
A autenticidade o levou a conhecer ídolos. Sua primeira publicidade foi com Ronaldinho Gaúcho, um dos maiores nomes do Atlético. Mais tarde, encontrou Neymar na Kings League, na Espanha.
“Quando o Neymar me cumprimentou, eu travei. Só consegui falar: ‘E aí, pai’. É surreal pensar que um cara desse tamanho já viu meus vídeos”, revela.
@brabogordinho Tem base?
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Se o futebol é sua grande paixão, o pagode vem logo em seguida. Brabo já gravou com grupos conhecidos e gosta de unir música e bola nos conteúdos: “Futebol e pagode combinam muito. São as duas coisas que mais amo.”
Mas a base de tudo é a fé. O influenciador faz questão de compartilhar mensagens religiosas e ajudar quem está ao redor. “Meu propósito é levar a palavra de Deus. Não é só com dinheiro. Às vezes, um abraço muda o dia de alguém. E eu quero ser esse instrumento”, defende.
Sucesso para toda família
Hoje, aos 31 anos, Brabo Gordinho celebra não apenas o sucesso profissional, mas também pessoal. É casado, pai de uma menina de pouco mais de 1 ano, e sonha em garantir uma vida melhor a todos que ama. “Prometi a mim mesmo que compraria uma casa para minha mãe, e depois, a minha. Ela merece”, comenta.
Além disso, Brabo apoia outros familiares. Ajudou a pagar a faculdade do primo, que está prestes a se formar em direito, e não esconde a alegria de poder contribuir com o sonho que antes era da avó. “Meu sucesso não é só meu. É da minha família inteira. Cada conquista minha é deles também”, conta.
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Com a filha, prefere preservar a exposição, limitando as aparições aos stories. Mas já planeja conteúdos para quando ela crescer. “Quando tiver uns 4 ou 5 anos, quero gravar com ela. Já tenho até vídeo na cabeça”, confessa.