Um esquema da venda de drogas pela internet, com origem em Ibirité, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi desbaratado pela Polícia Civil e terminou com a prisão de um casal -- uma mulher, de 32 anos, e o homem, de 35 --, na última segunda-feira (13/10).
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A operação policial foi realizada no Bairro Morada da Serra. Foram aprendidos um celular e 13 quilos de tetracaína, medicamento anestésico de uso controlado utilizado no mercado ilegal para ser misturado à cocaína.
“Essa substância tem poderes fortíssimos, muito mais do que a cafeína e a lidocaína, podendo chegar a ter consequências fatais para os usuários”, diz a chefe do 2º Departamento em Contagem, a delegada-geral Gislaine Rios.
Segundo o delegado Gabriel Araújo, que coordena as investigações, o uso da tetracaína aumenta o volume da cocaína em quatro ou cinco vezes, diminuindo a pureza da droga e potencializando os lucros, visto se tratar de uma substância com menor custo.
A suspeita, segundo ele, é que a tetracaína esteja sendo comercializada como cocaína pura, sem alteração do valor final ao usuário, que consome o produto como droga “gourmet”.
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As investigações começaram há cerca de dois meses, através da Agência de Inteligência do 2º Departamento de Polícia em Contagem, que identificou a circulação da substância anestésica na região.
Segundo as primeiras informações, a tetracaína era comprada pela organização criminosa por meio da dark web ou de redes sociais, sendo ela enviada como encomenda comum por diversos meios de transporte.
Para não levantar suspeitas, pessoas sem passagens pela polícia e que são usadas como “laranjas”, recebiam o produto em imóveis alugados pela organização criminosa, que arcava com todos os custos do local.
“Essas pessoas estão acima de qualquer suspeita. Ou seja, nesse caso específico [casal preso], era uma família; era um casal com dois filhos, morando em um bairro de classe média alta”, complementa a delegada regional em Ibirité, Ana Paula Kich.
O caminho da droga
A tetracaína é um medicamento utilizado em hospitais e clínicas médicas, e estaria circulando de forma irregular desde 2019. “Temos suspeitas de que a substância esteja chegando no Brasil enviada da China, nos aeroportos. Estudando outras apreensões, vimos que poderia vir também pelo Sul do Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro”, detalha a delegada Gislaine.
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