De janeiro a setembro de 2025, Belo Horizonte registrou 79 roubos a farmácias e drogarias. O número é o mais alto para o período em cinco anos. No último sábado (15/11), um assalto a uma unidade no Bairro Sion, na Região Centro-Sul da capital, chamou a atenção. Um casal invadiu o estabelecimento armado com facas, mas foi surpreendido por uma atendente que reagiu à abordagem com um banco de plástico.


De acordo com o Observatório de Segurança Pública da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp), houve um aumento de 14% no total de roubos – a subtração de bens com uso de violência – envolvendo o segmento nos três primeiros trimestres deste ano na comparação com igual período de 2024, quando os registros somaram 64. Ainda considerando os nove primeiros meses, os casos de furto de 2025 também lideram os registros desde 2020. Este ano já foram 2.941 ocorrências, uma a mais do que as computadas no último ano, e um crescimento de 54% na comparação com 2021 (1.906 boletins de ocorrência).


O casal flagrado roubando a farmácia na Rua Grão Mogol, no Sion, na noite de sábado, já havia entrado momentos antes em outro estabelecimento do ramo. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que a dupla entra na farmácia da Grão Mogol e começa a pegar produtos e remédios que estavam nas prateleiras. Em determinado momento a dupla é surpreendida por uma funcionária, que começa a discutir com os dois. Ao ser empurrada, a mulher pega um banco de plástico e desfere diversos golpes nos invasores.


Segundo a Polícia Militar de Minas Gerais (PCMG), os suspeitos são um homem de 36 anos e uma mulher de 46 anos, que abordaram os funcionários das duas drogarias da mesma região com facas para fugir com produtos de perfumaria e higiene pessoal. Os militares foram acionados pelo primeiro estabelecimento e, ainda na noite do crime, encontraram o casal com diversos itens roubados.

A reportagem do Estado de Minas esteve na rede de farmácias em que a funcionária reagiu à ação dos ladrões. Um gerente do estabelecimento afirmou que ela não dará entrevistas, mas que, por questão de segurança, será transferida para outra unidade. A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) também foi procurada para informar se há algum reforço na segurança, mas até o fechamento desta edição não se manifestou.


As farmácias e drogarias da capital não são as únicas que têm sido alvo de furtos e roubos. Ainda segundo a Sejusp, em 2025, até setembro, foram feitos 384 registros de roubo a estabelecimentos comerciais. Apesar disso, houve uma queda em relação aos últimos anos. César Albuquerque, diretor do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Minas Gerais (Sindilojas-MG), prevê um aumento dos registros com a elevação do movimento para as compras de fim de ano.


Albuquerque afirma que a insegurança já está estabelecida em todos os setores da sociedade, não só no comércio. Ele explica que o Sindilojas e outras associações de comerciantes que atuam na capital, mantêm contato com as forças de segurança para reforçar a necessidade de policiamento.


Segundo o diretor, os maiores registros são de pequenos furtos. Apesar disso, há casos de pessoas que invadem imóveis e subtraem itens de maior valor, como ar-condicionados, equipamentos eletrônicos e fiações. “Muitas pessoas que participam desses furtos têm mais de 90 passagens pelo mesmo crime. Mas, como são delitos de menor impacto, continuam soltas”, diz César.

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Conforme a Sejusp, já foram catalogados 9.552 furtos em estabelecimentos comerciais. Os registros também tiveram queda na comparação com anos anteriores. Em 2024, foram 10.967. Em 2023, 11.792. “Existe por parte das entidades um constante intercâmbio entre os comerciantes, a Polícia Militar e a Guarda Municipal. Fazemos essa troca de mensagens e informações que visam melhorar a segurança”, afirma o diretor.


Para Albuquerque, é preciso que os empresários também invistam em segurança privada e acionem a polícia imediatamente caso percebam movimentações suspeitas. (Com informações de Wellington Barbosa e Júlia Melgaço, estagiária sob supervisão da subeditora Rachel Botelho) 

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